23 novembro 2006

OS MORTOS FALAM

“Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala”. Hb 11:4

A história de Caim e Abel é uma das primeiras lições que, normalmente, os crentes aprendem quando estão dando seus passos iniciais numa formação que é caracterizada por sua abrangência e profundidade, as quais vão tomando forma na medida em que vai-se transpondo barreiras e galgando os degraus da santificação, avançando de olhos fixos no alvo, o que Paulo chama de “perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef. 4.13).
É interessante notar que os pontos mais abordados a respeito destes irmãos estão relacionados ao primeiro assassinato ocorrido na história e à atitude divina em aprovar um e reprovar o outro.
No entanto, o autor aos hebreus nos chama a atenção para um fator pouco explorado. Ele trata da fé como merecedora de destaque nesta narrativa histórica e dos efeitos que se eternizaram mesmo depois que Abel foi morto.
Note que o foco não diz respeito a fatores ou méritos humanos. Termos como “excelente, justo e aprovação” são elementos empregados para reforçar a indescritível graça que Abel experimentou. O texto descreve o modo como a fé prevalece diante da impiedade a ponto de imortalizar personagens de tão pouca expressão, como é o caso de Abel, indicando que a misericórdia sempre prevalece contra o pecado, mesmo quando o preço a ser pago coloca em risco a própria vida. Abel não se deixou influenciar pelo caráter desqualificado do irmão; pelo contrário, ainda que sua natureza estivesse inclinada para o pecado, seu coração foi abrandado pela presença regeneradora do Espírito de Deus, levando-o a enxergar bem mais do que a sua vida terrena podia experimentar.
Provavelmente, o nosso caso não é muito diferente desta situação. Uma vida sem expressão, um histórico de pouco conteúdo, uma espécie de “estrela cadente”; todavia, ao levantar os olhos, veremos acima da lápide que encobrirá nossos restos mortais e vislumbraremos a mesma graça que nos envolve e o futuro que o Senhor nos reserva a ser desfrutado ao lado de todos aqueles que foram alcançados pelo poder regenerador do Espírito de Deus, os quais, ainda que estando mortos, com seu testemunho, sempre falam.
Rev. Marcos Martins Dias

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