21 novembro 2008

TRAGÉDIAS DE UMA ANARQUIA

"Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos." Jz. 17. 6 e 21. 25

A natureza humana sempre demonstrou certa dificuldade para lidar com autoridades, leis, normas, princípios ou regras. Tem-se a impressão que cada um sabe deliberar correta e sabiamente sobre todo e qualquer tipo de situação que requeira alguma decisão. Entretanto, ao longo de toda a história, a humanidade sempre manifestou uma grande dificuldade em lidar com este assunto.

Houve um tempo em que Israel não tinha rei e, mesmo estando sujeito a um governo teocrático, sob as decisões de Juízes conforme se pode observar no texto em destaque, cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos. Uma verdadeira anarquia.

É curioso notar que, depois de uma análise acurada de Juízes 17.6 a 21. 25, percebe-se que todos os fatos ocorridos neste período começam e terminam precisamente com as mesmas palavras como se fossem uma espécie de introdução e conclusão para as inúmeras tragédias ocorridas entre eles. Afinal há registros de adultério, idolatria, corrupção, chacina, líderes indecisos em momentos de extrema tensão e necessidade de posições firmes e acertadas, dentre outras anomalias.

Sem qualquer exagero, não seria impróprio dizer que o caos se estabeleceu em Israel. A anarquia ficou caracterizada pela inobservância de verdades absolutas, princípios éticos claros e, dentre outras coisas, uma total e irrestrita sujeição à vontade de Deus, embora em alguns momentos o povo O tenha consultado.

É extremamente preocupante observar os fatos que se dão ao nosso redor e concluir que a condição de nossa época se destaca pela ausência de posicionamentos claramente definidos como certos ou errados, verdadeiros ou falsos, normais ou anormais, bons ou maus, camuflando uma verdadeira anarquia que se abriga sob o escudo da discriminação, do racismo, do preconceito e outras coisas mais.

Urge que enfrentemos o catastrófico relativismo com a inerrante e infalível verdade que provém de Deus, sem a qual o que resta é um quadro caracterizado por conseqüências funestas tais como a incerteza, a insegurança, a desordem, o caos que culmina na iminente e inevitável destruição de tudo que se volta contra Deus.

Supliquemos ao Senhor que nos ajude a enfrentar esta confusão sem precedentes, sendo guardados e conduzidos a salvo até o último dia conforme II Tm. 4. 18: "E o SENHOR me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém."

Rev. Marcos Martins Dias

15 novembro 2008

CUIDADO! ESTAMOS SENDO OBSERVADOS.

“Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” Pv. 15. 3
A onipresença de Deus é uma doutrina conhecida pelos cristãos em geral. Aceitá-la não tem sido um problema quando comparada a outros posicionamentos doutrinários responsáveis por ocasionar divisões e o surgimento de inumeráveis movimentos denominacionais e sectários.
O ponto que pretendo enfatizar aqui diz respeito ao modo como tratamos esta doutrina quanto ao seu caráter prático, ou seja, é possível “saber” que Deus está em todos os lugares e, ao mesmo tempo, não demonstrar qualquer reação ocasionada por esta consciência. Refiro-me ao velho problema existente entre teoria e prática.
Imagine o que poderia ser mudado em todo o contexto religioso que se vive, caso sempre nos lembrássemos de que Deus está pessoalmente acompanhando cada pensamento nosso, cada palavra que proferimos, cada texto que redigimos, cada atitude que tomamos ou deixamos de tomar, enfim, participando continuamente de cada detalhe que define quem nós realmente somos em todos os momentos e em todos os lugares.
De fato, dificilmente encontraremos alguém que não esteja preocupado com o fato de ser observado ininterruptamente; entretanto, pode-se dizer que nem sempre vive-se o que se lê no Salmo 139.24 (vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno). É muito mais comum notar o quanto se preocupa com os olhos humanos, ao passo que a atenção sempre deveria estar voltada, primariamente, para os olhos do Senhor. Tal comportamento constitui-se numa atitude de verdadeiro desprezo e indiferença, ainda que inconscientes. Por outro lado, não se pode pedir a Deus que Se ausente mesmo que seja por um só momento. Quer queiramos quer não, Ele sempre estará onde nós estamos, aprovando ou reprovado o que Seus olhos contemplam e tomando as providências para que a vida siga o percurso submetido ao Seu governo.
A verdadeira consciência das implicações desta doutrina lançaria por terra aquela máscara tão utilizada nos relacionamentos humanos, viabilizando a observância do “sim, sim e não, não”, impedindo a devoção a uma religiosidade superficial que consegue camuflar as coisas conhecidas pelo lar, pelo trabalho, pela escola e que são detidas pela linha divisória existente entre os momentos de ajuntamento solene e a rotina que se pratica diariamente.
Que os olhos do Senhor sejam motivo suficiente para refletirmos profundamente em cada passo dado ao longo de nossa trajetória rumo à vida eterna.
Rev. Marcos Martins Dias

06 novembro 2008

O SEPULCRO E O TEMPLO

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” Mt. 23.27 “Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.” Jo. 2. 19
O Senhor Jesus Cristo deve ter causado um impacto extremamente negativo nos fariseus ao fazer esta terrível comparação. Mesmo o fato de afirmar que eles se comportavam como sepulcros que “se mostravam belos”, não deve ser recebido como um elogio; afinal, quem de nós utilizaria um jazigo, por mais imponente que seja, para servir como ornamentação em nosso jardim?
O enfoque está para a hipocrisia que os caracterizava; e Cristo os coloca no estado de semelhança com o sepulcro onde os restos mortais se decompõem até ficarem apenas ossos e o pó retorne à terra. Nada poderia expressar melhor o estado espiritual daquela gente. Não bastava dizer apenas que estavam mortos mas, era preciso acrescentar que eles procuravam encobrir seu estado de decomposição, o mau cheiro que exalavam, a incapacidade de responder positivamente ao Evangelho, com a fachada de um “sepulcro caiado”.
Que indescritível contraste pode ser notado quando colocamos a figura do sepulcro diante do templo, do santuário a que Cristo Se refere em outra passagem, após expulsar os cambistas e mercenários do Templo, onde haviam montado suas barracas.
De um modo totalmente oposto, segundo as palavras de Isaías, “...como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.” 53.2; entretanto, por trás do corpo de humilhação, do santuário que seria destruído por mãos iníquas, estava a Fonte da vida, o Deus forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz (Is. 9.6).
É difícil observar estas passagens sem notar o quanto se tem importado com a imponência dos traços que configuram o exterior, seja em relação aos monumentais edifícios religiosos de arquitetura invejável, seja na aparência de tantos que seguem apresentando o mesmo perfil dos fariseus, investindo na fachada e não no interior.
É preciso lembrar que o cristão é chamado para ser “templo do Espírito Santo”. Isto indica que o conceito que se deve ter a seu respeito não procede de fora para dentro, de acordo com o modo como o mundo vê e valoriza. Significa abrigar a nova natureza criada segundo Cristo, semelhante a Cristo e que se apresentará diante de Cristo, santa, sem ruga, sem defeito, sem mácula.
Vivamos de tal maneira que, ao sermos sondados, consigamos exteriorizar toda a beleza que se abriga em nossa estrutura mortal, verdadeiros tesouros armazenados em vasos de barro, reservados para serem totalmente manifestos no último dia.
Rev. Marcos Martins Dias