23 setembro 2008

NEM TODO ADOLESCENTE É ASSIM

“Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai.” Gn. 37:2

Se eu fosse adolescente teria ojeriza pela frase “todo adolescente é assim”.
Isso implica várias coisas: injusta generalização, associação da idade com a imaturidade, adolescência com traquinagem, adolescência com rebeldia, adolescência com falta de juízo, adolescência sem responsabilidade e, por aí vai.
Apesar disto, não será difícil encontrar adolescente que: ri (brinca) com esta infeliz colocação, se acomoda em ser contado junto com a “galera do barulho”, acha superlegal ser como a maioria e, dentre outras coisas, dá munição para aqueles que, sem conhecimento de causa, sem saber quem a gente é, insiste em dizer “todo adolescente é assim”; o que pode ter mais de um sentido: pode ser uma forma de nos proteger (inclusive eu, um adolescente de quarenta e três anos) quando nós erramos, em nos excluir daquele grupo dos “mais experientes”, em aceitar quando nós estamos sozinhos, perdidos entre perguntas sem respostas, entre normas sem qualquer sentido, entre uma convivência sem qualquer relacionamento saudável, ignorados etc.
Não aceito isto. Você viu como a Bíblia se refere a José? Aos dezessete anos já aparece como destaque na família do grande Jacó. Além disto, ele observava o comportamento de seus irmãos e não se calava por ser um adolescente. Ele levava ao pai as coisas que eles faziam e que percebia como eram desagradáveis a Deus.
Não aceito isto. Além de José, Samuel nem havia nascido e sua mãe, Ana, fez um voto de que ele estaria a serviço de Deus. O grande rei Josias, nem era adolescente ainda quando começou a reinar (tinha oito anos de idade). Davi, quando enfrentou o gigante Golias, foi desprezado pelos irmãos que tinham mais de vinte anos e estavam prontos para a guerra; entretanto, foi o jovem Davi que se destacou como instrumento de Deus para manifestar a Sua glória, demonstrando o seu valor nas mãos do Senhor.
Não aceite ser como “todo” adolescente. Isso não é justo. Seja diferente. Mostre que você não deve ser contado como cabeça de gado. Você tem um nome, tem uma família, tem convicções em formação, tem Deus a quem deve obediência e através de Quem pode fazer toda a diferença, quando muitos não esperam nada de você.
Pense sobre o assunto e busque a força que há em Deus para passar pela adolescência de modo que você seja lembrado como uma exceção à regra, como quem soube aproveitar as qualidades que Deus lhe deu para marcar época, sendo diferente da maioria que ajuda a formar a opinião de que o adolescente é um aborrescente.
Não exija que você seja respeitado. Conquiste o respeito, vivendo segundo o coração de Deus. Faça isso e observe o modo como muitas coisas podem ser mudadas.
Rev. Marcos Martins Dias

18 setembro 2008

UM MINISTÉRIO DE TRÊS ANOS

“Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério...” Lc; 3:23

Embora Jesus Cristo tenha desenvolvido Seu ministério por aproximadamente três anos (27 – 30 dC), não há como discutir sua qualidade, profundidade, repercussão, resultados, inclusive a julgar pela importância do cristianismo na história da humanidade antes, durante e depois de Sua vinda ao mundo, contemplando toda a diferença que Ele fez, faz e fará.
De acordo com as palavras de João, “..., fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” 30 e 31, ou seja, Ele realizou uma obra tão extraordinária em pouco tempo que jamais seremos capazes de computar os resultados decorrentes de Seu ministério.
Um dos fatores que criam um grande impacto em minha vida, diz respeito ao tempo que já tive para atender ao Seu chamado e quão, indiscutivelmente, estou distante de tudo quanto poderia e deveria fazer em obediência à Sua ordem sobre dar continuidade ao que Ele iniciou. Reconheço a incalculável proporção de minha dívida e a graça, de proporções ainda maiores, causadora da continuidade de minha existêcia.
Não é reconfortante saber que esta é uma situação que atinge a grande maioria dos que se declaram Seus seguidores e que, no entanto, embora disponham de mais tempo, mais vida, mais recursos e tantos outros “mais”, ainda que atravessemos décadas gritando ao vento quem somos e o que viemos fazer, ao avaliar a importância de nossa passagem por esta terra, constataremos que apenas três anos bastariam para promover mudanças que repercutam no presente e nos acompanhem até a eternidade.
Este pensamento não é fruto de uma visão pessimista a nosso respeito, mas um estímulo a que dediquemos algum tempo para avaliar se estamos dentro do que se espera de nós e se nos enquadramos nos termos de II Co. 5.20: “... somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio...”.
É, igualmente, importante enfatizar que não estou me referindo a um fruto produzido aqui e outro acolá. A questão que está sendo levantada diz respeito a toda a nossa vida e à sua importância à luz da razão de ser de nossa vinda ao mundo.
Lembremo-nos que Ele disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará,...” Jo. 14:12.
Não entro no mérito das múltiplas e questionáveis interpretações atribuídas a este texto; atenho-me apenas a lembrar que estamos lidando com uma afirmação que, no mínimo, demanda de nós algum questionamento a respeito do que temos feito com o tempo de vida que nos foi concedido para nos comportarmos como cidadãos dos céus.
Que o Senhor Se digne nos orientar nesta importante auto-avaliação.

Rev. Marcos Martins Dias

09 setembro 2008

DÍZIMO - UMA BREVE ANÁLISE

INTRODUÇÃO

I – DEFINIÇÃO
I.1. O QUE NÃO É: 1. Uma oferta (a oferta tem o aspecto de voto tendo em vista algum favor de Deus - Jz.11.30,31, 34-36 – tem o aspecto de gratidão – Gn.31.54 – é parte do culto veterotestamentário – Ex. 29); 2. Um princípio a ser praticado apenas pelos que têm renda – Lv.27.32; 3) Um percentual definido pelo ofertante (de oferecer) – Dízimo significa “a décima parte” – não é a sobra e não é tudo; 4) Uma necessidade de Deus – Ag. 2.8; 5) Uma prática a ser observada com avareza; etc.

I.2. O QUE É: 1. Uma contribuição diferenciada e que precede a oferta – Dt. 12.1-6; 2. Um preceito Vetero e Neotestamentário – Vd. tópico seguinte; 3. Um privilégio e um dever – Gn. 31.54 e Lv. 27.32; 4. De todos os bens, importâncias e benefícios que possuímos (do bruto e não do líquido); 5. Uma prática espontânea e alegre; 6. Uma oferta (de oferecer) do melhor (das primícias) – Lv. 23.17; etc.

I – EMBASAMENTO BÍBLICO
I.1. VELHO TESTAMENTO
Antes da Lei: Gn. 14.18-20 – Abraão ao sacerdote Melquisedeque; Gn. 28.16-22 – Jacó depois de haver sonhado com a escada que levava ao céu; etc.

Depois da Lei: Lv. 27.30-34 – Dízimo de todas as posses; Nm. 18.20-32 – Reservado para o sustento dos levitas e também requerido deles; Ml. 3.8-12; etc.

I.2. N.T. – Hb. 7.1-9 – No esclarecimento dado ao superior sacerdócio de Cristo, Melquisedeque é mencionado como digno de receber o dízimo de Abraão; Levi é mencionado como a quem o dízimo deveria ser entregue; Abraão é mencionado como exercendo uma prática anterior à Lei mas, validada por ela; Lc. 18.9-14 – Parábola do fariseu e do publicano (demonstração de que a prática do dízimo era comum); Mt. 23.23 – Jesus censura os fariseus por praticarem alguns aspectos da Lei e omitirem outros, ao mesmo tempo em que reforça a prática de dar o dízimo como sendo um dever (devíeis). Vd. passagem paralela: Lc. 11.42; Mc. 12.41-44 – Jesus elogia a viúva por dar, não dez, mas tudo o que possuía; I Co. 16.12 – Paulo dá instruções sobre um dia determinado para separar as coletas conforme a prosperidade (proporcional);

II – EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL
ESTATUDO DA IGREJA LOCAL - CAPÍTULO IV – DOS BENS E DOS RENDIMENTOS E SUA APLICAÇÃO (pg. 229) - Art.8 - São bens da Igreja ofertas, dízimos, doações, legados, bens móveis ou imóveis, títulos, apólices, juros e quaisquer outras rendas permitidas por lei.
Parágrafo Único - Os rendimentos serão aplicados na manutenção dos serviços religiosos e no que for necessário ao cumprimento dos fins da Igreja.


Art. 5 – “Uma comunidade de cristãos poderá ser organizada em Igreja somente quando oferecer garantias de estabilidade,...,... quanto aos recursos pecuniários indispensáveis à manutenção regular de seus encargos,...” (pg. 11)

Art. 14 – São deveres dos membros da Igreja, conforme o ensino e o espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo... c) sustentar a Igreja e as suas instituições, moral e financeiramente;... (pg. 16)

PRINCÍPIOS DE LITURGIA – CAPÍTULO III – CULTO PÚBLICO – Art. 8 – O culto público consta, ordinariamente, de leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas (de ofertar).

DESTAQUE DO COMPROMISSO DO OFICIAL DA IGREJA - Art. 28 – Os presbíteros e diáconos assumirão compromisso na reafirmação de sua crença nas Sagradas Escrituras... e na lealdade... à Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil. (pg. 147)

Art. 55 – O presbítero e o diácono devem ser assíduos e pontuais no cumprimento de seus deveres, irrepreensíveis na moral, sãos na fé, prudentes no agir, discretos no falar e exemplos de santidade na vida.

III – ADMINISTRAÇÃO
A administração do dízimo não é de competência do crente, ainda que este não concorde com a maneira como o Conselho o administra, podendo manifestar-se verbal e documentalmente, reportando-se diretamente a ele (Conselho).

O Conselho é o responsável pela administração dos recursos da Igreja que governa e deve prestar contas a ela (à Igreja) – Art. 83, alínea ‘a’ – São funções privativas do Conselho: a) exercer o governo espiritual e administrativo da Igreja sob sua jurisdição, velando atentamente pela fé e comportamento dos crentes, de modo que não negligenciem os seus privilégios e deveres;

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das grandes preocupações de algumas igrejas está para a questão relativa ao sustento pastoral. Em decorrência disto, convém lembrar que:

1. Uma Igreja que deseja escolher o seu próprio pastor deve ter recursos para mantê-lo;
2. O sustento pastoral deve ser acordado entre ministro e Conselho obedecendo o piso mínimo estabelecido pelo Presbitério;
3. O pastor pode ser de tempo parcial podendo dedicar a outra parte de seu tempo exercendo alguma outra profissão;
4. A Igreja que não tenha condições para sustentar o seu pastor deve submeter-se à designação do Presbitério que poderá fazê-lo de acordo com a sua disponibilidade e conveniência;
5. O pastor mantido pelo presbitério pode ser designado para o mandato de até 5 anos, assim como o pastor eleito pela Igreja.
6. O pastor presta, anualmente, relatório de seu ministério ao Presbitério, do qual é membro, podendo, cordialmente, compartilhar sobre seu trabalho com os membros e oficiais da igreja que pastoreia.

A igreja deve lembrar que os recursos de que dispõem são para seu próprio benefício e, havendo dificuldades na arrecadação, seus projetos em geral podem ficar comprometidos, correndo o risco de retornar ao status de Congregação.
Rev. Marcos Martins Dias

05 setembro 2008

ODIADOS PELO MUNDO


“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.” Jo. 15:18
Quem de nós não conhece estas palavras proferidas por Jesus?
Pode parecer simples quando nos atemos a mencioná-las ou mesmo estimular uns aos outros em relação à oposição, pressão, perseguição e morte a que os discípulos de Cristo estiveram, estão e estarão submetidos. Entretanto, não estou tão certo sobre o grau de compreensão que temos sobre este assunto.
O ódio que foi alimentado contra Jesus, os discípulos e a igreja, a qual escreveu sua história com o sangue resultante de abnegação e sacrifício, pode ser perfeitamente descrito pelos pregadores de nossa época e, mesmo que haja focos de sofrimentos aqui ou ali, nesta ou naquela nação ou região, não hesito em afirmar que alguma coisa pode estar errada quanto ao que Cristo disse e a realidade que contemplamos nestes dias.
Cristo não afirmou: “provavelmente o mundo os odiará” ou “haverá situações em que o mundo os odiará”. Suas palavras não permitem interpretações que justifiquem o estado atual da igreja em relação ao mundo. A natureza de ambos é completamente distinta e, em decorrência disto, não somente é impossível que ambos desejem e busquem o mesmo Deus e se apliquem a conhecer e a fazer Sua vontade, como também resulta em um confronto inevitável, onde o ódio é evidente e implacável.
Conforme leio os relatos bíblicos e tenho ciência de quanto ódio já foi dispensado a Cristo e Sua igreja, na medida que lanço os olhos para o estado em que nos encontramos hoje, em meio a um mundo corrupto e corruptor, que não quer buscar a Deus, que não admite sua pecaminosidade e não manifesta arrependimento e preocupação com o que o aguarda no futuro, não consigo enxergar uma igreja odiada em função da sua fé em Cristo e de sua incompatibilidade com uma ética fundamentada em princípios relativistas, a qual estabelece os ditames do comportamento mundano.
Apesar de haver quem procure apontar um desentendimento aqui e outro ali como sendo a manifestação deste ódio a que Jesus Se refere, não vejo mais do que um pretexto para justificar a apatia e morbidez que caracterizam a forma como se tem buscado conviver com o ímpio e sua impiedade, perdendo aquela função de ser sal e luz que, por sua vez, traria à baila a nítida diferença que há entre o mundo e a igreja de Cristo.
Diante disto e em contraposição à afirmação de Cristo, eu diria: “se o mundo não vos odeia...” é preciso refletir sobre o nível de diferença existente entre a nossa natureza e a que faz com que o mundo seja alvo da ira de Deus e permaneça sempre à beira de uma iminente condenação, tratando de demonstrar corajosamente quem somos e a que viemos, seguindo a mesma trajetória percorrida pelos apóstolos e vivendo á imagem e semelhança dAquele que nos libertou do Império das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do Seu amor.
Rev. Marcos Martins Dias