29 fevereiro 2008

UM ENCONTRO DE MESTRES

“Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?” Jo. 3.10

Jesus Cristo teve muitos encontros durante Seu ministério terreno e cada um deles, naturalmente, teve suas peculiaridades decorrentes das circunstâncias, pessoas, motivos, fatos etc. que envolviam cada um deles.
Neste caso específico, percebe-se que Nicodemos foi atraído pelos sinais que Cristo realizava a ponto de provocar um encontro extremamente incomum; afinal, ele era mestre em Israel e poderia não somente se orgulhar disto como também presumir que não faria qualquer sentido procurar respostas na Pessoa de Jesus e considerá-lo mestre vindo da parte de Deus, em condições de acrescentar algo ao que ele já sabia e ensinava.
Ao contrário deste comportamento arrogante e insolente, notamos um homem que não hesita em revelar sua ignorância no propósito de obter esclarecimentos para questões que mesmo um mestre não poderia responder.
Seu encontro superou suas expectativas. Na verdade, surpreendeu-o com a franca advertência de que ele precisava nascer de novo.
Um encontro de elevado nível, caracterizado pelo conteúdo do diálogo e pelos resultados provocados na vida deste homem. Era o Mestre revelando que aquele mestre estava fatalmente perdido e necessitava de arrependimento.
Voltando a atenção para nós, constataremos que muitos, de algum modo e em algum grau se comportam como verdadeiros mestres, não no sentido encontrado neste texto, mas naquele registrado em Hebreus onde se lê: “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.” Hb. 5:12.
Creio que não será fácil para qualquer um de nós assumir que nos enquadramos neste perfil bastante delicado; entretanto, não admitir não significa não ser o que está posto ali. Pelo contrário, sempre será necessário imitar a atitude exemplar de Nicodemos, se o nosso desejo é alcançar objetivos de valores que sejam tão nobres quanto àquele enfatizado por Jesus.
Não tenho dúvidas de que isto será um verdadeiro encontro de mestres, onde os menores sempre serão modificados pelo Maior.
Que tal atitude seja, portanto, um constante parâmetro em nossa vida.
Rev. Marcos Martins Dias

26 fevereiro 2008

ÂNIMO

“Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.” I Rs. 19. 18

Você deve estar lembrando da ocasião em que o grande profeta Elias, refugiou-se numa gruta e demonstrou sua tristeza diante do contexto que havia se estabelecido em Israel, o qual, segundo ele, era o pior possível.
Refugiado numa gruta, Deus Se dirige a ele e lhe pergunta: “Que fazes aqui, Elias?”; ao que ele responde: “Tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”.
Estas palavras não expressam, nem de longe, a coragem que ele havia demonstrado na ocasião em que enfrentou os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, prevalecendo corajosamente, sob o poder de Deus.
Muitas coisas chamam-me a atenção neste quadro; entretanto, gostaria de apontar para os motivos que levaram Elias a se deixar abater e a não enxergar qualquer possibilidade de mudança, conforme se vê no texto destacado acima.
Eu não tenho qualquer dúvida sobre a preocupação que toma conta de muitos cristãos sérios, os quais, contemplando a realidade do cristianismo pós-moderno, dificilmente conseguem vislumbrar boas perspectivas. Por outro lado, o mais comum é estar cercado de desanimados que se deixaram abater por questões estritamente pessoais e que pouco ou nada têm a ver com o estado da igreja em nossos dias, ao mesmo tempo em que esboçam imensa alegria em contemplar suas conquistas e sucessos pessoais, independente do declínio moral e espiritual que avança implacavelmente, dilacerando vidas e provocando estragos sem precedentes na igreja visível de nossa época.
Não hesito em dizer que falta-nos Elias que chamem para si a responsabilidade de uma situação em que Deus é ignorado, Sua vontade deliberadamente desobedecida e onde o mal avança inexoravelmente contra tudo e todos os que se entregam à promoção da honra e glória de Cristo.
A palavra de ordem é “Ânimo”. Asseguremo-nos de que nos encontramos inseridos dentre os “sete mil” que não dobraram o seu joelho perante “Baal”, tendo uma vida cristã que não se rege por nossas meras realizações pessoais.
Rev. Marcos Martins Dias

16 fevereiro 2008

SOZINHO

“Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!” I Tm. 4. 16

Estamos diante de uma situação vivida pelo apóstolo Paulo, nem sempre, muito explorada por expositores da Escritura. Fala-se muito sobre sua conversão, suas viagens missionárias, seus sofrimentos ocorridos ao longo do seu ministério, inclusive suas prisões, mas não com um enfoque especial nesta etapa de sua vida.
É sabido que Paulo vinha de um processo muito desgastante em busca de um julgamento justo perante César, o Imperador de Roma; entretanto, apesar de fazer sua própria defesa, o fato de o vermos encarcerado novamente é uma prova de que seus intentos quanto à sua absolvição não haviam sido alcançados.
É certo que a expressão “todos me abandonaram” tem uma força que surpreende os conhecedores de quantos o apoiaram ao longo de sua carreira; entretanto, a ênfase recai sobre um período que envolve a fase final de sua vida e que, por motivos especulativos, não há outra conclusão a se chegar a não ser a que encontramos no texto. Não é preciso buscar motivos, porque alguns estão enumerados aqui mesmo; outros, entretanto, devem estar relacionados a fatores como o despreparo de seus seguidores, à fraqueza de caráter e, dentre outras coisas, à própria adequação a uma situação que, mesmo que cause forte impressão, susto e preocupação no início, com o tempo, vão cedendo lugar para uma acomodação tal que, mesmo os sofrimentos relacionados à prisão podem ser vistos como mais uma triste experiência ministerial.
O que temos aqui, independente da precisão das informações que precedem esta situação, é a realidade de que o grande apóstolo Paulo encontrava-se na prisão com claras demonstrações de “sentimento de abandono”, com uma fé inabalável e lembrando que, Deus era sua companhia inseparável, ao passo que muitos irmãos seguiram seus próprios caminhos, levando-o a fazer esta declaração que evidencia um raro sentimento de solidão durante as fases mais complicadas de sua vida.
Não tenho dúvidas que há muito para ser explorado no texto; entretanto, minha intenção é levar cada uma a pensar na proporção em que temos feito de forma parecida, deixando de acompanhar homens e mulheres que prestaram e ainda prestam relevantes serviços ao Reino de Deus e que, por outro lado, de algum modo, encontram-se “abandonados” por muitos de nós. Pior que isto, é notar que é mais comum ainda concentrar a atenção em nós mesmos e nos qualificarmos como vítimas da solidão, esquecendo-se que mesmo quando ela se manifesta como um silêncio a ecoar dentro de um coração sempre favorecido pela companhia de inúmeras pessoas, sua expressão maior continua sendo o cárcere, o hospital, o asilo, as calçadas, os centros de reabilitação, dentre outros locais que muitos pés de vários expoentes das Escrituras ainda não conheceram ou não têm o hábito de prestar assistência a pessoas em situações assim.
Termino apenas perguntando se, após uma séria reflexão sobre este assunto, a que tipo de conclusão seríamos levados a chegar? Estamos sozinhos ou temos deixado muitos irmãos nossos, dentre outras pessoas na condição de “abandonadas” por nós?

Rev. Marcos Martins Dias

08 fevereiro 2008

O JUSTO VIVERÁ DA FÉ

“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” Hc. 2:4

O profeta Habacuque, através destas palavras, prenuncia a destruição de homens que se intitulam poderosos, enriquecendo ilicitamente e se apropriando desvairadamente daquilo que não lhes pertence, sem considerar que a mão de Deus está sobre eles e o Seu juízo é inevitável. A iminente destruição de sua soberba, sua prepotência e autoconfiança é o seu destino. Ele não sobreviverá porque a boca de Deus assim determinou.
Quanto aos justos, os oprimidos, eles é que, de fato, viverão. Sua fé é a garantia de que prevalecerão contra tudo e todos que se levantam contra Deus e o Seu povo, ainda que tenham se tornado alvos da tirania dos poderosos, no caso, os judeus, subjugados à opressão imposta pelos caldeus, os quais sobreviviam da sede de poder, fazendo de si mesmos a base de sua confiança.
Embora a aplicação desta rica passagem seja muito abrangente, a expressão “viver por fé” tem perdido muito do seu significado posto que inumeráveis integrantes de uma casta religiosa pós-moderna tentam conciliar, consciente ou inconscientemente, estes dois pilares, ou seja, viver por fé e condicionar sua esperança às suas próprias possibilidades, confiando em suas habilidades, em seus recursos, em perspectivas visíveis quando a fé dispensa todos estes elementos embora haja uma ligação entre eles não no sentido conciliatório, mas no sentido de que todos devem estar norteados por ela, de tal modo que, mesmo quando tudo faltar, a estabilidade espiritual não sofrerá danos. Ela é o real e concreto motivo pelo qual o justo realmente viverá.
Não estamos lidando com uma situação fácil, considerando que, de algum modo, a impressão que se tem é que não é a fé que move a vida cristã. Não é ela o motivo pelo qual o nosso dia a dia tem se transformado numa corrida constante, nem mesmo quando estamos prestando serviço a alguma instituição religiosa. Pelo contrário, ainda se percebe o modo como as possibilidades humanas têm sido o referencial para alimentar ou frustrar esperanças; entretanto, a imutável palavra de Deus permanece tão viva quanto nos tempos de Habacuque e, portanto, nos encoraja a viver, de fato e de verdade, amparados pela fé somente. Que o Senhor nos ajude a prosseguirmos sempre firmados nesta verdade.

Rev. Marcos Martins Dias

06 fevereiro 2008

O DIA ESTÁ PRÓXIMO. FAÇA SUA ESCOLHA

“Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.” Ap. 22.10 e 11

Estas palavras finais do livro de apocalipse estão revestidas de um conteúdo que não tem por objetivo tornar as coisas fáceis para os que se aplicam a interpretar o livro. Digo isto porque, caso tudo estivesse posto de uma outra maneira, então sem qualquer dúvida este seria mais um dos muitos textos decorados e continuamente citados pelos pregadores através das gerações e decorado pelos crentes de menor ou maior cultura, objeto de cantigas e hinos congregacionais etc.
Entretanto, não há como buscar meio termo, não há como tentar encontrar alguma expressão que exerça menos peso e que facilite o trabalho da evangelização etc. Estamos diante de afirmações claras e que estão em perfeita harmonia com aquela porta estreita e aquele caminho apertado a que Jesus Se referiu.
Sabendo que o tempo está próximo, o anjo diz a João que o imundo pode ser mais imundo ainda e que o justo deve praticar ainda mais a justiça e a santificar-se. Diferente do que muitos, provavelmente, diriam numa situação assim, colocando palavras na boca de Deus e, em nome de Jesus, quase se inclinando aos pés do impenitente, daquele que manifesta seu ódio a Deus e à Sua vontade das mais terríveis e inescrupulosas maneiras que se pode imaginar, dizendo-lhe que Cristo o ama e tem um plano maravilhoso para a sua vida. Não sei se chamo isto de uma ofensa ao Senhor dos senhores, Àquele que é Santíssimo ou se estamos tratando de uma ingênua intenção de querer manifestar um amor que excede ao amor de Deus.
Diante de um contexto cada vez mais difícil, de uma sociedade cada vez mais decadente e em profunda corrupção, o Senhor nosso Deus Se faz presente. E, como diz Salomão, com Seus olhos em todo lugar “contemplando” os maus e os bons. Junto à porta-bandeira de uma escola carnavalesca, às escuras onde ocorrem os homicídios, os latrocínios e toda sorte de torpezas, porque Ele jamais Se ausenta de onde quer que seja e pode ser encontrado nos lugares menos imagináveis.
É claro que Ele também está de olho nos justos e os encoraja a que, diante do fato inegável de que o tempo está próximo e, em detrimento de tanta torpeza, depravação moral e espiritual, pratiquem a justiça e se santifiquem ainda mais.
Assim concluo reafirmando que, independente do que os nossos lábios dizem a nosso respeito, avaliemo-nos como um todo e vejamos que direção temos tomado face ao que está escrito, fazendo votos que estejamos em franca santificação.

Rev. Marcos Martins Dias