24 janeiro 2009

EU QUERO JUSTIÇA

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mt. 5. 6
Em dias de intensa violência, opressão, corrupção e tantos outros modos através dos quais as pessoas são afligidas, é muito comum ouvir esta pequena frase ser pronunciada. Normalmente ela se refere ao desejo de se obter alguma compensação por perdas ou danos sofridos em uma situação qualquer; entretanto, não é este o ponto que quero enfatizar, posto que não é isto que o texto pretende ensinar.
É possível que muitos já tenham compreendido que ter fome e sede de justiça tem um sentido muito mais profundo do que o que se observa continuamente. Jesus esclarece que seus discípulos carregam consigo esta marca fundamental, ou seja, cônscios de seu estado de pecaminosidade e da santidade requerida por Deus, aspiram avidamente por serem justos e, resultantemente, procuram agir com justiça.
Seria perfeitamente natural que desejássemos uma sociedade mais justa e demonstrássemos grande tristeza por observar como a injustiça parece prevalecer contra os valores que deveriam permear todo o comportamento humano; entretanto, embora esteja correto, não é isto que nos é dito nesta passagem da Escritura. Na qualidade de filhos de Deus, uma das virtudes que devemos demonstrar é reconhecer que não somos justos. Não fomos transformados em justos. Isto é muito diferente de ser justificado por Aquele que é essencialmente justo.
Não há qualquer contradição em relação aos textos que se reportam ao filho de Deus como justo. Refiro-me a passagens bíblicas como “o justo florescerá como a palmeira, o Senhor conhece o caminho dos justos, os justos resplandecerão como o sol, o justo viverá da fé etc.”. Reitero que o que está em questão é o que nos é dito pelo salmista e mencionado por Paulo em Rm. 3. 10: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer." Isto, associado a outros textos, confirma que Deus não nos tornou justos; antes, nos declarou justos e justificados por meio de Jesus Cristo.
Sendo assim, antes de esperar que os outros se comportem com justiça, saberemos que cada um de nós precisa ter fome e sede por natureza mais e mais justa, residente em nós mesmos, em contraposição àquela injusta que insiste em rejeitar tudo o que está em harmonia com o querer de Deus. A ausência pessoal deste desejo é uma constatação irrefutável de que ainda não se alcançou a misericórdia de Deus e que ainda se permanece em um terrível estado de condenação, insensível com relação aos próprios erros e sem qualquer condição para diferenciar a justiça da injustiça, a maldade da bondade, o certo do errado, a falta de iniciativa para reparar os próprios erros.
Vivamos de tal maneira que nossa fome e sede de justiça seja uma prova clara de que realmente somos filhos de Deus, justificados pelo sangue de Cristo e, por isso, verdadeiramente felizes ou bem aventurados.
Rev. Marcos Martins Dias

16 janeiro 2009

NÃO ERA PRA SER ASSIM

“O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” Pv. 16.4
Embora a Bíblia afirme claramente que todas as coisas foram criadas por Deus e que são soberanamente governadas por Ele, sempre houve, há e haverá quem insista em querer compreender como esta divina interação ocorre, demonstrando certa ignorância a respeito da supremacia da fé e a respeito de como ela transcende os limites da razão, abarcando o inteligível e o ininteligível sem se enquadrar no perfil do “absurdo, do utópico, do surreal, do impossível”, dentre outros correlatos.
A questão é muito simples; embora, muito sublime. Deus é e está acima de tudo e de todos. De acordo com o profeta Daniel “não há quem lhe possa deter a mão e dizer: Que fazes?” Dn. 4. 35. Sendo a origem de todas as coisas que vieram a existir, nada mais resta a não ser empreender os melhores esforços em busca do conhecimento de Deus e de Sua magnífica (boa, agradável e perfeita) vontade.
Sem esta atitude, tudo fica muito mais difícil. A ótica, pela qual, se reflete sobre o passado, o presente e o futuro, é totalmente comprometida e as ações e reações passam a exercer efeitos que se traduzem pela insatisfação, o descontentamento, a insegurança, o desapontamento, a frustração, a incerteza, o medo, a ansiedade, a tensão, o espírito controlador e, dentre tantas outras coisas, o desespero.
Tudo isto expresso nestas poucas palavras: “não era pra ser assim”.
Elimine a possibilidade de advogar em favor do fatalismo, determinismo e outros “ismos” que podem decorrer de uma má interpretação do que pretendo dizer aqui. Apenas lembre-se que o controle de nossa vida não está em nossas mãos como alguns afirmam. Somos inteira e continuamente dependentes de Deus.
Desconheço qualquer outra possibilidade para se experimentar a verdadeira paz. Não há espaço para caminhos alternativos que geram perturbação, na medida que insistem em levar-me a inquirir acerca de decisões tais como: “e se eu tivesse escolhido outra profissão?”, “e se eu não houvesse me mudado para outra cidade?”, “e se eu me mantivesse solteiro?”, “e se eu estivesse casado com outra pessoa?”, “e se eu não tivesse filhos?” e... e... e... “e se eu não tivesse nascido?”. Pode parecer muito fácil; entretanto, a situação muda completamente quando lembro-me das sábias palavras do apóstolo Paulo, registradas em Rm. 8. 28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Mas, e quanto aos que não O amam? Ah! Em relação a esses também está escrito: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.” Rm. 1. 18.
Observe que em todos os casos existe um propósito do qual descendem todos os desígnios humanos. O “propósito” de Pv. 16. 4, Rm. 1. 18, Hb. 12. 1 etc.
Desta forma, somos convocados a descansar sob a certeza de que nossa vida está no controle de Deus. Somos convocados a lembrar que Ele não cochila e não dorme e nos guardará de todo mal; guardará a nossa alma, cf. o Sl. 121. 7. Não “desde agora e na hora da nossa morte, amém” mas, “desde agora e para sempre”.
Que Ele mesmo nos ajude em mais esta reflexão.
Rev. Marcos Martins Dias