06 dezembro 2010

PARECER DA VEJA SOBRE ATAQUES AO MACKENZIE E AO CHANCELER

22/11/2010 às 6:45
O AI-5 GAY JÁ COMEÇA A SATANIZAR PESSOAS; SE APROVADO, VAI PROVOCAR O CONTRÁRIO DO QUE PRETENDE: ACABARÁ ISOLANDO OS GAYS

O reverendo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler a Universidade Mackenzie — homem inteligente, capaz, disciplinado na sua fé e respeitador das leis do país; sim, eu o conheço — está sendo alvo de uma violenta campanha de difamação na Internet. Na próxima quarta, grupos gays anunciam um protesto nas imediações da universidade que ele dirige com zelo exemplar. Por quê? Ele teve a “ousadia”, vejam só, de publicar, num cantinho que lhe cabe no site da instituição trecho de uma resolução da Igreja Presbiteriana do Brasil contra a descriminação do aborto e contra aprovação do PL 122/2006 — a tal lei que criminaliza a homofobia (aqui). O texto nem era seu, mas do reverendo Roberto Brasileiro, presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. A íntegra do documento está aqui. Pode-se ler lá o que segue:
“Quanto à chamada Lei da Homofobia, que parte do princípio que toda manifestação contrária à homossexualidade é homofóbica (…), a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre a homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos”.

Respondam: o que há de errado ou discriminatório nesse texto? A PL 122 nem foi aprovada ainda, e as perseguições já começaram. Vamos tornar ainda mais séria essa conversa. Há gente que gosta das soluções simples e erradas para problemas difíceis. Eu estou aqui para mostrar que há coisas que, simples na aparência, são muito complicadas na essência. Afirmei certa feita que o verdadeiro negro do mundo era o branco, pobre, heterossexual e católico. Era um exagero, claro!, uma expressão de mordacidade. A minha ironia começa a se transformar numa referência da realidade. A PL 122 é flagrantemente inconstitucional; provocará, se aprovada, efeitos contrários àqueles pretendidos e agride a liberdade religiosa. É simples assim. Mas vamos por partes, complicando sempre, como anunciei.

Homofóbico?
Repudio o pensamento politicamente correto, porque burro, e o pensamento nem-nem — aquele da turma do “nem isso nem aquilo”. Não raro, é coisa de covardes, de quem quer ficar em cima do muro. Procuro ser claro sobre qualquer assunto. Leitores habituais deste blog já me deram algumas bordoadas porque não vejo nada de mal, por exemplo, na união civil de homossexuais — que não é “casamento”. Alguns diriam que penso coisa ainda “pior”: se tiverem condições materiais e psicológicas para tanto, e não havendo heterossexuais que o façam, acho aceitável que gays adotem crianças. Minhas opiniões nascem da convicção, que considero cientificamente embasada, de que “homossexualidade não pega”, isto é, nem é transmissível nem é “curável”. Não sendo uma “opção” (se fosse, todos escolheriam ser héteros), tampouco é uma doença. Mais: não me parece que a promiscuidade seja apanágio dos gays, em que pese a face visível de certas correntes contribuir para a má fama do conjunto.

“Que diabo de católico é você?”, podem indagar alguns. Um católico disciplinado. É o que eu penso, mas respeito e compreendo a posição da minha igreja. Tampouco acho que ela deva ficar mudando de idéia ao sabor da pressão deste ou daqueles grupos católicos. Disciplina e hierarquia são libertadoras e garantem o que tem de ser preservado. Não tentem ensinar a Igreja Católica a sobreviver. Ela sabe como fazer. Outra hora volto a esse particular. Não destaco as minhas opiniões “polêmicas” para evitar que me rotulem disso ou daquilo. Eu estou me lixando para o que pensam a meu respeito. Escrevo o que acho que tem de ser escrito.

Aberração e militância
Ter tais opiniões não me impede de considerar que o tal PL 122 é uma aberração, que busca criar uma categoria especial de pessoas. E aqui cabe uma pequena história. Tudo começou com o Projeto de Lei nº 5003/2001, na Câmara, de autoria da deputada Iara Bernardes, do PT. Ele alterava a Lei nº 7716, de 1989, que pune preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional (íntegra aqui) acrescentando ao texto a chamada discriminação de gênero. Para amenizar o caráter de “pogrom gay”, o senador Marcelo Crivella acrescentou também a discriminação contra idoso e contra deficientes como passível de punição. Só acrescentou absurdos novos.

Antes que me atenha a eles, algumas outras considerações. À esteira do ataque contra três rapazes perpetrados por cinco delinqüentes na Avenida Paulista, que deveriam estar recolhidos (já escrevi a respeito), grupos gays se manifestaram. E voltou a circular a tal informação de que o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo. É mesmo? Este também é um dos países que mais matam heterossexuais no mundo!!! São 50 mil assassinatos por ano. Se os gays catalogados não chegam a 200 — e digamos que eles sejam 5% da população; há quem fale em 9%; não importa —, há certamente subnotificação, certo? “Ah, mas estamos falando dos crimes da homofobia…” Sei. Michês que matam seus clientes são ou não considerados “gays”? Há crimes que não estão associados à “orientação sexual” ou à “identidade de gênero”, mas a um modo de vida. Cumpre não mistificar. Mas vamos ao tal PL.

Disparates
A Lei nº 7716 é uma lei contra o racismo. Sexualidade, agora, é raça? Ora, nem a raça é “raça”, não é mesmo? Salvo melhor juízo, somos todos da “raça humana”. O racismo é um crime imprescritível e inafiançável, e entrariam nessa categoria os cometidos contra “gênero, orientação sexual e identidade de gênero.” Que diabo vem a ser “identidade de gênero”. Suponho que é o homem que se identifica como mulher e também o contrário. Ok. A lei não proíbe ninguém de se transvestir. Mas vamos seguir então.

Leiam um trecho do PL 122:
Art. 4º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescida do seguinte Art. 4º-A:
“Art. 4º-A Praticar o empregador ou seu preposto atos de dispensa direta ou indireta: Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)anos.”

Art. 5º Os arts. 5º, 6º e 7º da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1999, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 5º Impedir, recusar ou proibir o ingresso ou a permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, aberto ao público: Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos.”

Para demitir um homossexual, um empregador terá de pensar duas vezes. E cinco para contratar — caso essa homossexualidade seja aparente. Por quê? Ora, fica decretado que todos os gays são competentes. Aliás, na forma como está a lei, só mesmo os brancos, machos, heterossexuais e eventualmente cristãos não terão a que recorrer em caso de dispensa. Jamais poderão dizer: “Pô, fui demitido só porque sou hétero e branco! Quanta injustiça!”. O corolário óbvio dessa lei será, então, a imposição posterior de uma cota de “gênero”, “orientação” e “identidade” nas empresas. Avancemos.

“Art. 6º Recusar, negar, impedir, preterir, prejudicar, retardar ou excluir, em qualquer sistema de seleção educacional, recrutamento ou promoção funcional ou profissional: Pena - reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. ”
Cristãos, muçulmanos, judeus etc têm as suas escolas infantis, por exemplo. Sejamos óbvios, claros, práticos: terão de ignorar o que pensam a respeito da homossexualidade, da “orientação sexual” ou da “identidade de gênero” — e a Constituição lhes assegura a liberdade religiosa — e contratar, por exemplo, alguém que, sendo João, se identifique como Joana? Ou isso ou cana?

Art. 7º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida dos seguintes art. 8º-A e 8º-B:
“Art. 8º-B Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs: Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.”
Pastores, padres, rabinos etc. estariam impedidos de coibir a manifestação de “afetividade”, ainda que os fundamentos de sua religião a condenem. O PL 122 não apenas iguala a orientação sexual a raça como também declara nulos alguns fundamentos religiosos. É o fim da picada! Aliás, dada a redação, estaríamos diante de uma situação interessante: o homossexual reprimido por um pastor, por exemplo, acusaria o religioso de homofobia, e o religioso acusaria o homossexual de discriminação religiosa, já que estaria impedido de dizer o que pensa. Um confronto de idéias e posturas que poderia ser exercido em liberdade acaba na cadeia. Mas o Ai-5 mesmo vem agora:

“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero:
§ 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.”
Não há meio-termo: uma simples pregação contra a prática homossexual pode mandar um religioso para a cadeia: crime inafiançável e imprescritível. Se for servidor público, perderá o cargo. Não poderá fazer contratos com órgãos oficiais ou fundações, pagará multa… Enfim, sua vida estará desgraçada para sempre. Afinal, alguém sempre poderá alegar que um simples sermão o expôs a uma situação “psicologicamente vexatória”. A lei é explícita: um “processo administrativo e penal terá início”, entre outras situações, se houver um simples “comunicado de organizações não governamentais de defesa da cidadania e direitos humanos.” Não precisa nem ser o “ofendido” a reclamar: basta que uma ONG tome as suas dores.

A PL 122 institui o estado policial gay! E o chanceler no Mackenzie, Augustus Nicodemus Lopes, já é alvo dessa patrulha antes mesmo de essa lei ser aprovada.

O que querem os proponentes dessa aberração? Proteger os gays? Não há o risco de que aconteça o contrário? A simples altercação com um homossexual, por motivo absolutamente alheio à sua sexualidade, poderia expor um indivíduo qualquer a um risco considerável. Se o sujeito — no caso, o gay — for honesto, bem: não vai apelar à sua condição de “minoria especialmente protegida”; se desonesto — e os há, não? —, pode decidir infernizar a vida do outro. Assim, haverá certamente quem considere que o melhor é se resguardar. É possível que os empregadores se protejam de futuros dissabores, preferindo não arriscar. Esse PL empurra os gays de volta para o gueto.

Linchamento moral
O PL 122 é uma aberração jurídica, viola a liberdade religiosa e cria uma categoria de indivíduos especiais. À diferença de suas “boas intenções”, pode é contribuir para a discriminação, à medida que transforma os gays numa espécie de “perigo legal”. Os homossexuais nunca tiveram tanta visibilidade. Um gay assumido venceu, por exemplo, uma das jornadas do BBB. Cito o caso porque houve ampla votação popular. A “causa” está nas novelas. Programas de TV exibem abertamente o “beijo gay”. Existe preconceito? Certamente! Mas não será vencido com uma lei que acirra as contradições e as diferenças em vez de apontar para um pacto civilizado de convivência. Segundo as regras da democracia, há, sim, quem não goste dessa exposição e se mobiliza contra ela. É do jogo.

Ninguém precisa de uma “lei” especial para punir aqueles delinqüentes da Paulista. Eles não estão fora da cadeia (ou da Fundação Casa) porque são heterossexuais, e sua vítima, homossexual. A questão, nesse caso, infelizmente, é muito mais profunda e diz muito mais sobre o Brasil profundo: estão soltos por causa de um preconceito social. Os homossexuais que foram protestar na Paulista movidos pela causa da “orientação sexual” reduziram a gravidade do problema.

Um bom caminho para a liberdade é não linchar nem física nem moralmente aqueles de quem não gostamos ou com quem não concordamos. Seria conveniente que os grupos gays parassem de quebrar lâmpadas na cabeça de Augustus Nicodemus Lopes, o chanceler do Mackenzie. E que não colocassem com tanta vontade uma corda no próprio pescoço sob o pretexto de se proteger. Mas como iluminar minimamente a mentalidade de quem troca o pensamento pela militância?

Quando trato de temas como esse, petralhas costumam invadir o blog com grosserias homofóbicas na esperança de que sejam publicadas para que possam, depois, sair satanizando o blog por aí. Aviso: a tática é inútil. Não serão! Este blog é contra o PL 122 porque preza os valores universais da democracia, que protegem até os que não são gays…

Por Reinaldo Azevedo

03 dezembro 2010

QUANDO COMEÇAM AS MUDANÇAS

“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” Lc. 15:17

Todos concordamos que, embora tenhamos várias qualidades, também cometemos muitos erros decorrentes da nossa imperfeição e da velha natureza que habita em nós.

Diante deste fato, é oportuno perguntar por que, embora haja reconhecimento, nem sempre há esforço ou mesmo disposição para experimentar algum tipo de mudança a fim de fazer com que nossas falhas sejam suplantadas por nossos acertos e por qualidades que resultam do crescimento espiritual ao qual devemos estar continuamente submetidos.

A questão aponta, sem qualquer sombra de dúvidas, para um passo simples mas, determinante para que se dê início a este processo de transformação que trará resultados extraordinários na vida de quantos não hesitarem em dá-lo.

Esta foi a realidade apresentada por Jesus na parábola do filho pródigo, cujo desfecho já é conhecido por uma grande maioria de nós, ou seja, depois de lançar-se a um estado extremamente deprimente, aquele filho precisava confrontar-se consigo mesmo, dando este passo importante para irromper-se num processo de sucessivas mudanças.

Embora muitos digam diversas coisas a nosso respeito, em muitos casos, destacando nossas falhas, as quais encontram amparo escriturístico, não é comum ter humildade suficiente para admitir os próprios erros e, então, ao contrário daquele início magnífico de mudança, experimenta-se a continuidade de uma condição triste, de limitações intermináveis e, dentre outras coisas, uma postura de defesa por meio do ataque às falhas alheias, fugindo da própria realidade.

Portanto, embora pareça difícil, basta um reconhecimento e a disposição em reverter o quadro, independente de quanto tempo já tenha passado de uma insensibilidade incontida. A oportunidade está diante do ser arrependido e muitas outras surgirão, na medida em que esta sensibilidade se tornar uma constante na vida, caracterizando um início e, ao mesmo tempo, um progresso contínuo de grandes melhoras na vida cristã.

Que jamais nos envergonhemos de admitir nossos próprios erros, na mesma medida em que nos dispomos a corrigí-los.

Rev. Marcos Martins Dias

19 novembro 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.



Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).



Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.



Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 [LINK http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808] e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.



Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.

Para ampla divulgação.

10 novembro 2010

O HOMEM QUE CONFIA NO HOMEM

“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” Jr. 17:5

Entramos em uma nova fase relativa ao contexto político do nosso País e há grandes e muitas expectativas quanto ao futuro que nos aguarda nos próximos anos.

Acompanhamos com profundo interesse o desfecho da última eleição, sabendo que os governantes exercem um papel de extrema importância na vida dos que são governados por eles.

Embora a situação descrita pelo profeta Jeremias não tenha qualquer relação com as eleições a que nos referimos, o texto retrata o poder opressor imposto aos israelitas como resultado de sua franca desobediência à vontade de Deus, onde o ser humano é alvo da tirania imposta pelo próprio ser humano, ainda que servindo como “vara de disciplina” para colocar o povo no rumo certo, orientado pela Lei divina.

Neste contexto são inseridas as figuras dos falsos deuses, seus fazedores e adoradores em contraposição ao verdadeiro Deus e à necessidade de sujeição ao Seu governo.

Embora seja lamentável e, guardando as devidas proporções, vivemos dias em que situações semelhantes são experimentadas ao nosso redor, em nossas cidades, estados e país.

O ser humano oprime seu semelhante, cria seus deuses, legisla à revelia das determinações divinas e, com isto, incorre nas mesmas condições registradas por Neemias, deixando de confiar em Deus e qualificado, por seus atos, como “maldito” por fazer da “carne” o seu braço forte.

É preciso saber o que estamos dispostos a fazer para não nos enquadrarmos nesta terrível condição não apenas no contexto político, mas também no contexto eclesiástico, onde, por vezes, a confiança devida a Deus é direcionada para outros elementos, inclusive personalidades humanas, como se fossem estes os responsáveis por sustentar, dirigir, determinar os rumos que nossas vidas hão de seguir.

Roguemos a Deus a sabedoria necessária para jamais substituir o espaço exclusivamente Seu por nossas preferências resultantes da ausência de fé e impulsionadas pela fraqueza humana.

Rev. Marcos Martins Dias

14 outubro 2010

MAIS QUE VENCEDORES

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” Rm. 8:37

A história da vida de cada um de nós apresenta múltiplas experiências, dentre as quais se incluem as que desejamos lembrar e, se possível, reviver. Por outro lado, há muitas outras que gostaríamos de esquecer. Penso que as indesejáveis são mais numerosas do que as que continuam promovendo alegrias constantes em nosso coração.

Ao fazer esta avaliação a fim de qualificar a proporção de vitórias ou derrotas sofridas por nós, não será nenhuma surpresa se constatarmos que é mais comum perder do que ganhar nesta vida.
Na realidade, de algum modo, este é um princípio estabelecido pelo Senhor Jesus quando disse: “Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lc. 9:24).

A questão que pode ser levantada diz respeito a conciliar nossas perdas com a clássica afirmação do apóstolo Paulo destacada acima, onde ele diz que “somos mais que vencedores”.

É como se estivéssemos diante de um sério conflito, um paradoxo, uma situação que a mente humana se vê incapaz de compreender. Entretanto, as colocações de Paulo, em nenhuma hipótese, desconsideram as perdas sofridas no mundo. Basta dar uma olhada no contexto em que a frase está inserida e verificar-se-á que suas palavras se contrapõem aos múltiplos sofrimentos que afligem o cristão ao longo de sua vida, ou seja, não se deve utilizar os ganhos e perdas do mundo para saber onde nos encaixamos. A resposta já está dada. Somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.

Isto satisfaz o seu coração? O conflito aumenta ao ver que suas lutas não o conduzem a grandes resultados? Ainda há dúvidas sobre ser ou não um legítimo vencedor? Então, é preciso penetrar o mais íntimo da nossa alma e verificar onde, de fato, nosso coração está posto. Porque, todo aquele que mantém os olhos fixos em Cristo, não vive descontente, não se entrega às derrotas do mundo, não questiona quando é provado por Deus e nem se ensoberbece quando os seus “celeiros e lagares” transbordam pela fartura que experimenta. Seu julgamento não se baseia na transitoriedade. Ele sabe que é mais que vencedor porque é herdeiro de algo incomparavelmente mais elevado do que tudo o que o seu coração é capaz de conhecer.

Deste modo, sempre será oportuno rogar a Deus a mesma maturidade demonstrada pelo apóstolo, a fim de nos firmarmos na certeza de que, independente do que se passa conosco, somos e sempre seremos mais que vencedores.

Que o Senhor nos ajude a avançar nesta maturidade.

Rev. Marcos Martins Dias

30 setembro 2010

AMOR AO PAÍS OU A SI MESMO?

“O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” Mc 12:31

Estamos diante de uma situação que se repete cada vez que precisamos nos dirigir às urnas para eleger nossos representantes políticos em várias instâncias governamentais.

O grande dilema que penso existir está para o significado do termo “representantes” quanto aos interesses relacionados ao termo, os quais se manifestam ao longo do exercício de mandatos dos respectivos eleitos, ou seja, mesmo que algo seja feito em prol da sociedade, geralmente, uma grande insatisfação e sentimento de frustração surgem ao perceber que a prioridade praticada nos variados escalões políticos está voltada para os eleitos e não para o País que se comprometeram a servir.

Não é de se admirar que tal prática se evidencie continuamente sem que a sociedade consiga reverter o quadro; afinal, observo e percebo que estamos em extrema desarmonia com o que nos é dito no Sl. 33.12, onde lemos: Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança.

Deste modo, ainda que ouçamos repetidamente de muitos candidatos que o seu propósito é servir ao seu país, sabemos que o único modo de fazer disto uma realidade é pondo em prática o princípio do amor ao próximo; todavia, o amor próprio se caracteriza durante e depois de certas gestões catastróficas marcadas por uma corrupção crescente, por enriquecimentos ilícitos, por favorecimentos próprios, por grande descaso em relação ao povo, o qual constitui-se o maior prejudicado perante estas contínuas e descaradas transgressões e afrontas contra Deus e contra o próximo.

Certamente não é difícil chegar a estas conclusões. A grande questão está para a solução de algo tão complexo e que, mesmo perante as ênfases de que tudo se resolve nas urnas, a realidade mostra que o voto é apenas um pequeno passo. A ética que se segue, esta sim, nos dá uma noção dos rumos que estamos por tomar.

Perante esta constrangedora constatação, é preciso se dirigir às urnas com temor e tremor. É preciso pensar na responsabilidade e não apenas no privilégio que o voto pode representar. É preciso estar consciente de que mais importante que depositar crédito no que determinado candidato afirma é certificar-se do caráter que ele demonstra, avaliando seu passado e conseguindo atravessar a máscara do discurso demagogo e identificar os que vivem para servir o
País e os que são senhores de si mesmos.

Peçamos a Deus este discernimento a fim de não sermos alvos de atitudes descuidadas e de votos desprovidos do mesmo critério que rege nossa conduta, ou seja, utilizando-nos das Escrituras como lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos, inclusive nestas épocas de eleições.

Rev. Marcos Martins Dias

31 agosto 2010

NOSSA PROVA DE AMOR

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” I Jo. 4. 29


Dentre todas as virtudes que acompanham a vida cristã, o amor ocupa um lugar de proeminência considerando que ele é a causa de nossa salvação e também o motivo que nos leva a servir a Deus. E, mesmo não podendo vê-lo, tocá-lo e, de algum modo, até mesmo senti-lo dentro de uma perspectiva circunstancial, considerando que nossas emoções são muito instáveis, nós sabemos que ele está lá. Nós o temos. Não hesitamos em responder quando procuram saber se há amor em nós.

Mas, por melhores e por mais fortes que sejam nossos argumentos, podemos não convencer. Afinal, o amor se demonstra. E há muitas maneiras de se fazer isto no relacionamento que desenvolvemos uns com os outros. São formas naturais que acontecem sem que haja qualquer tipo de pressão, de cobrança, de tratamento em forma de barganha. Ele é espontâneo e incondicional. Aponta para os amigos e para os inimigos.

Nesse caso, mesmo pensando que jamais seríamos capazes de odiar alguém, podemos ser apanhados de surpresa quando submetidos a alguma prova de amor. Isto porque não há como assumir uma condição de neutralidade nesta questão. Aqui não há lugar para a indiferença, para certas preferências, para as escolhas que fazemos das pessoas com quem queremos nos relacionar e tratar bem. O irmão mencionado no texto em destaque é aquele que comunga da mesma fé que eu. Que confessa a Cristo como seu Senhor, que participa da Ceia comigo, que se assenta para cultuar a Deus e, dentre outras coisas, é parte do mesmo Organismo vivo que é a Igreja.

Eu, provavelmente, daria voltas, procuraria outros termos mas, o apóstolo João vai direto ao assunto mostra que esta é uma grande prova de que amamos a Deus, isto é, se amamos o nosso irmão.

Creio que dá até pra sentir o aperto no coração só de lembrar que, inconscientemente, temos caminhado, por vezes, escudados no pretexto de que Jesus teve, dentre os doze, três que Lhe foram mais próximos, procurando, com isto justificar as nossas preferências, quando o mandamento é tão claro como a luz do sol. É tão abrangente que, seu verdadeiro teste, inclui tratar o inimigo exatamente como Deus nos tratou quando ainda estávamos perdidos e desinteressados pelo Evangelho.

Entretanto ainda não é tarde. Enquanto houver vida, haverá chance para começar a amar. E esta sempre será a nossa grande prova de amor para com Deus: amar ao nosso irmão, incondicional e continuamente.

Certifiquemo-nos de que temos sido aprovados em mais esta grande prova.

Rev. Marcos Martins Dias

12 agosto 2010

CADA UM COM OS SEUS PROBLEMAS

“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”
Gl. 6.2


Desde que nossos primeiros pais caíram o egocentrismo e o egoísmo se tornaram características principais do caráter humano. A partir daí, passou a vigorar o princípio que originou o velho adágio “cada um por si e Deus pra todos”. A solidariedade, a preocupação com o semelhante, com os seus problemas, suas lutas, suas dificuldades, tornou-se algo incomum, resgatado apenas com o surgimento de uma nova natureza, como fruto de uma legítima conversão a Cristo Jesus.

Certamente, se parássemos para enumerar os nossos próprios problemas, faríamos uma lista grande ou pequena e complicada. Agora, imagine-se pensando nos problemas das outras pessoas com o propósito de buscar um modo de poder ajudá-las a enfrentá-los e a vencê-los. Alguns diriam: “é muito para a minha cabeça”.

Parece contraditório encontrar no mesmo capítulo o seguinte texto: “Porque cada um levará o seu próprio fardo.” (vs. 5); entretanto, basta que se dê seguimento à leitura e verificar-se-á que há frutos de sementes que lançamos e que somente nós podemos colher e, ainda assim, o princípio de “levar as cargas uns dos outros” é válido; pois, pode tornar o sofrimento do outro muito mais ameno sem, com isto, tirar dele a responsabilidade de colher o fruto do que plantou.

Assim, voltamos à realidade tão comum ao ser humano decaído, ou seja, pensar em si e ocupar-se com seus problemas, esperando que os outros “se virem” e resolvam suas próprias dificuldades.
Obviamente que se Deus tivesse pensado desta forma, estaríamos todos perdidos porque Ele jamais precisou de salvação, de resgate, de ser livre de condenação; mesmo assim, desceu até nós, Se humilhou, entregou-Se para morrer na cruz e, com isto, nos deu vida, levando sobre Ele todo o nosso fardo, sendo ferido pelas nossas enfermidades e pelos nossos pecados.

Assim, Ele nos deu o exemplo, nos ensinando que não há compreensão do Evangelho se não há altruísmo, aquele doar-se em favor de alguém, intercedendo por ele, visitando-o, chorando com ele, auxiliando-o em sua árdua tarefa de carregar as suas cargas.

Você já pensou em quantas pessoas têm dividido com você os seus pesos? Já parou pra pensar em como você tem se preocupado com as dificuldades dos outros? Tem se ocupado em buscar formar para auxiliá-las na solução de seus problemas? Tem, mesmo, buscado carregar as cargas dos outros?
Precisamos nos ocupar com mais esta reflexão e tomar atitudes que comprovem o quanto assimilamos o ensino que nos move a estar sensibilizados pelas dificuldades alheias e a nos dar em favor delas.

Rev. Marcos Martins Dias

02 agosto 2010

NOSSA SEGUNDA FILHA

ELE TEM CUIDADO DE VÓS

"Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós." I Pedro 5 : 7

Há muitas situações em nossa vida onde parece que estamos entregues ao acaso, numa trajetória onde o futuro é incerto e a nossa inclinação pende mais para uma visão pessimista do que para portas que poderão se abrir, soluções que poderão surgir, vitórias e conquistas maiores do que as que desejamos, esperamos e lutamos para atingir.

Nos empenhamos de tal maneira que envidamos grandes esforços para cuidar de nós mesmos, correndo sério risco de nos esquecermos o quanto Deus está ocupado em tratar de cada um dos nossos assuntos pessoais.

Parece muito fácil dizer estas coisas com o propósito de encorajar-nos em situações onde não parece haver qualquer esperança; entretanto, não é em vão que a Escritura afirma que devemos viver por fé e sem fé é impossível agradar a Deus. Assim, embora as palavras de encorajamento sejam realmente relativamente fáceis de serem ditas, colocá-las em prática é outra história. Porque o exercício da fé é extremamente desafiador.

O que fazer quando nos vemos nesta terrível encruzilhada? Cremos em Deus, sabemos que Ele é capaz de fazer o impossível mas, ao mesmo tempo, nos vemos entre um emaranhado de problemas que parecem nunca terminar? Deus não sabe a respeito das coisas que eu estou enfrentando?
A Bíblia não somente diz que Ele sabe, como diz ainda que Ele cuida de nós. Ela também nos exorta a lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade.

Não há outro modo de compreender as constantes inquietações e preocupações que rondam a nossa porta a não ser estando conscientes que trata-se de uma questão de fé somente. Este é o grande ponto em questão. Precisamos aprender a exercitar a nossa fé, parar de perguntar a Deus acerca dos Seus motivos, parar de tentar entendê-los e, simplesmente “lançar sobre Ele a nossa ansiedade”.

Fazendo isto, não somente teremos paz no coração, como estaremos dando provas suficientes de que nossa relação com Deus não é algo superficial. Pelo contrário, a sua intensidade vai muito além daquela que desenvolvemos com o nosso semelhante. Ele não nos fornece uma falsa segurança, uma esperança que se frustra, não nos dá nada esperando algo em troca, não nos deixa sozinhos quando todos nos abandonam. Ele cuida de nós. Ele promete dar estrutura para atravessar vales sombrios, modifica nosso modo de compreender a vida e nos eleva a um nível bem mais elevado que nossos “grandes problemas”.

Jamais nos esqueçamos que, ainda que sejamos relutantes frente às nossas adversidades, Ele permanece cuidando, carinhosamente, de nós.

Rev. Marcos Martins Dias

13 abril 2010

ENFRENTE SEUS DESEJOS

“Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e sim o que detesto” Rm. 7. 14


É possível imaginar o grande desconforto que o apóstolo Paulo sofria ao confrontar a si mesmo, suas intenções e atitudes com o que é reprovado pela Lei. Entretanto, em lugar de se utilizar desta realidade para atenuar o estado de sua natureza, além de enobrecer e enfatizar que a Lei é boa, também reafirma a gravidade do pecado.

O assunto não é posto de modo que o leitor não encontre alguma saída. Na realidade, o texto também mostra a importância de Cristo neste quadro preocupante, de modo que, se a Lei aponta os grandes estragos provocados pelo pecado, uma vez confrontado com os desejos do coração, constata-se a grande coragem do apóstolo em admitir suas fraquezas e nota-se o tom de pesar por tratar-se de uma realidade inevitável e que não pode ser resolvida pelos esforços humanos sem a indispensável ação do Espírito Santo.

Embora muitos de sua época vivessem uma religiosidade superficial, inclusive aproveitando-se de seu caráter nobre para humilhar aquele que sempre se encontrava prostrado reverentemente perante Deus numa constante busca por misericórdia, Paulo compreende que o caminho para reverter este estado de pecado é começando por admití-lo e confrontá-lo, reconhecendo que o homem natural com seus desejos, suas inclinações, é um terrível inimigo que jamais deve ser ignorado.

Assim, no decorrer da história, percebemos o modo como, ao contrário de Paulo, tem sido tão comum evitar um “olhar para si mesmo”, uma consideração de nossa natureza à luz da Lei para que, cônscios de nossas más inclinações, busquemos socorro na única alternativa disponibilizada por Deus, na Pessoa de Jesus Cristo.

O problema se agrava conforme nos negamos a enfrentar nós mesmos, preferindo enaltecer nossas eventuais qualidades e cobrir a vergonhosa natureza pecaminosa que habita em nós, cujos desejos, intenções e práticas permanecem arremetendo muitos àquele estado de religiosidade superficial, perigosa e condenatória.

É preciso, urgentemente, fazer a leitura adequada dos preceitos de Deus, admitir que não reunimos qualquer condição natural para obedecê-los e, ao mesmo tempo, enfrentar nossos erros com o rigor que se requer, considerando que, inexorável e impiedosamente, o pecado tem consumido a muitos desde o recôndito da alma até os comportamentos mais simples que se percebem e, para os quais, muitas vezes não encontramos alguma solução, alguma resposta.

A honestidade do cristão não se avalia apenas por meio de coisas que o incrédulo também é capaz de fazer mas, pela atitude de olhar sempre para si mesmo com prioridade e preocupação, quando os holofotes da Lei estão apontados para ele e revelam os detalhes das consequências geradas pelo pecado e que permanecem sendo um entrave para progredir em seu crescimento espiritual.

Que encontremos em Cristo, nosso Senhor, a força necessária para, depois de admitir o mal que ainda habita em nós, lutar corajosamente para que alcancemos a estatura proposta para todos quantos estão sendo preparados para a vida eterna.

Rev. Marcos Martins Dias

26 março 2010

IMPERCEPTIVELMENTE AMORDAÇADOS

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” Dt. 6. 6 e 7

Este claro mandamento dado a Moisés tinha por objetivo manter o Povo de Deus amparado por diretrizes que lhes promoveriam condições totalmente favoráveis para viverem em paz e harmonia na terra que estavam para habitar.

Obviamente que, embora a ordem não tenha sido dada a todo o povo reunido, cada família seria o ponto inicial para se alcançar o objetivo; portanto, nada mais apropriado do que enfatizar a importância de se ensinar a Lei divina aos filhos, dela falando assentado em casa, andando pelo caminho, ao deitar e ao levantar. Nada mais apropriado do que fazer dela o assunto mais importante no diálogo familiar. Nada mais importante do que saber que de tudo o que se deveria aprender, os mandamentos do Senhor sempre deveriam ocupar um lugar de primazia.

Certamente houve quem tratasse com muita seriedade estas questões e que jamais se deixassem amordaçar por quaisquer outros compromissos, certas prioridades, necessidades ou interesses de outra natureza qualquer. Como resultado disto, sem sombra de dúvidas, desfrutaram dos incontáveis benefícios de estarem sujeitos às orientações dadas por Deus, sólido fundamento para o indivíduo, para sua família e para toda a sociedade.

O mesmo não se pode dizer quanto à realidade dos nossos dias. Não é especulação. É uma simples constatação. Embora a ordem seja a mesma, parece muito mais difícil assentar-se em família para falar sobre os mandamentos de Deus. Há muito assunto para os momentos de passeio, de andar juntos pelas ruas da cidade, no interior do automóvel mas, nem sempre há assunto suficiente para refletir sobre a Palavra de Deus e, talvez com menos gravidade, é possível que alguns ainda encontrem algum tempo para se aplicar à leitura bíblica, à oração, a entoar um cântico de louvor, naquele delicioso momento em que todos se preparam para se deitar.

Não tenho qualquer dúvida dos incontáveis desequilíbrios que têm sido desencadeados por uma imperceptível mordaça que está presa aos lábios de muitos que, no coração, confessam a Cristo como Senhor. Lábios amordaçados, silenciosos quando o assunto tem a ver com os mandamentos de Deus; por outro lado, lábios apressados para iniciar uma discussão, para falar de futebol, da vida alheia, para confidenciar assuntos a estranhos quando deveriam ser compartilhados com a família, ambiente onde estão presentes aqueles que amamos e por quem somos amados.

Sabemos qual é o caminho para reverter qualquer situação que se encaixe neste triste perfil. É preciso receber o mandamento dado a Moisés como sendo direcionado para nós mesmos e tomar uma atitude, mudando desde já tudo o que, eventualmente, encontra-se fora de lugar.

Que o Senhor nos dê sabedoria para tornar a vida melhor, seja para nós, para nossa família, para nossa sociedade, considerando atentamente a importância de se praticar a Sua vontade.

Rev. Marcos Martins Dias

06 março 2010

FAÇA O QUE EU MANDO

“Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.” MT. 23. 4

Os judeus foram muito oprimidos por seus líderes religiosos naquele período em que o Messias ainda estava por Se manifestar. A Lei havia sido interpretada de um modo extremamente deturpado, outros elementos foram agregados à ela, tinham uma vida moral e espiritual incompatível com o que ensinavam e, dentre outras coisas, ordenavam que se cumprissem certos rituais e que se aderissem certos costumes que eles mesmos não tinham qualquer preocupação em observar.

Jesus, entretanto, os desmascara continuamente, reprovando atitudes tão vis, dando o verdadeiro significado que a Lei deveria receber, conscientizando sobre a impossibilidade de observar qualquer mandamento sem considerar Sua obra mediadora, excluindo interpretações legalistas totalmente estranhas ao ensino original, além de confrontá-los com seus próprios erros e anunciar sua iminente condenação, oferecendo à igreja o “jugo suave o fardo leve”.

Certamente o preço pago por isso foi muito alto; entretanto, Seus ensinos, Sua obra, a entrega total de Sua vida trouxeram a verdadeira liberdade ao Seu povo.
Passaram-se os anos e, conscientemente ou não, aquela liderança medíocre, hipócrita, limitada, ignorante, déspota, enganada por si mesma, prosseguiu fazendo seus discípulos, na medida em que contribuiu para que surgissem tantos outros parecidos com eles, ensinando, se impondo, deturpando as Escrituras, estabelecendo normas que valem apenas para os outros e não para si mesmos, exercendo uma liderança que lança um jugo pesado sobre os outros ao mesmo tempo em que os poupa de abraçarem o mesmo compromisso de se sujeitarem às regras e leis que defendem, demonstrando que o valor do que deve ser feito aplica-se apenas aos que estão debaixo de sua liderança.

Guardando as devidas proporções, nos vemos diante de inúmeras circunstâncias onde pessoas são postas em posição de liderança e confundem o seu papel tanto em relação a Deus quanto em relação àqueles que lhes são confiados, ou seja, assumem autonomamente a condição de colocar em prática o velho adágio do “faça o que eu mando mas, não faça o que eu faço”.

Não é, necessariamente, uma atitude perceptiva. É algo tão natural que, geralmente não se percebe. Sabe-se apenas que exige-se dos liderados submissão, obediência, observância do que se “determina” mas, em muitos casos não empregam o mesmo critério para si mesmos, ou seja, não demonstram disposição para oferecer o mesmo comportamento com relação aos que foram postos como líderes sobre eles, dando provas de sua total incapacidade para liderarem, considerando que se sentem à vontade para pastorearem a si mesmos, colocando fardos pesados sobre os ombros alheios que eles mesmos não são capazes de suportar.

Todos precisamos avaliar o modo como temos tratado questões desta natureza, lembrando que uma maneira de validar nossa autoridade é sujeitarmo-nos humildemente àqueles que foram designados para nos orientarem e liderarem. À parte disto, não se deve esperar bons resultados. A mesma reprovação feita por Jesus aos escribas e fariseus também vale para muitos em nossas igrejas.

Diante disto, pergunte-se sobre como você está e, cuide para que sua atitude em relação aos que lidera seja um reflexo do seu comportamento relativo aos que orientam sua vida cristã, a qual não apresenta qualquer dificuldade para fazer o que lhe é orientado.

Rev. Marcos Martins Dias

27 fevereiro 2010

QUANDO A TERRA SE ABRE

“..., a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Coré e todos os seus bens.” Nm. 16. 31 e 32

Uma das mais terríveis experiências já vividas pela humanidade ao longo da história tem sido a repentina ocorrência de certos tipos de terremotos, os quais geralmente provocam danos irreparáveis.

A última situação que ganhou destaque na mídia ocorreu no Haiti e levou o País a uma situação de calamidade. Um cenário que impressiona pelas ruínas que sobraram, pelas famílias desabrigadas, pelo número de mortos, o alto índice de pessoas mutiladas, saques, disputas por alimentos, medicamentos, pela fome, sede e tantas outras complicações que demandarão esforços sem precedentes e um tempo incalculável para que se faça uma reconstrução do que se perdeu.

Em ocasiões assim é muito comum ver a maneira desesperada como o povo clama por suas divindades, sem a mínima noção da verdadeira procedência de todo o mal a que foram submetidos e buscando uma explicação plausível para este fenômeno terrível causador de um verdadeiro pandemônio.

Não seria tão complicado encontrar as respostas que se procuram caso houvesse algum conhecimento sobre Deus, a Sua Criação, o modo como Ele a governa e de como Se utiliza dela para Se manifestar perante o quadro que tem contemplado cotidianamente.

No texto enfocado neste artigo, temos uma pequena demonstração desta divina providência que tem como propósito restabelecer a ordem, manter a justiça e corrigir o mal crescente entre os israelitas.

Está escrito e, deste modo, identifica-se claramente os fatores que levaram a terra a se abrir e servir de instrumento nas mãos de Deus contra o pecado e para lembrar o que é o ser humano e Quem detém o controle de todas as coisas em Suas mãos.

Embora muitos respirem aliviados por jamais terem conhecido de perto a terrível experiência de ver a terra se abrir debaixo de seus pés, há também aquele sentido figurado, onde as situações se comparam a um verdadeiro terremoto que abala toda a estrutura humana e faz com que muitos se sintam sem ter onde pisar.

Apesar disto, não significa que há temor, consciência de que Deus está agindo, que os estragos podem ser irreversíveis e, dentre tantas outras coisas, não há sensibilidade para enxergar o erro e as providências que precisam ser tomadas para resgatar o que ainda se pode recuperar.

É nosso dever enxergar além dos desastres naturais ocorridos na natureza. É preciso identificar outros tantos que parecem abalar nossa estrutura continuamente com algum propósito específico e para os quais somente Deus tem as respostas. Por isso mesmo, quando “a terra se abrir” debaixo de nós, nos asseguremos de estar certos quanto aos elementos que nos arremeteram a uma situação tão assustadora e busquemos os caminhos, as atitudes que converterão o caos de nossa vida no equilíbrio que somente Deus pode proporcionar.
Rev. Marcos Martins Dias

19 fevereiro 2010

O NOSSO EMBARAÇO

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,” Hb. 12. 1

Em outras reflexões já abordamos sobre a carreira que Deus propôs para cada um de nós e reiteramos o fato de não haver qualquer possibilidade de modificar aquilo que Ele já determinou, cabendo-nos zelar para trilhar voluntaria e alegremente toda a trajetória que ainda temos pela frente.

Neste artigo, volto a atenção para um dos grandes desafios da vida cristã, apesar de sua característica sutileza. Refiro-me ao peso que surge ao longo de todo o percurso e que precisa ser abandonado a fim de seguirmos adiante.

Note que ele não é menos ameaçador do que o pecado que, conforme está posto, “tenazmente nos assedia”. Na realidade, qualquer entrave na vida cristã se configura em pecado, posto que nos faz errar o alvo, retarda e compromete qualquer propósito em tratar com fidelidade e perseverança os desígnios de Deus.

Apesar de estar posto no mesmo nível que o pecado, é muito comum perceber como é fácil ficar embaraçado com determinadas coisas e situações, verdadeiros pesos tratados sem aquela seriedade com que se encara o pecado. Entretanto, eles requerem o mesmo cuidado, a mesma atenção, principalmente pelo modo sutil como provocam um estado de letargia e improdutividade na vida cristã.

Pessoas trabalhadoras, estudiosas, dedicadas à família e, dentre outras coisas, assoberbadas com muitas atividades eclesiásticas, encontram nestes elementos a justificativa para não disporem de tempo, condições, capacidade etc. para progredirem, avançando na carreira cristã.

De acordo com o texto, tudo o que representa um peso deve ser deixado. Logo, se fatores importantes como o trabalho, o estudo, a família e até certos acúmulos desnecessários ocasionados por algum tipo de ativismo religioso estão provocando embaraços para tanta gente, seria natural concluir que eles devem ser deixados. Por outro lado, seria insano concluir que esta é a única e melhor decisão a tomar. O que se deve fazer é acomodar cada área de nossa vida numa disposição que jamais represente um peso e crie embaraços durante o percurso.

É preciso dedicar muita atenção a isto, posto que não estamos lidando com algo claramente identificado e reprovado como pecado. Estamos falando de situações, pessoas e necessidades comuns a todos nós, as quais jamais deveriam servir como uma espécie de “escudo” para justificar a improdutividade, a inércia, o comodismo, a apatia e seus correlatos tão presentes na igreja hodierna.

Supliquemos a Deus que nos ajude a vivermos desembaraçados de qualquer tipo de peso, podendo avançar mais e mais na carreira que nos está proposta.

Rev. Marcos Martins Dias

12 fevereiro 2010

FALANDO GREGO

“para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles.” Mc. 4. 12


Quando estamos ocupados em dar orientações relativas ao modo como a vida cristã deve ser observada, geralmente, tratamos de vários assuntos desde os mais simples até os mais desafiadores, com a finalidade de levar o ouvinte a assimilar a importância de colocar em prática os ensinamentos bíblicos. Notadamente, a contínua inobservância do que Deus requer de Seus servos tem gerado um discurso tão repetitivo que é como se diz no popular: “estamos falando grego”.

É bastante curioso o fato de ver Cristo tratando este assunto de um modo bem diferenciado. Ele contou a parábola do semeador e, em resposta ao que os discípulos Lhe perguntaram, foi categórico em esclarecer que Seu objetivo não era facilitar para os ouvintes. Não era fazendo o que a maioria de nós, eventualmente, já fez, faz e ainda fará. Ele não popularizou, não empobreceu o Evangelho, não Se subjugou aos que se mostravam arrogantes, incautos, presunçosos, desinteressados e que se julgavam bons entendedores da Lei.

Jesus mostrou que, ao contrário do que pensavam acerca de si próprios, eles eram ignorantes, insensatos, escravos do pecado e lobos vestidos de ovelhas. Ao mesmo tempo, falava-lhes por parábolas e isto não facilitava muito as coisas.

Certamente isto não é uma apologia em favor de algum tipo de omissão quanto à necessidade de anunciar o Evangelho e quanto à necessidade que se tem de garantir que ele está sendo recebido como deveria, ainda que a resposta seja negativa.

O que se está enfatizando aqui é o modo como se tem falado insistentemente as mesmas verdades durante toda a existência da igreja e de como se contempla, estarrecidamente, um comportamento apático diante de exposições claras acerca da verdade, dos perigos que rondam a humanidade, da necessidade de se abandonar o pecado, de conhecer a Deus e a Sua vontade etc. É como se estivéssemos “falando grego”. Afinal, em que proporção nossos ouvintes tem mudado na medida em que recebem a Escritura?

Apesar da aparente contradição, a realidade entre o texto destacado e os fatos comprovados é a mesma, ou seja, muitos que tem ouvidos continuam sem entender e tantos outros que tem olhos permanecem cegos apesar de pensarem exatamente o contrário sobre si mesmos e, deste modo, vai-se falando repetidamente as mesmas coisas e constatando um tipo de inércia e apatia diante de atitudes que não mudam e de vidas que permanecem em declínio sem experimentar qualquer tipo de evolução espiritual.

Sejamos sinceros o suficiente para admitir o que está ocorrendo conosco e perguntemo-nos se temos respondido positivamente ao Evangelho ou se temos preferido nos acomodar ao que nos parece suficiente e que, na verdade, pode representar uma terrível e inevitável condenação agora e no porvir.

Que o Senhor nos ajude em nossas reflexões.

Rev. Marcos Martins Dias

22 janeiro 2010

FOI A MULHER

“Então, disse o homem: a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore e eu comi.” Gn. 3. 12

Um dos momentos mais constrangedores para nós é quando estamos diante de nossa própria fragilidade, quando se torna evidente que falhamos em determinadas situações. Nem sempre é fácil admitir o próprio erro. Há momentos em que se requer uma habilidade sobre-humana para dizer: Sim, eu errei.

Isto é típico de nossa natureza. Desde a infância, percebe-se que não é preciso ser instruído nas variadas formas disponíveis para se esquivar das próprias falhas. Esta lição se aprende sem qualquer esforço e, em muitos casos, como elemento de defesa, perante a iminente disciplina a que, eventualmente, somos submetidos.

Certamente, não se pode cercear as pessoas de se explicarem; entretanto, não se pode confundir qualquer esclarecimento plausível, que desfaz o mal-entendido, que dirime dúvidas, que invoca a justiça e o equilíbrio perante questões não resolvidas, com aquela justificação que maquia o erro e ofusca a verdade.

Apesar de saber isto, durante milhares de anos, constata-se que o comportamento humano, muitas vezes, segue aquela postura adâmica de esquivar-se de sua própria responsabilidade, na medida em que diz: “... a mulher que me deste..., ela me deu da árvore...”, ou seja, aí está uma “boa base” para justificar a tese onde se afirma que “a melhor defesa é o ataque” e vice-versa, quando se deve lembrar que o caminho para corrigir nossos próprios erros é começando por admiti-los.

Mesmo que se opte por procurar outros culpados, omitir a verdade ou não assumir a própria falha, não se pode evitar os resultados. No caso de Adão, o texto mostra que as consequências foram drásticas e de proporções incalculáveis. Em nosso caso, ainda que não suceda algo que se impõe para reparar o erro, é preciso lembrar que o silêncio, a insensibilidade, a insistência em não assumir o erro, normalmente, lançam sobre os ombros do culpado um fardo que se avulta continuamente até que ele se incline humildemente e admita suas falas, se arrependa, se levante de onde tropeçou e caiu, a fim de poder prosseguir avançando e aprendendo com os próprios equívocos.

Não adianta culpar “a mulher” que, no caso, figura quaisquer circunstâncias ou pessoas. É preciso ter coragem suficiente para enfrentar nossas adversidades com responsabilidade, assumir as conseqüências, servir de modelo para os outros tão falíveis quanto nós e viver uma boa história que possa ser contata em sua integridade para os que caminham conosco e os que virão depois de nós.

Por fim, diante da dificuldade de enfrentar as próprias culpas, vale também buscar motivação no que desejamos para os que são afetados por nossos acertos e nossos erros, hoje e no futuro. Fazendo isto, refletiremos seriamente antes de tomar qualquer decisão, antes de proferir qualquer palavra, antes de tomar alguma atitude, lembrando que afetarão a nós e também aos outros.

Que Deus nos ajude a ter responsabilidade quanto ao que fazemos, sem jamais buscar apoio ao apontar para “a mulher” procurando uma forma de nos furtarmos diante do que apenas nós devemos admitir como nosso ato intransferível.

Rev. Marcos Martins Dias

07 janeiro 2010

EVANGELHO EM LIQUIDAÇÃO

“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.” II Co. 2. 17



Embora o Evangelho seja caracterizado por sua autenticidade, integralidade, pureza, confiabilidade, impopularidade, dentre outros fatores que, uma vez modificados, dão origem a qualquer outra coisa que, ou se transforma em uma espécie de caricatura dele ou em outra heresia qualquer que recebe o seu nome, do mesmo modo como se tem oferecido mercadorias baratas e em liquidação, assim também, sem que se meça as consequências, vai-se multiplicando a oferta de uma religião fácil, revestida de falsas promessas, barganhadas com uma vida sem compromissos e de “favores” oferecidos a Deus como se deles precisasse.

Uma realidade tão antiga que pode ser encontrada entre os escritos paulinos nos primórdios da era cristã, quando já surgiam os que, de olho na novidade que o Evangelho representava, no interesse que ele despertava, nas mudanças que proporcionava, nos milagres que ocorriam, falsificavam a Verdade, como se falsifica uma mercadoria qualquer e lançavam-se a oferecê-la de modo irresponsável, abominável, repugnante, ostentando o status de emissários de Cristo quando, na realidade, prestavam um desserviço ao cristianismo, promovendo confusão e criando novos problemas para serem combatidos pelos apóstolos, como se constata no texto destacado acima.

Você já deve ter percebido o ponto a que pretendo chegar. Refiro-me à situação de liquidação barata a que o Evangelho está exposto.

Muitos obreiros falsos e poucos verdadeiros, poucas igrejas e muitas sinagogas de satanás, um pequeno número de evangélicos e outro crescente de aventureiros inovadores, muita fala e pouca prática, muito ensino e pouco conteúdo, muita procura por uma religião de vida fácil e pouco interesse pelo cristianismo altruísta, caracterizado por aquela abnegação ensinada por Jesus Cristo.

Visão pessimista ou análise realista quanto aos fatos que presenciamos hoje?

Tal leitura se faz a partir da distância constatada entre o Evangelho escrito e aquele vivido, desprovido do impacto primitivo, do repúdio ao pecado, daquele “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus”, do conhecimento aprofundado das Escrituras, do amor a Deus e à Sua vontade, da confiança em Seu governo e soberania, da disposição para dar a própria vida por amor a Cristo, da cooperação no serviço divino, da compaixão direcionada para o pobre e necessitado, do interesse em amar, perdoar, fortalecer ao fraco, encorajar o desanimado, servir de todo coração, de todo entendimento e de todas as forças.

Um Evangelho que esteja em liquidação não é Evangelho e todos os que o abraçam não são evangélicos. São desesperados em melhorar a vida pelo meio mais fácil, os quais, equivocadamente, “levam para casa” um pacote de mudanças instantâneas que não demandam qualquer esforço, compromisso com o tempo, a santidade, a verdade, o temor e o amor a Deus.

Que o Senhor nos revista de sabedoria para discernirmos sobre o tipo de Evangelho que temos pregado e vivido, que temos abraçado dia após dia.

Rev. Marcos Martins Dias

MUDANDO AS SEMENTES

“Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna.” Gl. 6. 8



Ano após ano estamos, continuamente, colhendo frutos de tudo quanto plantamos ao longo de nossa vida. Além disto, não deixamos de prosseguir em nossa semeadura, tendo ao nosso alcance inúmeras oportunidades para avaliar a qualidade das sementes que temos lançado e fazer o que for preciso para garantir uma boa colheita.

Como toda auto-análise, esta tarefa representa certo desafio, considerando que nem sempre enxergamos cristalinamente o que diz respeito a nós mesmos. Portanto, é possível que o que julgamos estar correto, além de provocar certos transtornos na hora da colheita, permanece sendo o conteúdo do nosso “bornal” e, deste modo, fazendo perpetuar o que deveria ser modificado.

Sabemos que quando o assunto tem a ver com questões relativas à “carne”, não se está tratando de coisas boas. Por isso mesmo, Paulo afirma que o resultado de lançar este tipo de semente produz corrupção e, não deve haver qualquer dúvida quanto a isto; pois, se alguém semeia mentira, colherá desconfiança; se semeia inimizades, colherá medo, insegurança, solidão etc.; se semeia o pecado, dele colherá disciplina, juízo, condenação. Por outro lado, ao compreender que o quadro pode ser revertido, qualquer um em sã consciência providenciará a mudança das sementes, considerando que o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. Isto inclui os benefícios desfrutados agora e no porvir, seja em questões de credibilidade, de autoridade, de harmonia, de paz entre homens e Deus, seja, sobretudo, sendo beneficiado com a salvação eterna.

Embora não estejam em xeque as sementes de caráter temporal desde que alinhadas aos preceitos bíblicos, os benefícios eternos de um plantio correto têm proeminência e estão intrinsecamente ligados ao caráter das sementes que ocupo-me em lançar. Por isso mesmo, devo refletir com muito mais seriedade sobre o que tem sido feito visando uma colheita que não termina no final da vida mas, que acompanha o semeador, transpondo a fronteira que conduz à eternidade.

Esforcemo-nos para não desistir de cumprir nossa tarefa de lançar a boa semente; de outro modo, não restará outro trabalho a não ser a terrível realidade de nos ocuparmos em plantar o que não traz qualquer benefício e colher frutos que produzem o que Paulo define como “corrupção”.

Tomemos a séria decisão de considerar com honestidade o tipo de semente que conduzimos e a atitude que precisamos tomar para sermos alvos da maravilhosa experiência de colher vida eterna, mesmo que, no momento, sejamos levados a semear entre lágrimas e algum sofrimento.

Rev. Marcos Martins Dias