28 dezembro 2007

2008 - EM BUSCA DA TERRA PROMETIDA

“Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.” Hb. 4.11

A dramática história dos que saíram do Egito e não entraram na Terra Prometida tem sido uma mensagem continuamente enfatizada em nossos púlpitos por estar muito próxima da realidade de nosso contexto eclesiástico.
O consenso de que estamos a caminho da Terra Prometida não se constitui em garantia de que todos entrarão lá. Isto se define pelas atitudes que a igreja pós-moderna demonstra e que se aproxima muito daquelas ocorridas na ocasião em que os espias voltaram da missão que Moisés lhes confiou.
Mesmo depois das divinas manifestações de poder ao longo de sua jornada até as fronteiras da Palestina, dez deles evidenciaram uma fraqueza tal que, associada ao poder de persuasão alimentado por uma natureza incrédula e desobediente, inflamou os ânimos do povo, pondo em descrédito não somente a palavra de Josué e Calebe como também a liderança de Moisés e a fidelidade do próprio Deus em cumprir Sua promessa.
Suas emoções atropelaram a fé e destruíram qualquer possibilidade de conquista, arrebatando-lhes sonhos e esperanças tão próximos de serem alcançados, em detrimento de tudo quanto já sabiam acerca de Deus.
O que eles não imaginavam é que Deus lhes entregaria ao fracasso que vislumbravam, transformando suas conjecturas em realidades, deixando-os prostrados no deserto e impedindo-os de possuir a Terra.
Não estamos em posição de maior vantagem, posto que a incredulidade e a desobediência permanecem ofuscando a esperança de alcançar o intangível, de experimentar a grande promessa de entrarmos no descanso eterno.
Diante disto, compete-nos enxergar acima dos obstáculos que deverão acompanhar o ano de 2008, a fim de que mantenhamos o rumo e preservemos a certeza de que estamos firmes a caminho da Terra que nos foi prometida.
Podemos ficar com a minoria e continuar crendo mesmo diante de grandes obstáculos ou abraçar o conceito de uma maioria que permanece desafiando o poder de Deus e a Sua capacidade de nos colocar exatamente onde prometeu, avançando em nossas conquistas ou rastejando em nossos fracassos.
Que o Senhor nos dê a sabedoria necessária para tomar a melhor decisão.

Rev. Marcos Martins Dias

26 dezembro 2007

O MUNDO NÃO O CONHECEU

“..., o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.” Jo. 1.10

Qualquer pessoa que professe crer em Deus, muito provavelmente, não apresentará dificuldade alguma em aceitar o fato de que tudo o que existe, visível ou invisível, é plenamente conhecido pelo Criador. Por outro lado, mesmo sendo Ele o princípio de todas as coisas, encarnou-Se, viveu entre os homens e, segundo o relato de João, o mundo não O conheceu.
Muitos sabem que isto se deu, primeiramente, em função do pecado que cegou e ensurdeceu o homem, cauterizou sua mente e endureceu seu coração, de modo que, embora anunciado e aguardado durante séculos, Sua vinda ao mundo, passou despercebida pela maioria daqueles que O aguardavam.
Certamente que outros fatores também contribuíram para esta realidade tais como o lugar onde Ele nasceu, a família da qual Se originou, a forma discreta como tudo isto se deu etc. Mas, a realidade é que, ao afirmar que o mundo não O conheceu, João está levando em consideração todos os fatores que acompanharam-No desde o nascimento até o período em que Ele realizou Seu ministério, os quais, eram provas incontestáveis de que o Messias, o Filho de Deus, encarnado, já era chegado; entretanto, conforme as palavras de Isaías 53. 2 e 3, Ele era “ ... como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.” .
Toda esta história esta registrada de um modo completo e perfeitamente claro a fim de que não nos incorramos no mesmo erro, sendo conhecidos por Ele mas, à semelhança de Israel, desconhecendo-O nos moldes em que a Escritura O apresenta, por maior que seja a insistência em afirmar que Jesus é a Personalidade mais popular de toda a história. De fato, não o é, visto que continua não sendo conhecido a julgar pelo modo como o ser humano tem se comportado diante de Seus claros ensinamentos registrados na Escritura.
Esforcemo-nos para não sermos contados entre os que dirão: “Senhor! Senhor!” e, no entanto, ouvirão a terrível declaração: “Nunca vos conheci”.

Rev. Marcos Martins Dias

16 dezembro 2007

NATAL E ESPERANÇA

“Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
porque os meus olhos já viram a tua salvação,” Lc. 2. 29 e 30

De todas as cenas que giram em torno do nascimento de Jesus, este trecho está entre os menos lembrados.
Trata-se da ocasião em que Jesus foi levado e tomado nos braços por Simeão, homem já avançado em idade e que, segundo Deus, não morreria sem antes viver aquele glorioso momento.
Suas poucas palavras mostram o motivo de tão esperado momento. Elas também revelam que sua vida foi nutrida pela esperança de que veria o Salvador. Note o conhecimento que ele manifesta ter sobre Jesus, ao dizer: “a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.... Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” (31 – 35).
É incrível o conceito que ele demonstra sobre salvação aos gentios. Além disto, a presença de Cristo representava a concretização de uma antiga promessa, a qual transformaria o opróprio de Seu povo em estado de “glória”, posto que Ele estava destinado para o levantamento de muitos em Israel. Por outro lado, sua primeira vinda já trazia o prenúncio de um juízo condenatório, na medida que significava “alvo de contradição”; expressão esta cujo sentido fica ainda mais claro quando o próprio Senhor Jesus afirma que “não veio trazer paz à terra, mas espada.” (Mt. 10.34).
A esperança de Simeão e o seu conhecimento em relação ao nascimento de Cristo, são dignos de serem imitados por todos nós, os quais vivemos em um contexto de muitas frustrações e de um amplo e inexpressivo conhecimento a respeito dos motivos que trouxeram Cristo ao mundo.
Queira Deus que vivamos como salvos por Cristo, alimentando a esperança de contemplarmos o dia glorioso da Sua vinda, razão de ser de nossa existência e o motivo pelo qual, com prazer, comemoramos o Natal.

Rev. Marcos Martins Dias

04 dezembro 2007

CONFESSANDO A FÉ

“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
Mt. 16:16

O apóstolo Pedro geralmente tem sido lembrado por certas manifestações intempestivas ocorridas durante o período em que esteve com Jesus. Além disto, experimente perguntar à igreja quem negou a Jesus e, sem titubear, até crianças poderão responder, com uma certa satisfação, “foi Pedro”.
Mas, justiça seja feita. Alguns de nós poderiam haver feito o mesmo ou até coisas piores se estivéssemos em seu lugar. Na realidade, não é precipitado dizer que muitos que se dizem “seguidores de Jesus” têm evidenciado uma conduta que não é digna de ser imitada ou registrada para a posteridade.
Na verdade, o que se diz de Pedro não o torna pior do que os demais componentes do colegiado apostólico. Você está lembrado que eles foram capazes de discutir sobre quem deveria ser o maior no Reino dos Céus?
O que está escrito nos mostra que Jesus lidou com homens simples e que, em detrimento de suas limitações, das quais todos nós compartilhamos, houve superações que, provavelmente, nós jamais alcançaremos. Por outro lado, dentre os fatores triviais que os qualificavam como cristãos, destacamos esta inesquecível confissão de fé feita sob circunstâncias bastante confusas.
Uns diziam que Cristo era João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias ou algum dos profetas. Mas Jesus quis saber dos discípulos: quem dizeis que eu sou? Pedro, revelado por Deus, reconheceu nEle, o Filho de Deus encarnado.
Diante deste fato, falta-me espaço pra dissertar sobre o que isto significa. Desta forma, pense um pouco sobre as respostas simples e equivocadas que continuam sendo dadas à antiga pergunta: o que o povo diz sobre Jesus?
Olhe à sua volta. Ouça o que se prega, observe o que se escreve, avalie os cultos que se prestam, contemple o que se faz, a vida que se leva e, certamente, será inevitável notar que ainda existe uma grande confusão sobre quem é Jesus e quem nós devemos ser. Por isso, penso que é preciso insistir na pergunta: “quem é Jesus?” e ainda acrescentar outra: “quem sou eu?”
Deus há de oferecer a sensibilidade necessária para sermos honestos em reconhecer quem somos e confessar com seriedade, responsabilidade e compromisso acerca da fé que devotamos a Jesus, o Filho do Deus vivo.

Rev. Marcos Martins Dias

23 novembro 2007

AÇÃO DE GRAÇAS EM TUDO

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Fp. 4. 6

Os imperativos contidos neste versículo são muito conhecidos. Eles foram proferidos pelo próprio Senhor Jesus: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir...” Mt. 6.25; “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” João 14:13.
É muito comum conviver com homens e mulheres que perseveram em suas petições e súplicas da mesma forma como tem se tornado um desafio cada vez mais crescente conhecer quem viva sem algum tipo de intensa preocupação e ansiedade, mesmo quando estas mesmas pessoas fazem suas súplicas a Deus e agradecem pelo que ainda não receberam, sob a convicção de que é preciso “tomar posse” da bênção que, segundo afirmam, já são suas por decreto (humano ou divino?).
Não pretendo ocupar muito tempo com estas atitudes resultantes de um questionável entendimento das Escrituras; prefiro retornar ao texto e caminhar um pouco mais junto ao apóstolo Paulo, buscando acompanhar seu raciocínio.
A exortação relativa à ansiedade precede o que é dito a respeito das petições e súplicas; e não há como ser diferente posto que todos os que entregam, confiantemente, nas mãos de Deus as suas inquietações, manifestam uma fé que não se contesta, considerando que suas atitudes evidenciam paz e segurança mesmo quando as circunstâncias apontam para condições completamente opostas.
Note que Paulo mesmo dá demonstrações disto nos versículos seguintes ao fazer as seguintes afirmações: “... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Fp. 4. 11-13.
É isso. Posso ser humilhado, ser honrado, ter fartura, fome, enfrentar qualquer circunstância, porque o Senhor me fortalece. É como a casa construída na rocha.
Entretanto isto não é tudo. Paulo nos remete a um nível tão elevado que as ações de graças se definem como elementos indispensáveis. Ele sabe que a atitude de descansar em Deus é totalmente sábia. Afinal ela é essencialmente boa, agradável e perfeita (Rm. 12.2) e, sendo assim, há muito mais sentido em se dizer: “... faça-se a tua vontade,...” conforme Jesus nos ensinou em Mt. 6.10.
Assim sendo, rogo a Deus que nos ajude a dar “... sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,” de acordo com Ef. 5.20.

Rev. Marcos Martins Dias

14 novembro 2007

NÃO QUERO MAIS ÁGUA

“Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la”. Jo. 4:15

O mundo teve uma oportunidade ímpar de compartilhar da presença física de Deus por ocasião de Sua encarnação na Pessoa do Filho. No entanto, é curioso observar o modo como esta divina presença foi tratada de acordo com os registros que abordam sobre Seu ministério terreno.
Note as grandiosas afirmações que João faz acerca de Cristo nos primeiros capítulos de seu Evangelho. Suas descrições apontam para a Segunda Pessoa da Trindade como tendo fundamental participação em todas as coisas que vieram a existir, ao afirmar que “sem ele, nada do que foi feito se fez”. Jo. 1.3
Depois de virar algumas páginas encontramos o Criador das coisas visíveis e invisíveis assentado no poço de Jacó dispensando atenção a uma mulher samaritana, identificando-Se como a Fonte de água viva.
Quadro interessante. O grande Deus, Senhor do Universo, Se colocando no mesmo “nível” de uma minúscula parte de Sua majestosa Criação, de modo tão discreto a ponto de ser considerado possuidor de um poder extraordinário, ou seja, o de oferecer uma água que livraria aquela mulher, definitivamente, do “terrível” fardo de conduzir, diariamente, o seu cântaro e saciar sua sede.
Que terrível situação o pecado gerou em todas as faculdades humanas! Mesmo estando frente a frente com Deus, nada mais foi desejado além da solução de uma necessidade simples, natural e transitória.
Conhecendo a história desta samaritana, é inevitável ser tomado de algum tipo de indignação; entretanto, aquele mesmo comportamento se repete ainda hoje, na medida que multidões se dirigem a Deus apenas porque “não querem mais buscar água”, se esquecendo que permanecem diante dAquele “... que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós,”. Ef. 3:20
Em vez disto, seríamos muito mais coerentes com a nossa fé, se fizéssemos nossas as palavras do salmista: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” Sl. 42:2.
Não é o “cântaro” que deve nos preocupar e sim a necessidade de conhecer a Deus e buscar, continuamente, viver mais e mais em comunhão com Ele.

Rev. Marcos Martins Dias

O LEGÍTIMO ARREPENDIMENTO

“Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.” Sl. 51:4

Há inúmeras expressões que, embora façam parte do dia a dia da igreja, nem sempre são legitimadas pelas atitudes de que devem estar acompanhadas, ou seja, o seu uso habitual tende a enfraquecer o sentido de que elas estão revestidas.
O arrependimento é um bom exemplo disto. Pode-se dizer que nem sempre está agregado a atitudes que comprovam a sua legitimidade, pondo em dúvida a veracidade dos que se declaram conscientes de seu erro, dispostos a agirem com humildade seja buscando o perdão de que necessitam ou reparando o mal de que foram causadores, cultivando uma crescente comunhão com Deus e com os homens.
Isto deveria ser alvo de profunda e sincera reflexão posto que estamos lidando com o “degrau” que antecede os resultantes favores que se pretende alcançar.
Este elemento inseparável da vida cristã vem perdendo força há muito tempo. E isto se deve ao fato de que não se observa mudança de atitudes na mesma proporção em que muitos se declaram culpados, e isto quando declaram.
Além disto, o vocábulo grego de que estamos falando aqui, abrange não apenas o reconhecimento da culpa, mas também a necessária mudança de comportamento, como foi o caso de Davi. Estas coisas se completam de tal modo que a simples consciência de que se cometeu algum agravo, não é suficiente. A sincera busca pelo perdão e os devidos reparos que ainda podem ser feitos, caracterizam a legitimidade do arrependimento. Menos do que isto, não teremos mais que palavras frívolas as quais se configuram em algum tipo de “chavão” desgastado por seu uso contínuo e irresponsável, ainda que, por um momento, consigamos nos entregar às lágrimas.
Mesmo sem poder medir o grau e a intensidade do sentimento de tristeza e o desejo de reparar os danos causados pelo rei Davi, as palavras inspiradas do Salmo 51 nos bastam para saber que seu arrependimento o arremeteu “ao fundo do poço”.
Não seria o caso de buscarmos atitude semelhante ao considerarmos o arrependimento como uma expressão indispensável para a comprovação de uma vida cristã sadia? Não seria a ausência daquele espírito quebrantado a resposta para uma espécie de cristianismo mórbido que não oferece qualquer expectativa de avanço na escala de uma indispensável santificação?
As palavras do profeta Isaías concluem bem o que precisamos fazer diante de tão séria reflexão: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal.” Is. 1:16

Rev. Marcos Martins Dias

01 novembro 2007

SOMENTE A ESCRITURA

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.”
Sl. 119:105
Sempre que nos reportamos a fatos que se deram em tempos remotos, próximos ou distantes, inevitavelmente, precisamos concordar que muitas realizações que a Igreja levou a efeito no passado, eternizada pelos registros sagrados ou históricos de nossa época, se deram em circunstâncias bastante adversas e recursos extremamente limitados os quais jamais impediram as mudanças expressivas de que todos ainda somos e, muitos outros serão, beneficiados e estimulados a seguir em frente, fazendo verdadeira diferença.
Não é necessário abordar sobre a falta de recursos didáticos, de informações escritas, de inúmeras facilidades oferecidas pelo avanço tecnológico etc. e que caracterizaram as épocas mais marcantes que a Igreja experimentou durante toda a sua trajetória desde o Antigo Testamento.
A Alavanca propulsora que possibilitou grandes e inesquecíveis reformas nas convicções e na ética do povo de Deus sempre foi sem qualquer dúvida, a ação do Espírito Santo por meio de Sua Palavra em toda a história.
Eis a razão porque mesmo diante de desafios peculiares de uma multidão em deslocamento, da tirania de um Estado, das intransigências de uma religião imposta, surgiram homens que, sem qualquer expressão social, política ou econômica, fizeram grandes diferenças mesmo sendo peregrinos e forasteiros, cuja Pátria está nos céus, causa e objetivo de sua existência.
Para eles a Escritura, sob a eficaz atuação do Espírito Santo, é o ponto de partida para restabelecer a ordem e o equilíbrio, continuamente ameaçados por adversários que vão desde a velha natureza até o incansável inimigo que busca matar, roubar e destruir de maneira inconseqüente e impiedosa.
O povo de Deus, ainda sob os vínculos de uma milenar peregrinação, continua na dependência de homens que vejam nas Sagradas Escrituras a legítima regra de fé e prática, capaz de indicar os parâmetros norteadores a fim de que jamais se percam na busca pela Pátria que aspira alcançar.
Que o Senhor Se digne preservar-nos em contínua observância de Sua Vontade expressa em cada página de Sua inerrante e infalível Palavra.

Rev. Marcos Martins Dias

25 outubro 2007

O SENHOR É MEU PASTOR

“O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.” Sl. 23.1

O salmo 23 descreve um quadro pouco vivido em nossa época. Digo isto por causa das múltiplas incompatibilidades entre a correria nossa de cada dia, ações e reações que depõem contra a fé cristã e o cenário descrito por Davi, homem que desfrutava de uma intensa comunhão com Deus e que, embora tenha experimentado uma vida de muitos desafios, jamais perdeu de vista o fato de que seus passos sempre foram guiados pelo cajado do Senhor.
Enxergou a suficiência divina e concluiu que nunca sentiria falta de nada. O Senhor o conhecia e o chamava pelo nome, como o pastor chama as suas ovelhas, tomando-o nos braços, protegendo-o e sarando suas feridas, provendo o necessário para seu sustento, conduzindo-o por caminhos seguros, renovando suas forças, estimulando-o a seguir em frente, assistindo-o espiritual, física, psicológica e emocionalmente etc.
Sua confiança no Pastor era tão grande que mesmo o “Vale da sombra da morte” não lhe representava motivo para pânico, medo e desesperança. Por mais escuro e sombrio que lhe parecesse, a presença de Deus lhe bastaria para não temer mal nenhum.
Determinado comentarista diz que “muitos podem nos guiar até o vale; porém ao chegar lá todos voltam para trás. Só o Senhor pode continuar durante o vale e depois da morte.” Davi tinha plena consciência disto.
Foi um guerreiro valente e prevaleceu contra muitos inimigos. Fez muitos prisioneiros e reconheceu que os méritos pertencem ao Pastor; além disto, apesar de toda a experiência acumulada ao longo de sua vida, jamais abriu mão da certeza de que Deus sempre sabe o que faz e que a Sua vontade é essencialmente boa, agradável e perfeita.
Certamente faria muita diferença se, em meio às constantes adversidades de nossa vida, no mínimo, lembrássemos que somos guiados pelo mesmo Pastor e que o Seu cuidado com o rebanho permanece dentro dos padrões descritos pelo rei Davi, restando-nos a tarefa de seguir em frente e obedecer ao Seu sábio conselho e assim, descansarmos no caminho que ainda nos resta, não importando o grau e intensidade com que as lutas advirão.

Rev. Marcos Martins Dias

17 outubro 2007

É PRECISO SABER O QUE FALAR

“Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.” At. 26:28
O intrépido apóstolo Paulo precisou enfrentar inúmeros e terríveis desafios em sua viagem para Roma, com o propósito de estar diante de César para fazer sua defesa, como cidadão romano, face às acusações que vinha sofrendo e que o levaram muitas vezes para a prisão, além de submetê-lo a açoites e toda sorte de maus tratos.
Dentre os obstáculos que surgiram no trajeto, estando preso em Cesaréia, foi levado à presença do rei Agripa em cuja ocasião pediu para fazer sua defesa.
Impressiona-me o fato de Paulo, homem cheio do Espírito Santo, portador de uma mensagem que tem incendiado corações através dos séculos, ter ouvido tamanha tolice da parte de um nobre, considerando que a profundidade de seu ensino não deixa nada a desejar, sendo riquíssima em conteúdo e um verdadeiro compêndio teológico que expressa com muita clareza os ensinamentos recebidos por Jesus.
Apesar disto, Agripa, presunçosa e arrogantemente, define seu discurso como sendo insuficiente para persuadi-lo. Paulo, entretanto, em sua humildade, prossegue dizendo: “...: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.” At. 26:29 .
O tempo passou e além da arrogância de Agripa estar presente na era pós-moderna, ainda temos um outro terrível adversário pra enfrentar: a falta de conteúdo na pregação do Evangelho, em muitos lugares e por todo o mundo todo.
Não é difícil encontrar discursos vazios, os quais são merecedores da crítica que Paulo recebeu. Mas, este não é o ponto nevrálgico de minhas argumentações. O problema é analisar passado e presente e concluir que, se a enriquecedora pregação de Paulo foi desprezada e considerada insuficiente para convencer aquele nobre, mas terrível pecador, então, pense o nível em que podemos colocar a nossa pregação. Por essa e por outras tantas razões, sem dúvida nenhuma, é preciso saber o que falar.
Graças a Deus, a tarefa de sensibilizar um coração empedernido, abrir olhos e ouvidos vedados para a sublimidade do Evangelho são uma tarefa essencialmente divina, deixando pra nós a responsabilidade de ter e saber o que falar, lembrando que a mais profunda e abrangente exposição das Escrituras poderá ser qualificada como sendo “pouco” quando o receptor, além de não ter qualquer relação com a realeza, em nada tem seu coração diferente do inflexível rei Agripa.
Cumpramos a tarefa de conhecer o que precisamos falar e deixemos o resultado nas mãos dAquele que exerce domínio sobre todo coração.

Rev. Marcos Martins Dias

11 outubro 2007

ONIPRESENÇA IGNORADA

“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.” Sl. 139. 7 - 10

Entre os atributos que Deus decidiu compartilhar (fazer conhecidos), a Onipresença é um dos mais conhecidos entre os homens.
À exceção dos que se dizem ateus, qualquer pessoa, por mais simples que seja, não hesita em confirmar que Deus está em todo lugar.
A questão que me impressiona é que tal “entendimento”, normalmente, não tem demonstrado qualquer diferença no comportamento humano. Digo isto porque, ao examinarmos as Escrituras, percebemos o constante impacto que as manifestações de Deus causavam, levando o homem a sentir-se constrangido, insignificante e a agir com uma reverência e grande temor que não se vê há muito tempo. Não somente isto, mas também uma confiança invejável, uma tranqüilidade inexprimível, aquela paz que excede ao entendimento, uma segurança que excede ao vale da sombra da morte gerados pela certeza de que Deus é sempre presente.
É, no mínimo, perturbador, verificar que as atitudes de nossa geração refletem muito mais uma certa indiferença diante da realidade de que Deus é Deus Onipresente e que, nem de longe, pode ser comparada ao comportamento de nossos antepassados, levando-me a concluir que embora, na teoria, afirme-se crer que Deus está em todo lugar, na prática, Ele tem sido ignorado de muitas maneiras.
Isto pode ser posto de um modo bem simples. Basta refletir sobre o tempo, o modo, a postura, a atenção, a importância etc. que são dedicados a Deus em nosso dia a dia e, então, não haverá para onde fugir. Concluiremos que o relacionamento com a criatura, frágil, mortal, limitada ao tempo e ao espaço é, por menor que seja, muito maior que o que se faz diante da realidade de que Deus está sempre conosco.
Indo um pouco adiante, chegaremos a conclusões mais inquietantes. A consciência de que Deus está sempre presente deveria nos levar a um cuidado contínuo com o que falamos, fazemos ou deixamos de fazer e, além disto, a ter a mínima consideração, utilizando todo o tempo necessário para ter uma boa conversa com Ele, uma vez que, em tudo, somos dependentes de Suas sábias decisões, de Seu conselho, de Seu governo, e que estamos, continuamente, sob Sua avaliação.
A exortação registrada em Crônicas cabe pra todos nós: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” 2 Cr. 7:14
Sejamos sinceros e verifiquemos se a Onipresença de Deus tem sido tratada com grande temor e tremor ou se temos ignorando Aquele que é suficientemente poderoso dirigir nossos passos, pra salvar ou para condenar as nossas vidas.

Rev. Marcos Martins Dias

04 outubro 2007

CANSADOS E FRUSTRADOS

“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” Gl. 6. 9

Os termos empregados no texto acima têm relação com o dia a dia de alguém que lida com o cultivo de terras, plantando e colhendo. O versículo anterior reforça este argumento ao empregar os verbos “plantar” e “colher”, além da expressão “frutos” utilizada um pouco antes. Entretanto, não é preciso ter alguma formação teológica pra perceber que o que está em questão é muito mais do que isto. Ao utilizar os vocábulos “carne, corrupção, Espírito e vida eterna”, o apóstolo Paulo mostra claramente a figura de linguagem da qual se utiliza para levar os leitores a compreenderem uma doutrina incomparavelmente mais profunda.
Basta dar uma verificada no texto e o veremos falar sobre questões éticas ligadas ao versículo acima. Ele define as obras da carne como sendo “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas”, ao mesmo tempo em que aponta para os frutos do Espírito como sendo “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.
Sua palavra encorajadora garante que, os que não se cansam de fazer o bem, semeando para o Espírito, certamente ceifarão se não desfalecerem; mas, é perfeitamente natural concluir que o contrário também é verdadeiro, ou seja, assim como tem sido tão comum desistir de uma boa semeadura, cansando-se muito depressa de fazer as coisas que valem a pena e que estão intimamente ligadas à vida eterna, assim também é preciso lembrar que não se pode esperar uma boa ceifa face ao que se planta; ao contrário, é muito mais coerente se preparar para uma grande e terrível frustração, seja nesta vida ou naquela que está por vir.
Poderia haver muitas explicações para a nossa insistência em coisas temporais que nos cansam mesmo sem provocar algum tipo de desistência, ao passo que, igualmente, muitos são levados a se cansarem de uma boa semeadura, deixando trabalhos inacabados e se esquecendo que não somente já estão colhendo os frutos do que plantam, como hão de ceifar todos os resultados de tudo quanto fizeram ao longo de suas vidas, vivendo decepcionados e caminhando para algo ainda pior.
Creio que a seriedade deste assunto deveria, no mínimo, nos levar a refletir em nossas prioridades e também a seguir a orientação do apóstolo Paulo, não desistindo do bem, porque “a seu tempo” ceifaremos; seja aqui e agora, um bocado aqui e outro acolá, como também no último dia, em nosso acerto final de contas.

Rev. Marcos Martins Dias

28 setembro 2007

NÃO DESANIME. APENAS TRABALHE

“ ...: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.Mc. 4. 26 e 29

Há algumas formas de se interpretar esta parábola. No entanto vamos trabalhar com a maneira como João Calvino a compreendeu.
Na sua opinião, o semeador é comparado aos ministros que semeiam a Palavra. Eles não devem desanimar quando não conseguem ver resultados imediatos. De acordo com o ensinamento de Jesus, eles devem ser pacientes e sempre devem se lembrar do processo de germinação, como ocorre com as plantas.
Seu trabalho é muito simples. Depois de pregar o Evangelho, não devem se desgastar e se inquietar com os resultados que surgirão. Devem dormir à noite, levantar pela manhã e fazer tudo o que há para ser feito. Da mesma forma como a semente chega a ser uma planta viçosa, assim também o fruto do trabalho do pregador virá. Os ministros do evangelho devem ter coragem e continuar sua obra decidida e confiantemente.
É claro que cada crente é um semeador e, nesse caso, a aplicação também pode se direcionar para cada um de nós, observando a recomendação do apóstolo Paulo, ao abordar sobre esse assunto (vd. II Co. 9. 10; Gl. 6.8). Assim sendo, todo crente deve descansar na promessa de que “aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até ao dia de Cristo Jesus” (Fp. 1.6).
O lavrador é um instrumento para lançar a semente e, observar todos os cuidados necessários para, no tempo certo, desfrutar da colheira, cf. Tg. 5.7.
Com certeza, a paciência não é uma virtude muito comum. Até que Cristo venha, muitos ainda viverão inquietos por uma simples questão chamada “resultados”. Por mais que se diga que eles dependem inteiramente de Deus, não faltará quem lance sobre os homens a responsabilidade de produzir os resultados.
Infelizmente esta é uma confusão muito comum. Responsabilizar pela produção de resultados e, nem sempre, focar-se no que é fundamental, ou seja, a realização de um bom trabalho. Mas a cobrança não pára por aí. Deus mesmo é alvo desta inquietação humana, na medida que esperamos que Ele faça as coisas no nosso tempo e do nosso modo. João fez menção disto em Ap. 6. 9 – 11. Note que a resposta dada é que eles devem esperar por um tempo. O tempo de Deus.
É Deus quem está no comando e determina quando e como será o resultado do plantio. A nós compete realizar o trabalho de semeadores e confiar que Deus é Quem dará os resultados, sem esquecer que Deus não tem o dever de nos livrar de colher frutos amargos se as sementes que semeamos não tiverem boa qualidade.
Rev. Marcos Martins Dias

21 setembro 2007

EVANGELIZAÇÃO EM CRISE

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mt. 28. 19 e 20

Se eu disser que muita coisa mudou na igreja cristã desde que esta ordem foi dada, não estarei dizendo nada que os cristãos já não saibam. No entanto, isto não quer dizer que compreendemos a dimensão do problema que se estabeleceu ao longo dos séculos e que, em decorrência disto, estejamos tomando as devidas providências.
Olhe ao redor! O comportamento que se nota está muito mais para uma espécie de “vinde à igreja...” e “torne-se membro dela”; expressões estas que lançam sobre o perdido uma atitude que, de algum modo, anula o nosso compromisso com a evangelização, cujo imperativo envolve “ir, fazer discípulos, batizar e ensinar”.
Não tenho dúvidas sobre o empenho de muitos irmãos e instituições voltado para a evangelização; entretanto, mesmo as estratégias praticadas estão muito longe de se enquadrarem na ordem transcrita acima. Refiro-me a fazer mais do que distribuir folhetos, promover campanhas missionárias, orar, manter, enviar missionários etc. A questão diz respeito ao compromisso pessoal que tenho de ter um caráter que sirva como modelo para que outros conheçam o evangelho, se arrependam, sejam batizados e doutrinados, nos moldes de I Pe. 2.9.
Se você pensa que estou questionando métodos de evangelização e de ação missionária, então não me fiz entender corretamente. Estou tentando ir muito além destas medidas importantes e necessárias, buscando apontar para as mentes já esclarecidas e alcançadas pela legítima transformação ocasionada pelo Evangelho, o quanto podemos ter nos distanciado desta ordem simples mas, desafiadora.
É o mesmo que ter a intrepidez do apóstolo Paulo e dizer: “sede meus imitadores...” I Co. 4. 16 e 11. 1. É sair do conforto de nosso ajuntamento solene e enfrentar toda a pressão imposta pelo mundo aos que foram enviados para fazer diferença, influenciando por suas vidas e impedindo, dentro do possível, o avanço da maldade que, tal como verdadeiros tsunamis, seguem devastadoramente, invadindo inclusive os limites da igreja, agigantando o velho problema dos lobos e ovelhas.
Eis mais um elemento da vida cristã que carece de uma sincera e profunda reflexão a fim de que a ordem seja obedecida e o nome de Cristo seja glorificado.

Rev. Marcos Martins Dias

17 setembro 2007

EXEMPLO DE SERVIÇO

“Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” Jo. 13. 14 e 15

Embora estejamos bem familiarizados com este texto e, de algum modo, também já nos tenhamos nos acostumado com a palavra “servo”, tenho tido a impressão de que existe algum descompasso entre “conhecer” o termo e fazer jus a ele, não deixando qualquer dúvida do que, realmente, nós somos.
Numa sociedade onde todos têm problemas em maior ou menor grau, não é incomum voltar a maior parte da atenção pra nós mesmos, em relação a sermos servidos no que desajamos e nas coisas que achamos necessárias.
Quando isto acontece, há um grande risco de se perder de vista o verdadeiro sentido de “servir”. Percebendo ou não, nos arremetemos para um extremos totalmente contrário ao que cremos defender e assumimos uma posição oposta àquela esperada de cada cristão.
Deste modo, o ensino deixado pelo Senhor Jesus se inverte na medida que muitos líderes avaliam sua capacidade pelo nível em que são servidos, determinando aos outros o que fazer, baixando normas, debruçando sobre projetos, reivindicando um conhecimento “geral” mais elevado, um índice maior de experiências acumuladas, subjugando pessoas a cumprirem seus caprixos, abandonando o princípio que estabelece para o “maior” a condição de “menor” e ao que dirige o dever de servir (Lc. 22.26).
Se cada crente já tivesse assimilado, de fato, o que este ensino representa, o cristianismo ganharia uma força tal qual não se vê há séculos; entretanto, uma espécie de misto entre o velho escolasticismo e um tipo de nobreva forjada que nada mais serve a não ser pra encobrir o conforto que se desfruta ao sentir-se no poder, entre algum tipo de elite isolada de uma maioria que deve se colocar na obrigação de servir, acatar, fazer sem questionar, seguindo o antigo e terrível princípio do “faça o que eu mando mas, não faça o que eu faço”.
Com Cristo não é assim. A ordem é fazer o que Ele manda assim como Ele também fez. Seguindo neste sentido, tanto a liderança de determinado grupo, como cada cristão poderá reproduzir em si mesmo as seguintes palavras do apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” 1 Co. 11:1.
Investiguesmos se há em nós qualquer condição para que sejamos considerados verdadeiros servos, de acordo com o que nos é ensinado pelo Mestre.

Rev. Marcos Martins Dias

15 setembro 2007

PERSEGUINDO A PAZ E A SANTIFICAÇÃO

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,” Hb. 12.14

As Escrituras estão repletas de advertências claramente apontadas para a igreja em relação ao que deve ser feito com vistas à concretização do Grande Dia em que ela deverá estar diante do Trono do Cordeiro para a última prestação de contas.
A paz e a santificação são partes essenciais dos elementos que devem adorna-la, preparando-a para alcançar seu alvo supremo aqui expressos por “verá o Senhor”.
Um aprofundamento maior na analise do texto nos conduz a várias questões que podem colocar-nos em xeque diante da maneira como deveríamos estar nos preparando e a realidade que contemplamos na atual trajetória que percorremos, crendo que estamos caminhando rumo aos céus.
Digo isto porque, inicialmente, tem sido muito mais comum encontrar o conhecido espírito “faccioso” censurado por Tiago (3. 13-16) do que desfrutar da paz que excede ao entendimento (Fp. 4.7).
Não posso e nem devo trair o texto, colocando com prioridade a paz entre os homens, posto que a paz com Deus é o que norteia a paz comigo mesmo e com o meu próximo. Assim sendo, qualquer análise que exclua um desses itens ficará, fatalmente, prejudicada (Tg. 3. 17 e 18).
Outro aspecto que deve ser lembrado, tem a ver com a direta associação entre a paz e a santificação. Qualquer um que pretenda estar se preparando para o encontro com Deus precisa, indiscutivelmente, passar por este processo de lapidação, sendo moldado de acordo com a santidade que se deriva de Deus. Lembre-se: “porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pe. 1:16. Sem este procedimento, fica definitivamente claro que está totalmente fora de cogitação qualquer pretensão de experimentar uma eternidade gloriosa com Deus.
Finalizo indicando a força do verbo “seguir”, o qual também pode ser traduzido por “perseguir”, considerando que, ao olhar para a igreja, constato que esta tarefa está se tornando um desafio cada vez mais gigantesco e distante, requerendo muito mais esforço do que se pode imaginar. Portanto, sondemo-nos e façamo-nos algumas peguntas tais como: estou perseguindo insitentemente a paz com todos? Estou perseguindo insistentemente a santificação? Verei, de fato, a Deus?

Rev. Marcos Martins Dias

31 agosto 2007

FÉ E SENTIMENTOS

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem”. Hb. 11:1

Em inúmeras ocasiões já ouvi colocações que põem a fé em um relacionamento muito estreito com os sentidos. Não quanto à influência que ela exerce sobre eles mas, como se a prova de sua existência estivesse condicionada ao que se ouve, se vê, se sente, se toca e, de algum modo, até se “saboreia”.
Preocupa-me observar a definição superficial que se atribui a algo tão sublime ao mesmo tempo em que concluo que, longe de promover a satisfação divina, muitos seguem confundidos e emaranhados em seus próprios sentidos, avaliando sua condição espiritual a partir de condições que, por variadas vezes, se mostram instáveis, traiçoeiras, passageiras e, geralmente, condicionadas às circunstâncias em que vivem, levando-as a avaliar a fé a partir das emoções que as acometem.
Ao contrário de tudo isto, a fé lança fora todas as possibilidades humanas e enaltece a majestade divina. Anula todos os recursos de que disponho e desafia-me a crer, mesmo quanto sou arremetido “contra a esperança” (Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. “Rm. 4:18”).
Seu significado transcende à compreensão humana de modo que não se restringe ao racional sem se tornar, por isso, irracional mas, enquadrando-se no que se se qualifica como “intangível” por seu caráter supraracional e por sua desarmonia com a natureza humana decadente, impiedosa e descrente, sendo antes de mais nada, um extraordinário dom que Deus concede ao mais fragilizado e insignificante ser que existe entre todos os mortais (Ef. 2.8).
Quão gratificante é exercitar a verdadeira fé. Nada pode erradica-la de um coração legitimamente convertido, exatamente como está escrito: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Rm. 8. 35, 38 e 39.
Comportemo-nos de tal maneira que, em detrimento de nossas perdas ou ganhos, sejamos legítimos “recipientes” daquela fé sem a qual é impossível agradar a Deus (Hb. 11.6)

Rev. Marcos Martins Dias

23 agosto 2007

SER OU ESTAR

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mt. 7:21

A igreja cristã sempre foi composta por dois grupos claramente definidos na Escritura, representados por figuras como “joio e trigo” por exemplo, demonstrando que nem todos os que “estão” na igreja visível “são”, necessariamente, parte da igreja invisível.
Quando usamos a expressão “estar na igreja”, nos referimos àqueles que vivem ou viveram entre nós, mas que, na realidade, nunca foram parte integrante da igreja invisível. São pessoas que podem até fazer alguma coisa, sendo extremamente atuantes e marcar sua presença por algum tipo de realização; entretanto, isto não garante a quem quer que seja a entrana no Reino de Deus.
Por outro lado, os que são da igreja, sempre estarão nela; não importa qual seja a Cidade, Estado, País ou Cotinente. O importante é que eles pertencem aqui e agora e continuarão pertencendo por toda a eternidade à igreja do nosso Senhor Jesus.
É preciso lembrar que Deus nos habilitou para fazer a diferença entre qualquer grupo de pessoas; principalmente em meio à sociedade que dominada pelo príncipe deste mundo. Além disto, sempre haverá situações em que precisaremos fazer a diferença entre os que integram a própria igreja, considerando o fato de que sempre existirá quem esteja entre os cristãos sem, no entanto, ser parte deles.
Mesmo que algum dia nosso nome deixe de integrar o Rol de Membros da igreja visível, quando nossos olhos se fecharem, é importante estarmos certos que, quando isto ocorrer, teremos a garantia de que, da eternidade, ele jamais será extinto.
Labutemos por esta obra na certeza de que não somente estamos na igreja mas, com muito mais propriedade, estamos firmados na certeza de que somos parte inseparável do corpo de Cristo Jesus. Rev. Marcos Martins Dias

17 agosto 2007

COMUNHÃO

É PRECISO CONCORDAR

“Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” 1 Co. 1.10

Um dos grandes desafios da igreja hodierna é encontrar pontos comuns, os quais produzem a comunhão prescrita na Palavra de Deus a ser observada por todos os cristãos.
Sem a intenção de abrir um leque que não poderia ser solucionado neste pequeno arrazoado, prefiro concentrar minha atenção no relacionamento que envolve pessoas que compõem uma mesma Igreja local.
Desde que o pecado entrou no mundo, a simples tarefa de andar de acordo uns com os outros desenvolvendo uma comunhão contínua, se tornou um trabalho desafiador. Tão desafiador que não é incomum saber de alguns que têm dificuldades de relacionamentos com outros, mesmo congregando num mesmo lugar, se dirigindo ao mesmo Deus, Lhe oferecendo adoração e louvor, entregando suas contribuições e, com maior ênfase, se assentando “à mesa” para participar da Ceia do Senhor.
Estamos diante de algo comum, porém anômalo. Uma situação que, embora seja facilmente verificada no trato de muitos que professam a fé cristã, jamais deve ser considerada como algo normal, posto que contraria todos os princípios de comunhão estabelecidos na Palavra de Deus. Com isto, não estou advogando em favor da chamada “política da boa vizinhança”, a qual é mantida a qualquer custo. Refiro-me a preservar a comunhão mesmo quando determinados pontos de vista se divergem em questões que não ferem as Escrituras, mas dizem respeito apenas a posicionamentos de cunho pessoal, relacionados a elementos que são transformados em verdadeiros “cavalos de batalha”, levando inclusive pessoas consideradas sérias a romperem seus relacionamentos e a terem extrema dificuldade até para, simplesmente, cumprimentar aquele que se assenta em um dos bancos de uma mesma Igreja.
A questão é muito mais séria do que podemos imaginar. Note que, além do texto em epígrafe, encontramos muitas outras observações na Escritura voltadas para a comunhão entre irmãos. Paulo, por exemplo, aponta duas situações: 1. Em Filipenses 2.2, ele diz: “completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.; e 2. Faz uma séria exortação a duas irmãs de Filipos que, embora muito úteis no serviço cristão, estavam vivendo algum tipo de desentendimento, a ponto de receberem a seguinte exortação: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor.” Fp. 4.2.
Não é preciso apelar para qualquer argumentação no sentido de apontar a necessidade urgente de reverter este tipo de problema. Basta lembrar que duas pessoas que estejam em desacordo estão impedias de prestarem culto ao Senhor, além de se exporem a uma situação muitíssimo complicada, colocando em xeque, qualquer possibilidade de entrarem, juntas, no Reino de Deus (Mt. 5.23-26). Estes motivos já deveriam ser suficientes para fazer com que os discordantes procurem, com urgência, andar de acordo, viver em comunhão, vencer suas diferenças e preservar a paz, a harmonia e a unidade da fé. No entanto, se preferirem pôr este assunto de lado, fiquem à vontade; mas, é bom lembrar da inutilidade do culto que se presta e o inevitável questionamento da legitimidade de sua fé, amor, humildade, mansidão, disposição para perdoar, para ser perdoado etc. Virtudes estas, fundamentais para nos acompanharem em nossa entrada no Lar Eterno.
Convido cada um a pensar seriamente a respeito e a tomar, urgentemente, as providências necessárias para que todos possamos confirmar que, de fato, temos parte no Corpo de Cristo e que, definitivamente, não estamos nos iludindo pensando que somos salvos quando, na verdade, podemos estar, definitivamente, perdidos.
Rev. Marcos Martins Dias

09 agosto 2007

PAI POR CONVENIÊNCIA

“o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.” Lc. 15:12

Tem sido muito comum aplicar esta parábola a casos de membros de igrejas que se afastaram do convívio eclesiástico ou retornaram depois de estarem algum tempo distantes, vivendo à margem dos preceitos bíblicos.
Entretanto, estes não são exatamente os personagens representados no texto. Os elementos a serem enfocados aqui apontam para Deus, para o homem em seu estado decaído e para os judeus, os quais, na pessoa do irmão mais velho, não compreendiam a oportunidade de arrependimento que foi estendida aos gentios.
A forma desdenhosa como o filho mais moço tratou seu Pai demonstra claramente a atitude que todos herdamos de nossos primeiros pais e que, conduz-nos naturalmente a um comportamento egoísta, recebendo continuamente inúmeros favores de Deus sem, entretanto, demonstrar-Lhe uma sincera gratidão.
Pelo contrário, além desta terrível condição, some-se a isto, a visão míope que se tem de Deus, geração após geração. Refiro-me àquela idéia de que Deus é Pai somente naquilo que nos é conveniente, ou seja, é dEle que procedem todas as bênçãos que recebemos e, diante disto, nada melhor do que viver continuamente atrás de Seus favores, quando, por outro lado, não é tão difícil se esquecer que esta é uma “via de mão dupla”; isto é, assumir a qualidade de filho é também responder aos favores divinos com uma vida de irrestrita, integral, alegre e espontânea obediência. É sempre procurar dar o melhor de nós como nos é dito por Jesus: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.” Mc. 12:30.
Além disto, nesta época do ano em que se comemora o dia dos pais, é bastante oportuno fazer um outro tipo de análise: este não seria o mesmo procedimento que vem sendo observado no tratamento que muitos filhos têm dispensado aos seus progenitores? Não temos visto muitos lhes chamarem de pai quando, na realidade, trata-se apenas de uma questão de conveniência?
Ser pai envolve um relacionamento alicerçado no amor, onde a prática do “dar e receber” é uma constante reciprocidade. Ser pai envolve receber do filho a honra, o respeito, a dignidade e, dentre tantas outras coisas mais, a fundamental obediência, os quais chancelam e legitimam a declaração de que nossa vida é adornada pela presença paterna no sentido mais abrangente do termo.
A constatação de que a atitude de Deus em relação a nós está revestida de infinita misericórdia é uma referência que nos conduz a compreender atitudes benevolentes de nossos pais para conosco, mesmo quando não se pode verificar qualquer merecimento de nossa parte.
Diante disto, o mínimo que se deve esperar de nós é que não sejamos “filhos apenas naquilo que nos interessa”. Esta situação nos qualificaria como bastardos e nos enquadraria perfeitamente na deplorável condição que acometeu aquele filho mais moço da parábola. Ao contrário disto, devemos aproveitar a ocasião para fazer uma justa análise introspectiva, verificando o tipo de tratamento que temos dispensado a Deus, o nosso Pai, assim como aos nossos progenitores, aos quais precisamos sempre devotar o sublime amor incondicional.
Rev. Marcos Martins Dias

02 agosto 2007

NÃO FALEIS MAL UNS DOS OUTROS

“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.”
Tg. 4.11

Há tantos assuntos simples e claros nas Escrituras que, ao nos ocuparmos com os mais difíceis que requerem estudos aprofundados, exegeses acuradas, pesquisas mais variadas, não é incomum correr o risco de, inconscientemente ou não, pôr à parte elementos básicos que compõem o dia a dia do cristão em detrimento de se ocupar em interpretar com esmero e dedicação questões doutrinárias que se apresentam como verdadeiros desafios para os pesquisadores.
Nesta empreitada também não é incomum tropeçarmos na medida que focamos nossa atenção para situações consideradas mais relevantes na teologia.
O imperativo exposto acima é um exemplo claro que define perfeitamente a questão a que me reporto. Sem exigir aquele esforço comum dedicado pelos pesquisadores, ainda que este texto requeira igual atenção e zelo, não é incomum observar tantos estudiosos, crentes sem qualquer formação acadêmica, teólogos, mestres e doutores tropeçarem na falta de observância deste simples mandamento.
Deus, em Sua infinita sabedoria, jamais nos deixou à vontade para fazer uso da lei em prol de condenar quem quer que seja. Ao contrário, se a lei não aponta, antes de mais nada, para mim mesmo, então, definitivamente, não compreendi o seu propósito e, conseqüente e inevitavelmente, farei uso equivocado dos preceitos divinos, julgando aos outros e difamando-os, descumprindo o que nos é dito pelo apóstolo Paulo em I Tm. 6.3-5: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.”. Associe-se a este texto o que está escrito em Rm. 1.28-31.
Seria extremamente gratificante poder cultivar uma confiança irrestrita naqueles irmãos com os quais nos relacionamos continuamente; entretanto, o fato é que a coerência aponta para aquela premissa onde se admite que “se falam dos outros pra mim, falarão de mim para os outros” e, quisera eu dizer que nesta regra existem exceções. Por vezes pergunto a mim mesmo sobre quantas vezes devo ter sido traído por pessoas muito próximas de mim.
Sempre rogarei a Deus que “ponha guardas na minha boca” considerando que minha posição sempre deve ser a de observador, cumpridor dos preceitos divinos e não aquele juiz que, pela lei, não tem nenhuma dificuldade em apontar as deficiências alheias.
Sejamos sempre criteriosos em nosso modo de criticar, avaliar, julgar, questionar atitudes réprobas sem, entretanto, cairmos na terrível armadilha de nos autoposicionarmos como juizes e não como fiéis observadores das Escrituras.

Rev. Marcos Martins Dias

01 agosto 2007

DEUS PODE ESTAR ME DEVENDO

“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Rm. 6:23

Em nossa era pós-moderna, temos verificado uma variedade de comportamentos cristãos desprovidos de qualquer fundamento bíblico e, por vezes, sem sentido e até agressivos a princípios claramente estabelecidos nas Escrituras.
Dentre estas “aberrações” verifica-se a prática de “determinar” que Deus faça isto ou aquilo como se Ele nos devesse alguma coisa. Ao contrário do que está posto pelo apóstolo Paulo que, ao empregar o vocábulo “salário”, esta sendo enfático em relação ao que todos merecemos receber de Deus por nossa condição de pecadores. E, sendo assim, se há algo que eu “poderia” requerer em tom de obrigação de Deus para comigo, seria tão somente a condenação, uma vez que é o que mereço e, se preferir, pode colocar em condição de dívida herdada em Adão.
Além do mais, não basta dizer que Deus é Senhor quando meu comportamento não se compatibiliza com o que isto quer dizer. Sendo Ele Senhor e eu o servo, se há alguma dívida, certamente diz respeito a mim e não a Deus. Eu sou o devedor e Ele é o merecedor. Jamais se deve confundir o “dom gratuito” com algum tipo de obrigação. Dom gratuito é “favor”, é “graça” e, sendo assim, a dívida é paga com um único salário: “a morte”; por outro lado, a vida eterna é um favor adquirido em Jesus Cristo que pagou em lugar de quem jamais poderia quitar e reverter o quadro de devedor para merecedor.
Isto é posto de um modo bem simples quando Jesus emprega a parábola do “servo inútil”. Ao final de Sua dissertação fica claro que, por mais que o servo tenha feito, ele sempre se considera alguém “a quem nada se deve” posto que fez apenas o que devia fazer.
Diante desta perspectiva, conclamo os incautos, irreverentes e presunçosos a que revejam a terrível postura de impor sua vontade a Deus, determinando-Lhe que faça isto ou aquilo. Não o digo por minha causa. Estou consciente de que nada mereço e que é meu prazer prostrar-me de joelhos, inclinando-me aos pés do Senhor, sempre à Sua disposição para cumprir a Sua vontade. Minha exortação visa o próprio bem de quantos, equivocadamente, ainda não aprenderam a se colocar na sua condição de servos e, resignadamente, se entregarem confiadamente à boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Que o Senhor nos abra o entendimento para saber quem somos, o quanto devemos e nos ajude a compreender definitivamente que Ele não nos deve absolutamente nada. Suas bênçãos, que têm como ponto de partida a eterna salvação, resultam exclusivamente da obra realizada por Cristo na cruz a Quem precisamos atribuir todo mérito dos favores que Deus nos presta continua e diariamente. Somente assim seremos legitimamente gratos e sempre dispostos a cumprir alegre e espontaneamente a Sua vontade.

Rev. Marcos Martins Dias

26 julho 2007

NÃO CAIRÁ SEM O CONSENTIMENTO DO PAI

”Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai.” Mt. 10:29

Em menos de um ano, mais um trágico acidente provoca a morte de inúmeras pessoas envolvendo o transporte aéreo brasileiro e, assim como é da competência das instituições que gerenciam o setor, fazer todas as análises ao seu alcance, no intuito de apurar os detalhes da situação, aos cristãos compete também, refletir com mais vagar e aprender a lidar com este intenso pavor como também não questionar os motivos de Deus, considerando que Ele governa sobre tudo e sobre todos, como afirma o salmista: “Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.” (Sl. 103.19)
A queda de um pardal pode não nos chamar a atenção; mas é o suficiente pra ilustrar o modo como Deus governa todas as coisas grandes e pequenas, visíveis e invisíveis, nos céus e na terra, nos confins do universo.
Quanto à queda de um avião, contendo 186 pessoas e mais tantas outras que, mesmo em solo firme, foram vitimadas pelo mesmo acidente, constitui-se num cenário suficiente pra atrair os holofotes do mundo inteiro. Mas, note: o princípio é o mesmo. “Não caíra sem o consentimento de vosso Pai.”
Não há nada de errado em apurar as responsabilidades humanas. O que não se pode fazer é ficar no meio do caminho e excluir a participação de Deus neste momento crucial da história de qualquer ser humano. Refiro-me ao momento em que chega o instante de deixar o mundo e atravessar a fronteira existente entre a vida e a morte. Em nenhuma parte da Escritura Deus é apontado como o Criador que contempla o que se passa no mundo passivamente, apenas conhecendo seus resultados. Pelo contrário, Ele ocupa o trono e gerencia toda a história. Tiago entendeu muito bem isto ao ponto de afirmar: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Tg. 4.13-15
Diante desta realidade, a nós compete viver, humildemente, descansados nos eternos desígnios de Deus e preparados pra o dia de nosso grande encontro com o Autor e Consumador da vida.
De certa forma, confiante da salvação obtida por Cristo na cruz, o cristão sempre deve ser aquele que está pronto pra comemorar a sua partida e lembrar que os que ficam não são apenas os que choram, mas muitas vezes são aqueles por quem, provavelmente, devêssemos chorar.
Seja este o nosso consolo e também o nosso preparo para qualquer situação que se nos apresente como uma espécie de “vale da sombra da morte”.
Rev. Marcos Martins Dias

11 julho 2007

PARE DE SOFRER - UM CONVITE AO ATROFIAMENTO

“Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.” Sl. 119:71

“PARE DE SOFRER”. Esta é a proposta que tem revestido o conteúdo de muitas mensagens pregadas em diversas igrejas e através de variados meios de comunicação. No entanto, há que se considerar sua incompatibilidade com a Escritura e a incoerência entre o que se propõe e a realidade de uma vida sem sofrimento.
O salmo citado acima é apenas uma das infinitas referências que podem ser empregadas pra fundamentar nossa argumentação, enfatizando que não estamos lidando com algum tipo de masoquismo, mas com o propósito e a necessidade do sofrimento na vida cristã.
Dentre os diversos exemplos conhecidos, destaquemos apenas três dos mais explorados tais como “Jó, Jonas e Paulo”.
No caso de Jó, basta lembrar que, somente depois de enfrentar a dura provação a que foi submetido, chegou à seguinte conclusão: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” Jó 42:5. Em relação a Jonas, nas profundezas do oceano, sob intensa escuridão, acomodado no ventre de um peixe, envolvido pelas algas, entre fome e sede ao longo de três dias, sua inclinação para a desobediência e disposição para fugir da determinação divina se transformaram num espírito de resignação, arrependimento, reconhecimento da grandeza de Deus e desejo de cumprir a Sua vontade (Jn. 2.1-9).
Quanto ao apóstolo Paulo, basta que se mencione o que nos é dito em I Co. 12.10, onde lemos: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.”.
Além dos exemplos citados acima, um estudo minucioso do significado de “provação” seja no Velho ou Novo Testamento, nos mostrará que o processo inclui algo como ser “aquilatado como o metal que passa pelo fogo”.
Tendo isto em conta, o mínimo que se deve esperar é que o cristão tenha estrutura suficiente para suportar o processo divino de lapidação através do qual é aperfeiçoado; o que, sem dúvida, descarta qualquer intenção de ficar definitivamente livre do sofrimento. E, neste caso, o melhor a fazer é abraçar as palavras encorajadoras registradas em I Co. 10.13: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.”. Cabe ressaltar que o mesmo vocábulo grego utilizado para "tentação" também é traduzido por "provação" e, a linha mais coerente a ser seguida no caso deste texto aponta para o seguinte entendimento: "não vos sobreveio provação que não fosse comum a todos os homens...".
Fica, então, a responsabilidade de decidir pela lapidação ou pelo atrofiamento espiritual. Basta que se compreenda, se submeta e supere as provações pelas quais é preciso passar continuamente e, sem qualquer dúvida, os resultados sempre estarão garantidos pelo nosso Deus.
Rev. Marcos Martins Dias

05 julho 2007

UM ESPELHO EM MINHAS MÃOS

“Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.” Tg. 1.23 e 24

Todo crente que se preze, no mínimo, possui uma bíblia como ferramenta fundamental para o exercício da vida cristã; e assim como é comum e normal notar que esta é uma antiga característica dos evangélicos, também é comum perceber a constância com que ela é utilizada para avaliar pessoas, circunstâncias, doutrinas sem, antes, cumprir o seu propósito primário que é avaliar o seu próprio possuidor. Uma regra que, como tantas outras, tem a sua exceção.
Ao constatar este fato considerado comum, o bom senso nos alerta quanto ao caráter anômalo deste modo de manipular a Palavra de Deus.
Sem descartar a realidade de que ela deve ser sempre objeto de estudo, o ponto que procuro enfatizar diz respeito à perda de sua utilidade primária que é servir como uma espécie de espelho de seu próprio usuário.
Esta é uma clara advertência contida na epístola de Tiago que, na minha opinião, encontra um vasto e fértil campo onde têm se multiplicado os que possuem um espelho nas mãos com o objetivo de analisar as coisas de um modo regressivo até cumprir o fundamental objetivo de refletir a imagem de quem a tem em sua mãos. Isto sem abordar o terrível risco de enxergar a si mesmo a partir de uma visão tão fortemente preconcebida interiorizada que leva os olhos a enxergarem o que o espelho, na verdade, não mostra, gerando conclusões erradas e atitudes equivocadas impedindo de se ter uma idéia realista a cerca de si mesmo.
Davi é um bom exemplo a ser utilizado aqui. Em determinada ocasião, ele passou pelo crivo deste “espelho” por duas vezes consecutivas. Na primeira, pensou ver claramente a figura de um pecador incauto e abastado que arrancou uma ovelhinha das mãos do vizinho pra oferecer aos seus convidados. Num segundo momento, quando o profeta Natan vai direto ao assunto, os olhos do rei percebem que o monstro configurado em sua mente era simplesmente o seu próprio reflexo. A partir daí pode-se compreender o sentimento que tomou conta de si através de expressões como “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.” (Sl. 51.3)
Cuidemos pra que não se nos ocorra estar tão concentrados com o que se passa ao redor a ponto de esquecer de avaliar a nós mesmos. Cuidemos para que a Palavra de Deus seja analisada com prudência, seriedade, refletida demoradamente e, dentre outras coisas, seja utilizada para reparar nossas próprias deformidades antes de ser empregada para descrever e nos orientar quanto aos fatos, pessoas, doutrinas e circunstâncias exteriores.

Rev. Marcos Martins Dias

29 junho 2007

FÉRIAS DE JULHO - APROVEITE A VIDA

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.” Ef. 5.16 e 16

O mês de julho traz oportunidades esperadas desde as férias de final de ano. E, em detrimento de quaisquer que sejam as dificuldades vividas no momento, é muito comum reservar um bom tempo pra sair da rotina e aliviar a cabeça.
Isso é ótimo porque ao final de um merecido descanso, é bom estar pronto para a retomada dos muitos afazeres que nos ocupam o ano inteiro, à exceção dos “poucos” feriados e dos meses de férias que desfrutamos para nos recompormos e conseguirmos permanecer de pé diante dos desafios diários que enfrentamos.
É certo que decidir sobre o que fazer nestas épocas não é uma tarefa difícil pra muita gente; entretanto, em qualquer circunstância, nada melhor do que recorrer à Escritura pra termos a certeza de que o que quer que pretendamos realizar ou já estejamos fazendo, sejam úteis para hoje e para o futuro.
Olhando por este prisma, invocamos as sábias palavras do apóstolo Paulo, o qual, munido de grande bagagem sobre o significado de aproveitar a vida, encaminha este importante conselho à Igreja de Éfeso, depois de fazer uma profunda abordagem sobre o perfil daquele que é nascido de novo, contrapondo sua vida e atitudes às do velho homem, o qual, ao mesmo tempo em que confunde liberdade com o viver sem regras e sem limites, nada mais é do que um escravo de sua própria vontade, acumulando sobre si a maldade que lhe é peculiar e a resultante condenação que o focaliza, por mais feliz que a vida lhe pareça ser.
O cristão, diz Paulo, não é assim. Suas atitudes diferem, em muito, daquelas praticadas pelos que não têm qualquer temor a Deus e, diante desta clara diferença, uma das provas de seu reconhecimento é, não somente saber que os dias são maus, como também aproveitar cada momento pra fazer a diferença que se espera dele, andando prudentemente, remindo o tempo.
É tão comum alguns crentes trabalharem intensamente na Igreja que as férias se apresentam como uma oportunidade de descansar desta “estafante” rotina, ao mesmo tempo em que podem não alterar nada para aqueles que já não se envolvem o tanto quanto deveriam com o trabalho eclesiástico e que, portanto, nada precisam mudar a não ser fazer o que, normalmente, fazem: descansar de seus muitos compromissos de rotina e de uma incômoda fadiga.
Antes de qualquer julgamento precoce é bom lembrar que Paulo não está tratando de qualquer tipo de férias, mas o assunto é pertinente. Refiro-me a estar de folga pra fazer o que deve ser natural no cristão, ou seja, diferenciar-se do ímpio, aproveitado as oportunidades pra preservar a si mesmo, influenciando com uma vida calcada no Evangelho e sem sofrer as conseqüências de uma sociedade funesta e decadente sem perspectivas de grandes melhoras.
Que o Senhor nos dê a sabedoria suficiente pra aproveitar a vida não somente nas férias de cada ano, mas durante todos os dias de nossa existência.
Rev. Marcos Martins Dias

21 junho 2007

CONDENADO AO INFERNO POR UM INSULTO

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás... Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão... e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.” Mt. 21,22

O longo período que se estendeu desde o tempo em que o último profeta falou no Velho Testamento até o surgimento de João Batista clamando no deserto (um tempo de aproximadamente quatrocentos anos), o contato dos judeus com a Lei e a sua interpretação sofreu a terrível interferência ocasionada com o surgimento da seita dos Fariseus, apoiada pelos Escribas, os quais, juntos, deturparam o sentido original dos mandamentos dados ao Povo de Deus.
Desta forma, Jesus Se utiliza de expressões como “ouvistes que foi dito... eu, porém, vos digo”, resgatando o verdadeiro ensino que a Lei transmite.
O Mestre não estava colocando em xeque a própria Lei; pelo contrário, confrontava sua errônea interpretação, posto que, deixa definitivamente claro que não veio revogar a Lei ou os Profetas, e sim, cumprir (Mt. 5.17).
Textos como estes lançam por terra qualquer intenção consciente ou não de dar um sentido mais brando à Graça que se manifestou por meio de Jesus, considerando que, por meio dela, a Igreja dispõe da maravilhosa oportunidade de atingir sua maturidade, compreendendo a Lei em seu sentido mais profundo e, aterrorizada pelo pecado nela manifestado, ampara-se desesperadamente na única possibilidade de se ver livre da condenação, ou seja, a total obediência observada por Jesus em lugar de pecadores desprovidos da mínima chance de se salvarem por meio das obras.
O texto em epígrafe é um pequeno exemplo da seriedade que reveste este assunto. Se por um lado o assassino impenitente está destinado à condenação eterna, Cristo não alivia a punição para os que fizeram “apenas um insulto”, afirmando que ambos estão, igualmente, sujeitos ao fogo do inferno.
Pode parecer um terrível engano, um exagero, uma situação extremamente utópica; entretanto, o apóstolo Paulo compreendeu bem tal situação na medida que diz: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe... Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia... Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados... Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças. Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.” (Ef. 5.29-6.5)
Ora, se Paulo compreendeu devidamente a intensidade do compromisso decorrente da graça, com que autoridade poderíamos nós dissociar a obediência da Lei sob o escudo de uma liberdade não autorizada a qual definimos como “graça”?
Em síntese, é preciso olhar com igual reverência para a Lei cumprida em Cristo e a justificação alcançada por meio da graça, levando-nos a nos prostrarmos de joelhos diante do Pai e a andar de modo digno da vocação a que fomos chamados (Ef. 3.8, 4.1).
Assim sendo, que a Graça de Deus nos transforme em pecadores mais penitentes.

Rev. Marcos Martins Dias

16 junho 2007

CONHECIMENTO PROFUNDO E TRANSFORMADOR

“Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido”. Hb. 5:12

Tenho acompanhado, pessoalmente e por diversos veículos de comunicação, estudos, mensagens, debates teológicos de grande profundidade e até assuntos recheados de idéias mirabolantes, por vezes, absurdas, resultantes do que se pode chamar de “particular elucidação” cf. 2 Pd. 1.20, consumindo tempo, dinheiro, desgastes intelectuais, psicológicos, físicos e emocionais e que, em sua maioria, envolvem pessoas que já são membros de algum seguimento evangélico.
Apesar de um elevado número de discussões sem qualquer sentido, não se pode questionar que muitos assuntos estão revestidos de grande bagagem doutrinária, resultante de um trabalho sério fundamentado nas Santas Escrituras.
Alguém poderia argumentar que tais exposições bíblicas devem ter como público alvo, os que já são convertidos e que reúnem alguma maturidade para irem mais além dos princípios elementares recebidos no início de sua vida cristã.
O problema que percebo é que, possivelmente estejamos precisando rever se, de fato, compreendemos os princípios elementares para, então, avançar numa escala ascendente em um aprofundando cada vez maior nas demais questões indispensáveis para o desenvolvimento cristão.
Tal julgamento se baseia na falta de impacto que a igreja, com alguma exceção, vem demonstrando em relação ao mundo, pela manifestação de atitudes e palavras que depõem contra os que se julgam bons entendedores de teologia, pela constatação de um crescente proselitismo ou, se preferir, remanejamento de crentes de um movimento pra outro e, em detrimento do crescente número de “expositores” da Escritura, por outro lado, não se sabe ao certo quem tem sido, legitimamente, transformado em meio a tão “farto conhecimento”, quando o objetivo deve ser fazer com que Deus seja conhecido e que o pecador seja santificado do início ao fim de toda a sua vida.
Não será inoportuno refletir nas seguintes palavras do Autor aos Hebreus: “Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados, e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo.” (5.1-3).
Sem dúvida não faltará quem saiba analisar exegética e teologicamente o texto, trazendo este ensino para a nossa condição e, fazendo isto, compreenderão o ponto onde pretendo chegar, ou seja, nosso discurso deve ser apontar pra nós e para os que ainda permanecem no lado de fora do aprisco; de outro modo, qual será a utilidade de tanto conhecimento? Nossos debates, discursos, mensagens e nossas reuniões, estarão restritos a grupos de crentes que, em decorrência do desvio de foco em relação ao “ide”, podem se enfraquecer até que permaneçam apenas os que se constituem essencialmente na Igreja Invisível do Senhor Jesus.
Rev. Marcos Martins Dias

09 junho 2007

PARA A GLÓRIA DE DEUS

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” 1 Co. 10:31

O mês de junho chegou e com ele as típicas festas realizadas nesta época do ano. São inúmeras alternativas pra se ter uma boa diversão: “canjicadas, pamonha, mingau de milho verde, o tradicional quentão, danças de quadrilha, chapéu de palha, roupas quadriculadas e rasgadas, fogueiras e fogos etc.”
Como saber se o crente deve ou não participar do que se realizam nas escolas, nos clubes e em outros estabelecimentos quaisquer?
Não adianta procurar na Bíblia algum texto que, de um modo claro e minucioso, nos diga: “sim. Participe.” ou “não. Fique de fora das festas juninas”. A Bíblia não é um livro de regras, mas de princípios que norteiam o comportamento cristão; e, sendo assim, o que se espera de cada um é que haja maturidade pra saber o que convém e o que não convém. O que é lícito e o que não é lícito.
No texto acima, Paulo trata de um assunto similar na medida que se reporta a um contexto idólatra, assim como é idólatra o País em que vivemos.
Observe que o apóstolo, apesar de estar lidando com um assunto delicado, não deixa os crentes de Corinto sem a orientação mais apropriada, visando preservar a legitimidade de sua fé sem que eles, pra isto, tivessem que abrir mão de algumas práticas que, por si mesmas, não eram pecaminosas.
Esse é o papel de todo ministro que deseja o melhor para o rebanho que pastoreia; e, em decorrência disto, por vezes temos que lidar com assuntos cuja consciência precisa estabelecer o veredicto.
Sendo assim, nada melhor que seguir o pensamento paulino expresso no capítulo dez da epístola aos coríntios, ou seja, o mais sensato a fazer é invocar o objetivo maior para o qual fomos criados: a glória de Deus.
Tendo isto como alvo supremo, não fica tão difícil decidir quanto ao que devo e o que não devo fazer. Note que o texto é claro na medida que diz: “... fazei tudo para a glória de Deus”.
Para alguns esta colocação pode parecer lacônica ou furtiva; entretanto, ao contrário disto, somos convocados a avaliar se o que fizemos, fazemos ou faremos conta com a aprovação de Deus e aponta para a Sua honra e glória.
Talvez uma forma bem simples de fazer esta verificação seria se perguntar: Cristo me acompanharia pra onde pretendo ir? Ele participaria comigo do que pretendo fazer? Se sentiria à vontade com os amigos com os quais pretendo me reunir? Comeria o que como? Beberia o que bebo? Se assentaria comigo e com meus amigos? Participaria de nossas conversas e atitudes?
Apelar pra consciência não é um trabalho fácil; mas responder a questões assim já não é tão desafiador. Desde que eu conheça bem Aquele a quem sirvo, certamente conhecerei a melhor maneira de agradá-Lo e me comportarei de tal forma que, tudo quanto eu fizer redundará na honra e glória de Deus.
Assim sendo, rogo ao Senhor que nos ajude a fazer o que é certo de modo que se cumpra em nós o que foi dito por Jesus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Mt. 5:16
Rev. Marcos Martins Dias

01 junho 2007

FOLHAS QUE NÃO MURCHAM

“Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido.” Sl. 1:3

Embora no Brasil não seja muito comum notar as transformações que ocorrem, anualmente na natureza, em decorrência das mudanças climáticas características de cada estação, em outros países a situação é muito diferente. Depois de passado o verão, o outono e o inverno provocam uma drástica mudança em suas paisagens e, de um modo particular, num primeiro momento, as folhas secam, caem e geram uma imagem cinzenta do que antes era marcado por um quadro caracterizado por sua multicor. Depois disto, cai a neve, o frio se intensifica, o cinzento é substituído pelo alvo impactante, o qual se estabelece sobre árvores, campos, montanhas e lagos, cidades inteiras, exibindo a imponência de um rigoroso inverno, onde tudo parece muito calmo e silencioso.
Algumas vezes tenho a impressão de que a igreja também experimenta algum tipo de mudança climática ou de estação. Outras vezes penso que algum clima veio pra ficar e, nesse caso, mesmo que a temperatura mude lá fora, o que se passa no coração não apresenta sintomas de alguma tendência em se modificar.
Quando este é o caso da natureza, ficamos como que em estado de alerta. Em se tratando da igreja, entretanto, a questão é totalmente contrária. Ela precisa apresentar folhas sempre verdes, acompanhadas de flores e frutos, provas incontestáveis de sua robustez e do caráter vívido originário de Sua Fonte primária responsável por vigor permanente e por uma beleza crescente.
O Salmo primeiro disserta sobre esta situação. Ele aponta para as evidências apresentadas pelo justo e pelo ímpio, ficando claro quem ainda está vivo e quem está sem beleza, sem brilho e sem cor, secando desde a raíz.
Numa época de frio intenso, é inevitável deixar de analisar e constatar que a primavera e o verão já se foram, o outono se instalou e mesmo antes que chegue o inverno, algum tipo de frieza espiritual parece superar todos os limites, invadindo estações adentro e se perpetuando na vida de um incontável número de pessoas.
Desta forma, ainda que não haja “tempo ruim” para se manter no trabalho, para desfrutar de algum tipo de lazer, para investir em uma boa formação acadêmica, dentre outras coisas mais, o “tempo está fechado” quanto a investir na vida espiritual. O frio intenso não consegue estimular o apetite pelo genuíno leite espiritual, amortece a disposição para a oração, resseca os lábios impossibilitando-os para a evangelização o louvor e a adoração, fazendo morrer não a natureza terrena, mas dando clara demonstração de que a árvore pode estar morta e se definhando desde a raiz.
Convém que reflitamos sobre isto e tomemos as providências necessárias enquanto há chances de se reverter tal situação.
Que o Senhor nos ajude e nos esclareça em mais este grande desafio.
Rev. Marcos Martins Dias

28 maio 2007

DEBAIXO DA PONTE - UMA BOA IDÉIA

“Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR, do que grande tesouro onde há inquietação.” Pv. 15:16

Numa época de mestres, doutores e especialistas em vários assuntos, a família tem sido um dos pontos mais discutidos, explorados, preocupantes, especulativos e sem perspectivas concretas quanto ao seu futuro; e apesar de ser alvo de grandes holofotes, não são raras as situações em que ela se apresenta como uma instituição firmada sobre alicerces instáveis, configurando uma intrigante discrepância, posto que, quanto mais se sabe a respeito dela, tanto mais se erra nos esforços envidados para garantir-lhe o status de “célula mater” da sociedade.
Em outras palavras, o contraste entre famílias que se mostram estáveis e outras que se apresentam como um grupo de excluídos e marginalizados, provoca um grito inevitável que faz ecoar no mais profundo da alma um velho adágio popular: “prefiro viver debaixo da ponte”.
De algum modo isto pode fazer sentido posto que a pobreza, a exposição contínua ao perigo, a luta pela sobrevivência e, dentre outros desafios, a busca pela dignidade, são fatores que fortalecem os laços de uma família que se abriga entre caixotes, papelões, palafitas ou colunas de concretos de pontes e viadutos; a qual, apesar de não ser uma forma invejável de se viver, por vezes não é menos angustiante do que a experiência de uma família dilacerada pela concorrente rotina das faculdades, das estressantes jornadas de trabalho, do universo das ações, dos cartões de créditos, das contas bancárias, da Internet, dos celulares, dos veículos sofisticados, dos constantes transtornos gerados por um congestionado tráfego aéreo agravado por apagões, atrasos, ameaças de terrorismos e, além de tudo o que ainda se pode dizer, a falta de tempo pra se investir na própria família.
Com tudo isto e, em detrimento da miséria já constatada, a simplicidade de se viver debaixo da ponte pode parecer uma absurda alternativa diante do preço a ser pago para manter um status que encobre lares fragmentados e dilacerados.
Uma rápida olhada no texto destacado acima, conduziria a uma inevitável reflexão. Ele é reforçado por outros versículos constantes no mesmo capítulo, nos quais se diz: “Na casa do justo há grande tesouro, mas na renda dos perversos há perturbação... Melhor é um prato de hortaliças onde há amor do que o boi cevado e, com ele, o ódio... O SENHOR deita por terra a casa dos soberbos; contudo, mantém a herança da viúva... O que é ávido por lucro desonesto transtorna a sua casa, mas o que odeia o suborno, esse viverá... (vss. 6, 17, 25 e 27).”
Urge o tempo em que as providências corretas, prescritas na Palavra de Deus, precisam ser tomadas. Do contrário, não restará outra opção a não ser concluir que, de algum modo, “morar debaixo da ponte” pode ser uma boa idéia.

Rev. Marcos Martins Dias

19 maio 2007

NOSSA PRESENÇA NO LAR

“Qual ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lar.” Pv. 27:8

A figura que Salomão utilizou para representar a ausência no lar parece estar bem próxima da realidade que tomou conta das famílias desta geração.
Sem entrar no mérito das muitas explicações justificáveis, sempre será importante avaliar as situações que podem envolver uma ave que vagueia longe do seu ninho, mesmo quando seus percursos são percorridos em busca de alimento pra si mesma e pra seus filhotes, para dar provimento à estrutura de seus próprios aposentos e, dentre outros motivos, pra afugentar predadores.
Tal ave fica sempre exposta a condições climáticas desfavoráveis, à ameaça de ela mesma servir como presa para outros animais, como alvo para aventureiros e caçadores, deixando sua morada à mercê de inúmeras e perigosas circunstâncias.
Fica evidente o quanto ela precisa tratar seu ninho num duplo sentido: prestando-lhe assistência e também refugiando-se nele.
Não se discute que há perigos dentro e fora deste aconchego seja para a ave que sai ou para a ave que fica; entretanto, as dificuldades ganham força quando sua ausência se torna mais freqüente e demorada, ao mesmo tempo em que a solidão dos que ficam se agrava pela insegurança inerente aos que ainda se preparam para alçar vôo e alcançar a liberdade.
De um modo bem mais objetivo e sem minhas elucubrações hipotéticas, Salomão vai direto ao ponto, resumindo tudo isto e muito mais, na simples expressão “tal é o homem que anda vagueando longe de seu lar.”
Não é preciso se debruçar sobre algum tipo de enciclopédia pra constatar como nós estamos envolvidos por esta realidade crescente, onde o lar sequer pode ser comparado a uma parada pra “troca de pneus e reposição de combustível”. Deste modo não seria inadequado afirmar que, por necessidade ou não, o perfil atual de nossa habitação começa pela parte externa de nossos portões e se estende a todos os lugares onde podemos alcançar, gerando inúmeras dificuldades que, paradoxalmente, são a essência das múltiplas explicações utilizadas, inconscientemente, como uma enganosa camada protetora encoberta sutilmente pela inegável responsabilidade com que se deve tratar a família e também a nós mesmos, produzindo um efeito colateral que se avulta diante de olhos impotentes e que insistem em contemplar, dolorosamente, a falência múltipla dos elementos que configuram lar de nossos sonhos.
A solução pra tudo isto? Vagar menos e fazer com que os pés se aquietem muito mais. O resultado? O lar agradece e você agradecerá também.

Rer. Marcos Martins Dias

12 maio 2007

PROTEGIDOS NO LAR

“O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”. Ex. 12.13

No dia em que Deus decretou a morte dos primogênitos no Egito, os hebreus se refugiaram em suas próprias casas e ficaram livres de sofrer a décima e última praga que lhes serviria como divisor de águas separando-os da escravidão e da liberdade a ser desfrutada na terra que o Senhor prometeu dar a Abraão.
Creio que, em toda a história, nada pode se comparar à sensação de segurança trazida pelos limites que abrigavam aquelas famílias.
Deus ordenou que as ombreiras e as vergas (partes de sustentação das portas) fossem marcadas com o sangue dos cordeiros imolados para aquela ocasião.
Deste modo, todos os que estivessem da porta pra dentro, poderiam descansar tranqüilos porque a morte não adentraria seus lares, ao passo que o terror tomaria conta da parte externa habitada pelos egípcios, na medida que sofreriam a perda de todos os seus primogênitos.
Note que Deus não os tirou de lá para executar o Seu juízo. A habitação dos hebreus foi transformada num tipo de fortaleza onde não havia lugar para a condenação e onde a proteção e a garantia de salvação estabeleciam um grande contraste com a destruição que se passava ao seu redor.
Certamente que estes fatos estão carregados de uma série de significados que não devem ser desprezados e retirados de seu importante contexto; entretanto, não se pode negar que, de algum modo, há uma grande semelhança entre tudo isto e o Salmo 91.10, onde lemos: “Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.”
O ponto de convergência é a origem desta proteção. Em ambos os casos, Deus é a razão de se ter paz e segurança, ainda que o caos se estabeleça ao redor.
Não é preciso fazer muito esforço pra admitir que o que se passa do lado de fora de nossa casa está, continuamente, exposto às mais terríveis manifestações do juízo temporário de Deus. O que precisamos verificar tem a ver com o ambiente cultivado em nosso lar e se podemos considerá-lo um lugar seguro, amparado por uma divina proteção, onde se pratica os valores que nos acompanharão rumo ao lar eterno.
Que o Senhor nos ajude a fazer uma honesta avaliação de modo que nos asseguremos de que nosso lar manifesta uma divina proteção.
Rev. Marcos Martins Dias

06 abril 2007

UM TÚMULO VAZIO

“Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto.” Mt. 16.6 “e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive.” Lc. 24.23

Era uma manhã do primeiro dia da semana e um grande sentimento de perda havia tomado conta dos discípulos. A tristeza era tão profunda que, associada à incredulidade, não somente fez com que ignorassem a promessa feita por Jesus de que Ele ressuscitaria para Sua própria glória e para dar esperança à Sua Igreja.
Muitos se dispersaram e voltaram às suas antigas profissões; e aqueles que se encontravam reunidos ficaram surpresos com a notícia trazida pelas mulheres que haviam estado no túmulo e retornaram dizendo que Cristo havia ressuscitado.
Não posso imaginar qual seria a nossa reação se estivéssemos no lugar deles. Tudo o que eu sei é que, quando nos deparamos com um túmulo vazio, isto significa que o corpo de alguém será posto nele ou, com exceções, algum corpo já foi retirado para dar lugar a outro. Em nenhuma hipótese, trabalhamos com a possibilidade de uma ressurreição haver ocorrido. Um comportamento assim seria considerado anômalo.
Graças a Deus esta é uma realidade com a qual temos que lidar somente agora. A ressurreição de Jesus faz parte do clímax que caracteriza a Sua vitória sobre a morte e a garantia de que todos os mortos também vão ressuscitar.
Esta é uma realidade que o povo de Deus há de compartilhar com toda a humanidade em uma mesma ocasião. A única e grande diferença que existe repousa no fato de que, se por um lado a Igreja deixará o túmulo para inaugurar o início de uma nova realidade com Cristo, desfrutando do descanso eterno, por outro lado, os ímpios deixarão o túmulo vazio para enfrentar o terror de uma condenação que jamais terá fim.
É tempo de buscar desesperadamente Aquele que vive, lançando-se ao “Seus pés”, arrependidos e dispostos a mudar de vida enquanto é possível. Somente assim, um túmulo vazio deixará de significar o inevitável fim reservado pra todo mortal e passará a representar a linha divisória entre a turbulenta vida de um mundo decadente e a eternidade gloriosa preparada para os que “dormem no Senhor”.

Rev. Marcos Martins Dias

31 março 2007

PÁSCOA - UMA FESTA DE SALVAÇÃO E DE CONDENAÇÃO

“...: Assim diz o SENHOR: Cerca da meia-noite passarei pelo meio do Egito. E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta no seu trono, até ao primogênito da serva que está à mó, e todo primogênito dos animais. Haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve, nem haverá jamais; porém contra nenhum dos filhos de Israel, desde os homens até aos animais, nem ainda um cão rosnará, para que saibais que o SENHOR fez distininção entre os egípcios e os israelitas.” Ex. 11.4-7

A Páscoa chegou e, com ela, muitas coisas boas: feriado, viagens, reencontro de amigos, parentes, distribuição de chocolates, festas religiosas e muito mais. O "ar" é tomado por um clima de muita alegria e fraternidade. Mas, tudo isto é muito diferente do que aconteceu na primeira noite em que a Páscoa foi comemorada, há milhares de anos, no Egito.
É verdade que houve "festa" naquele dia. Mas, além de ter sido uma festa muito discreta comemorada pelos hebreus, as suas casas foram envolvidas por um clima de intenso temor e apreensão porque, ao contrário dos hebreus, no Egito em cada casa onde havia um filho, um pai, um avô, um irmão e até os animais que eram primogênitos (os mais velhos dentre os irmãos ou "dos filhotes - no caso dos animais"), foi tomada pelo terror da morte que, silenciosamente, batia de porta em porta, espalhando pavor, tristeza e provocando altos brados de choro e lamentação.
Os hebreus comemoraram a Páscoa, símbolo de sua libertação da escravidão do Egito, ao passo que os egípcios eram condenados por sua desobediência, sofrendo a perda de todos os primogênitos.
Note que aquela festa foi muito diferente das que são feitas hoje. Um grande erro aconteceu durante a história e pouca gente consegue perceber isto. Não há qualquer ligação entre o que estão fazendo e o que aconteceu naquele dia.
Este é um bom momento para parar e pensar nos fatos que motivam as alegrias da páscoa hodierna. Pense em Deus e procure motivos pra comemorar. Creio que será difícil viver em festa enquanto o mundo está saturado por elevados índices de todo tipo de maldade e decadência.
Pare pra pensar e reflita sobre o lado em que você estaria se a história se repetisse: você seria um hebreu tomado de temor entre um misto de alegria e tristeza ou estaria exposto a receber a indesejável visita da morte como resultado do atual descaso com que insistem em tratar a Pessoa de Deus e Sua vontade?
Ainda há tempo para rever conceitos e buscar verdadeiros motivos para festejar, e fazendo-o com discrição, respeito e o temor que acompanham a verdadeira Páscoa com o seu real significado.
Sendo livre do pecado, você terá paz e não precisará temer a morte que permanece atravessando a penumbra de uma noite sombria. Mas, permanecendo sem qualquer compromisso com Deus, jamais encontrará motivos pra celebrar a vida e, fatalmente, mesmo que não perceba, a morte o alcançará.
Que Deus nos dê a compreensão necessária sobre o assunto e nos conduza a fazer o que é preciso para estar amparados pela salvação, ao mesmo tempo em que a condenação atinge, avassaladoramente, todos os que insistem em tratar com indiferença e ou desrespeito o que a Páscoa pode e deve representar.

Rev. Marcos Martins Dias

23 março 2007

TENHA PAZ EM SUA CASA

“Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.” II Co. 13.11

Temos dito, algumas vezes, que o melhor lugar do mundo pra se viver é “na igreja”, onde encontramos compreensão, amor, solidariedade, verdade, justiça e, dentre outras coisas, também desfrutamos da sempre desejada e verdadeira paz.
Apesar disto, não sei se a palavra “igreja” tem sido entendida apenas como sendo o lugar onde nos reunimos para cultuar a Deus e aprender da Escritura. Se esta é a única definição que temos sobre o assunto, então não estamos corretos; porque a igreja é composta, essencialmente, por seus membros que, tal como pedras vivas, formam um único edifício, mesmo quando estão em outros lugares; o que inclui o lar, a família de cada um de nós.
Ora, se é assim, e de fato é mesmo, então seria mais do que natural, encontrar em nossos lares as mesmas coisas que foram citadas acima, com mais ênfase, à paz que tem sido algo, muitas vezes, ausente.
É bom lembrar que nossa casa revela continuamente o que realmente somos. Ali não é possível tentar ser o que não somos e tampouco tentar manter atitudes meramente aparentes, simulando uma boa e temporária imagem. Se existe alguém que nos conhece muito bem, não hesito em dizer que tal pessoa é aquela que vive mais próxima de nós e mais tempo conosco.
Portanto, detectar a ausência dos valores descritos acima em nosso lar e pouco ou nada fazer, é decretar a própria falência da transparência, honestidade, verdade e, como resultado disto, amargar a ausência da verdadeira paz, da felicidade tão desejada, da alegria que não se baseia em ficção ou fantasia e muitas outras coisas boas que, acredito, “todo mundo” quer.
Quando estas coisas estão ausentes nas famílias, o mundo, cuja falência já está decretada, se torna um lugar mais agradável e confortável do que o nosso “cantinho” onde a igreja deve estar sempre presente. Se assim for, jamais haverá prazer em cruzar nossos portões, abrir nossas portas e assentar em nossos sofás.
Mantenha a paz em seu lar! “Vivei em paz; e o Deus de amor e paz estará convosco.”

Rev. Marcos Martins Dias