30 novembro 2006

SEM BELEZA E SEM FORMOSURA

“Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.” Is. 53:2

O quadro descrito pelo profeta Isaías nada tem a ver com todo o contexto que gira em torno desta época em que se comemora o natal.
Sem entrar no mérito relativo à famosa figura do Papai Noel, do panetone, das uvas passas, da árvore de natal, das luzes coloridas etc., basta que nos transportemos para a profecia anunciada no Velho Testamento e o seu cumprimento registrado nos Evangelhos, então concluiremos, naturalmente, que algo está errado quanto aos relatos bíblicos e as práticas observadas nesta época do ano, considerando que a incompatibilidade é perfeitamente visível.
De todas as preocupações que se tornaram alvo de reflexão e reavaliação acerca do assunto, enfatizo o indiscutível fato do desconhecimento manifestado pela maioria dos celebrantes e do inevitável resultado catastrófico desta ignorância. Apesar de toda ênfase dada ao nascimento de Jesus, a incompatibilidade a que me refiro, em nada tem contribuído para que os inesgotáveis benefícios que acompanharam o nascimento do Salvador alcancem cada residência adornada de várias maneiras, impactando as vistas mas, ao mesmo tempo, em nada contribuindo para modificar a vida de pecadores que permanecem perdidos e mais próximos da condenação eterna.
Não há dúvidas de que seria maravilhoso perceber que, em detrimento dos dois mil anos que nos separam daquele dia inesquecível, as palavras proferidas pelos anjos são o foco principal em torno do qual giram todas as comemorações, ou seja, “o nascimento do Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Todos nós sabemos que, pensando assim, não há muito pra comemorar, considerando que o propósito do nascimento de Cristo está, consideravelmente, distante do que se diz e o que se faz nesta época em cada ano.
Como igreja, podemos desfazer este terrível mal entendido. Para tanto, é preciso resgatar o reconhecimento dos fatos anunciados pelo profeta e desfrutar as inesgotáveis bênçãos que este conhecimento produz.
Graças a Deus, Jesus Cristo salvou, salva e continuará salvando pecadores arrependidos ainda que Ele tenha se tornado um Elemento destoante de todo o contexto que envolve o natal nos moldes em que é comemorado e explorado ao longo dos últimos séculos, por causa da nítida ignorância em que a sociedade está destinada a viver como conseqüência do pecado que a desfigurou.
Que Deus nos ajude a cumprir o mandamento de anunciar as boas novas de salvação neste contexto tão confuso onde Cristo é a Estrela Refulgente embora impossibilitado de ser contemplado por vistas ofuscadas pelo pecado que as escravisa.
Rev. Marcos Martins Dias

23 novembro 2006

GRATIDÃO

“Que darei ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” Sl. 116.12

Ao fazer esta pergunta, o salmista não está demonstrando algum tipo de ignorância, aguardando uma resposta que lhe fosse satisfatória e esclarecedora para que, então, baseado em alguma sábia instrução, tomar a atitude de oferecer algo a Deus como demonstração de sua gratidão. Isto se nota, perfeitamente, no versículo que se segue, onde ele mesmo responde dizendo: “Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor.”
É impressionante como a nossa gratidão a Deus pelo que Ele nos fez e faz não nos põe em vantagem diante dEle uma vez que a nossa resposta nos mantém como objetos de Seu favor, como alvos de Sua graça, na medida que não há outro meio de Lhe sermos gratos a não ser inclinando, humildemente, nosso coração perante Ele, admitindo o fato de que somos pecadores e carecemos do Seu perdão, além de ficarmos livres de qualquer tipo de idolatria uma vez que Ele mesmo é quem desvenda os nossos olhos para reconhecer que não há outro que possa ou deva ser invocado e que responda às nossas súplicas e nos socorra em nossas aflições. Não há deus acima do Senhor. Não há outro em quem podemos depositar a nossa confiança e esperar com plena segurança.
Embora diariamente devamos refletir nesta questão, considerando a ocasião reservada para celebrar “o dia de ações de graças”, torna-se bastante oportuno inquirir a nós mesmos se temos compreendido que não possuimos nada que Deus já não tenha, além de admitir que nossa omissão não pode provocar qualquer tipo de empobrecimento ou diminuição de Sua Majestade e Glória, as quais sobrepujam o que de mais magnífico, exuberante e valoroso que possa ser conhecido pela mente humana. Em outras palavras, mesmo quando assumimos a postura de ser gratos a Deus pelo que quer que seja, os principais beneficiados somos nós mesmos; ao passo que, se não o fazemos, da mesma forma, nós é que somos os prejudicados pois Deus é Quem Ele é e faz o que faz independente do que pensamos, fazemos ou deixamos de fazer a Seu respeito.
De algum modo, tudo o que intentarmos oferecer-Lhe, já é dEle e a atitude de atribuir como sendo “nosso” o que se conquista nesta vida, demonstra a falta de entendimento acerca de Deus e de Sua soberania sobre tudo e sobre todos. Isto está definido claramente no Sl. 24.1 onde se lê: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.”.
Roguemos a Deus, irmãos, que sejamos esclarecidos sobre o verdadeiro sentido que a gratidão adquire quando Ele é o alvo desta nobre atitude que reveste toda a vida cristã, de modo que o reconhecimento de que nada mais somos que Seus mordomos, esteja sempre presente em nosso coração.

Rev. Marcos Martins Dias

OS MORTOS FALAM

“Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala”. Hb 11:4

A história de Caim e Abel é uma das primeiras lições que, normalmente, os crentes aprendem quando estão dando seus passos iniciais numa formação que é caracterizada por sua abrangência e profundidade, as quais vão tomando forma na medida em que vai-se transpondo barreiras e galgando os degraus da santificação, avançando de olhos fixos no alvo, o que Paulo chama de “perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef. 4.13).
É interessante notar que os pontos mais abordados a respeito destes irmãos estão relacionados ao primeiro assassinato ocorrido na história e à atitude divina em aprovar um e reprovar o outro.
No entanto, o autor aos hebreus nos chama a atenção para um fator pouco explorado. Ele trata da fé como merecedora de destaque nesta narrativa histórica e dos efeitos que se eternizaram mesmo depois que Abel foi morto.
Note que o foco não diz respeito a fatores ou méritos humanos. Termos como “excelente, justo e aprovação” são elementos empregados para reforçar a indescritível graça que Abel experimentou. O texto descreve o modo como a fé prevalece diante da impiedade a ponto de imortalizar personagens de tão pouca expressão, como é o caso de Abel, indicando que a misericórdia sempre prevalece contra o pecado, mesmo quando o preço a ser pago coloca em risco a própria vida. Abel não se deixou influenciar pelo caráter desqualificado do irmão; pelo contrário, ainda que sua natureza estivesse inclinada para o pecado, seu coração foi abrandado pela presença regeneradora do Espírito de Deus, levando-o a enxergar bem mais do que a sua vida terrena podia experimentar.
Provavelmente, o nosso caso não é muito diferente desta situação. Uma vida sem expressão, um histórico de pouco conteúdo, uma espécie de “estrela cadente”; todavia, ao levantar os olhos, veremos acima da lápide que encobrirá nossos restos mortais e vislumbraremos a mesma graça que nos envolve e o futuro que o Senhor nos reserva a ser desfrutado ao lado de todos aqueles que foram alcançados pelo poder regenerador do Espírito de Deus, os quais, ainda que estando mortos, com seu testemunho, sempre falam.
Rev. Marcos Martins Dias

09 novembro 2006

GOSTO E NECESSIDADE

“Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico” Sl. 100.2

Há muitas maneiras de colocar em prática a exortação que o salmista faz no texto em destaque; entretanto, se precisarmos indicar um modo mais convencional e habitual, provavelmente apontaríamos para o envolvimento que se tem com a igreja local por meio de seus departamentos e sociedades. No entanto, não é preciso fazer muito esforço para provar que “servir ao Senhor” é bem mais abrangente que estar comprometido com as nossas “causas locais”.
Apesar disto, não é incorreto dizer que o modo como nos comprometemos com a igreja da qual somos membros, comumente serve como termômetro para medir a qualidade da vida cristã que temos cultivado.
Além disto, é bom lembrar que este serviço deve ser feito com alegria e espontaneidade. O que não significa freqüentar a Igreja apenas por uma questão de satisfação pessoal.
É verdade que muitos, quando chegam pela primeira vez na igreja, são recebidos com um relativo carinho e, com isto, conquistados pela simpatia a qual cria um ambiente extremamente favorável, aconchegante, encorajador e que, de algum modo, contribui para que o que se faz esteja revestido de alegria.
Diante disto é sempre oportuno lembrar que tal contexto jamais deve ser a alavanca motivadora que nos leva a servir a Deus satisfatoriamente. Não é incomum ver quem freqüenta esta ou aquela igreja porque gosta dos seus cânticos, da pessoa do pregador, de sua forma litúrgica, das pessoas com quem se relaciona, enfim, o fator preponderante para deixa-la tranqüila em relação a Deus acaba sendo a sua satisfação pessoal. No entanto, os que têm um conhecimento mais acurado das Escrituras sabem que isto nunca deve ser a razão principal porque nos filiamos a uma Igreja. Esta questão tem sido a grande responsável por levar gente daqui para lá e de lá para cá, de tal maneira que, elas são como folhas levadas pelo vento, seja em busca de um afago, de um agrado, de um “sentir-se sempre bem”. É verdade que é muito bom quando podemos nos satisfazer ao mesmo tempo em que realizamos aquilo de que precisamos; todavia, o “precisar” precede o “gostar”. É fundamental pensar primeiro naquilo de que se necessita, ainda que não se harmonize com o que, normalmente, se gosta.
Assim é a estada de muitos na Igreja. Pode ser que as coisas não estejam como eu ou você gostaria, mas, somos convocados pelo salmista a servir ao Senhor com alegria e a ter sempre um cântico de louvor nos lábios. Faça isto e você verá o quanto é agradável servir ao Senhor mesmo quando as coisas não são do jeito que eu quero.

Rev. Marcos Martins Dias

06 novembro 2006

DISCERNIMENTO

“Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;” Ap. 2:2
Estes elogios foram direcionados para a Igreja de Éfeso na ocasião em que João se encontrava exilado na Ilha de Patmos.
Observe que ela é louvada por ser perseverante, por não suportar homens maus e por colocar à prova os falsos apóstolos, qualificando-os como mentirosos.
Em detrimento desta mesma Igreja haver sofrido uma censura relativa ao fato de haver abandonado o primeiro amor, suas qualidades ganharam maior destaque, os quais servem de modelo para as igrejas de todas as épocas e do mundo inteiro.
Ao contemplar o perfil da igreja contemporânea, é inevitável constatar que há grandes diferenças entre ela e a Igreja que estava em Éfeso. No lugar da perseverança, não é incomum presenciar crentes se sucumbindo na fé quando precisam enfrentar problemas. Tampouco se pode dizer que temos sido intrépidos o suficiente para não suportar pessoas que, por suas atitudes, se enquadram no mesmo perfil daqueles que aqui são chamados de homens maus; e, por fim, não é, nem de longe, ousado dizer que tem faltado coragem para rejeitar, não somente os ensinamentos heréticos que se propalam em nosso meio, como também rejeitar os próprios mentirosos que insistem em disseminar suas heresias na igreja moderna.
Certamente esta falta de firmeza tem sido, freqüentemente, a causa de tanta confusão entre cristãos. A longanimidade, a tolerância, a paciência e outros similares têm aberto espaço para que contemplemos um povo com grande dificuldade para perseverar em meio à tribulação, sem condições para discernir entre o bem e o mal e, além de outras coisas, a autoridade para apontar os heréticos e suas heresias, assim como os verdadeiros estragos que eles têm causado à Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Precisamos fazer uma análise de duplo sentido, ou seja, avaliar a nós mesmos e também àqueles que adquirem proeminência em nosso meio por sua eloqüência, poder de persuasão e que, para nada mais servem a não ser enganar os ouvintes, desviando seus olhos do caminho apertado e da porta estreita, ao mesmo tempo em que transmitem a falsa idéia de que o caminho espaçoso e a porta larga são um conforto do qual todo crente deve desfrutar na qualidade de filho de Deus.
Urge o tempo em que devemos nos despertar para esta triste realidade e tomar as providências necessárias antes que seja tarde e sejamos alvo da censura e reprovação de Deus; por isso, rogo ao Senhor que nos ajude a agir com sabedoria e intrepidez a fim de prosseguirmos em nossa jornada com perseverança modelar e autoridade suficiente para identificar e reprovar os homens maus e heréticos que ainda se acham entre nós.
Rev. Marcos Martins Dias