06 novembro 2008

O SEPULCRO E O TEMPLO

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” Mt. 23.27 “Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.” Jo. 2. 19
O Senhor Jesus Cristo deve ter causado um impacto extremamente negativo nos fariseus ao fazer esta terrível comparação. Mesmo o fato de afirmar que eles se comportavam como sepulcros que “se mostravam belos”, não deve ser recebido como um elogio; afinal, quem de nós utilizaria um jazigo, por mais imponente que seja, para servir como ornamentação em nosso jardim?
O enfoque está para a hipocrisia que os caracterizava; e Cristo os coloca no estado de semelhança com o sepulcro onde os restos mortais se decompõem até ficarem apenas ossos e o pó retorne à terra. Nada poderia expressar melhor o estado espiritual daquela gente. Não bastava dizer apenas que estavam mortos mas, era preciso acrescentar que eles procuravam encobrir seu estado de decomposição, o mau cheiro que exalavam, a incapacidade de responder positivamente ao Evangelho, com a fachada de um “sepulcro caiado”.
Que indescritível contraste pode ser notado quando colocamos a figura do sepulcro diante do templo, do santuário a que Cristo Se refere em outra passagem, após expulsar os cambistas e mercenários do Templo, onde haviam montado suas barracas.
De um modo totalmente oposto, segundo as palavras de Isaías, “...como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.” 53.2; entretanto, por trás do corpo de humilhação, do santuário que seria destruído por mãos iníquas, estava a Fonte da vida, o Deus forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz (Is. 9.6).
É difícil observar estas passagens sem notar o quanto se tem importado com a imponência dos traços que configuram o exterior, seja em relação aos monumentais edifícios religiosos de arquitetura invejável, seja na aparência de tantos que seguem apresentando o mesmo perfil dos fariseus, investindo na fachada e não no interior.
É preciso lembrar que o cristão é chamado para ser “templo do Espírito Santo”. Isto indica que o conceito que se deve ter a seu respeito não procede de fora para dentro, de acordo com o modo como o mundo vê e valoriza. Significa abrigar a nova natureza criada segundo Cristo, semelhante a Cristo e que se apresentará diante de Cristo, santa, sem ruga, sem defeito, sem mácula.
Vivamos de tal maneira que, ao sermos sondados, consigamos exteriorizar toda a beleza que se abriga em nossa estrutura mortal, verdadeiros tesouros armazenados em vasos de barro, reservados para serem totalmente manifestos no último dia.
Rev. Marcos Martins Dias

Nenhum comentário: