23 novembro 2007

AÇÃO DE GRAÇAS EM TUDO

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Fp. 4. 6

Os imperativos contidos neste versículo são muito conhecidos. Eles foram proferidos pelo próprio Senhor Jesus: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir...” Mt. 6.25; “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” João 14:13.
É muito comum conviver com homens e mulheres que perseveram em suas petições e súplicas da mesma forma como tem se tornado um desafio cada vez mais crescente conhecer quem viva sem algum tipo de intensa preocupação e ansiedade, mesmo quando estas mesmas pessoas fazem suas súplicas a Deus e agradecem pelo que ainda não receberam, sob a convicção de que é preciso “tomar posse” da bênção que, segundo afirmam, já são suas por decreto (humano ou divino?).
Não pretendo ocupar muito tempo com estas atitudes resultantes de um questionável entendimento das Escrituras; prefiro retornar ao texto e caminhar um pouco mais junto ao apóstolo Paulo, buscando acompanhar seu raciocínio.
A exortação relativa à ansiedade precede o que é dito a respeito das petições e súplicas; e não há como ser diferente posto que todos os que entregam, confiantemente, nas mãos de Deus as suas inquietações, manifestam uma fé que não se contesta, considerando que suas atitudes evidenciam paz e segurança mesmo quando as circunstâncias apontam para condições completamente opostas.
Note que Paulo mesmo dá demonstrações disto nos versículos seguintes ao fazer as seguintes afirmações: “... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Fp. 4. 11-13.
É isso. Posso ser humilhado, ser honrado, ter fartura, fome, enfrentar qualquer circunstância, porque o Senhor me fortalece. É como a casa construída na rocha.
Entretanto isto não é tudo. Paulo nos remete a um nível tão elevado que as ações de graças se definem como elementos indispensáveis. Ele sabe que a atitude de descansar em Deus é totalmente sábia. Afinal ela é essencialmente boa, agradável e perfeita (Rm. 12.2) e, sendo assim, há muito mais sentido em se dizer: “... faça-se a tua vontade,...” conforme Jesus nos ensinou em Mt. 6.10.
Assim sendo, rogo a Deus que nos ajude a dar “... sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,” de acordo com Ef. 5.20.

Rev. Marcos Martins Dias

14 novembro 2007

NÃO QUERO MAIS ÁGUA

“Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la”. Jo. 4:15

O mundo teve uma oportunidade ímpar de compartilhar da presença física de Deus por ocasião de Sua encarnação na Pessoa do Filho. No entanto, é curioso observar o modo como esta divina presença foi tratada de acordo com os registros que abordam sobre Seu ministério terreno.
Note as grandiosas afirmações que João faz acerca de Cristo nos primeiros capítulos de seu Evangelho. Suas descrições apontam para a Segunda Pessoa da Trindade como tendo fundamental participação em todas as coisas que vieram a existir, ao afirmar que “sem ele, nada do que foi feito se fez”. Jo. 1.3
Depois de virar algumas páginas encontramos o Criador das coisas visíveis e invisíveis assentado no poço de Jacó dispensando atenção a uma mulher samaritana, identificando-Se como a Fonte de água viva.
Quadro interessante. O grande Deus, Senhor do Universo, Se colocando no mesmo “nível” de uma minúscula parte de Sua majestosa Criação, de modo tão discreto a ponto de ser considerado possuidor de um poder extraordinário, ou seja, o de oferecer uma água que livraria aquela mulher, definitivamente, do “terrível” fardo de conduzir, diariamente, o seu cântaro e saciar sua sede.
Que terrível situação o pecado gerou em todas as faculdades humanas! Mesmo estando frente a frente com Deus, nada mais foi desejado além da solução de uma necessidade simples, natural e transitória.
Conhecendo a história desta samaritana, é inevitável ser tomado de algum tipo de indignação; entretanto, aquele mesmo comportamento se repete ainda hoje, na medida que multidões se dirigem a Deus apenas porque “não querem mais buscar água”, se esquecendo que permanecem diante dAquele “... que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós,”. Ef. 3:20
Em vez disto, seríamos muito mais coerentes com a nossa fé, se fizéssemos nossas as palavras do salmista: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” Sl. 42:2.
Não é o “cântaro” que deve nos preocupar e sim a necessidade de conhecer a Deus e buscar, continuamente, viver mais e mais em comunhão com Ele.

Rev. Marcos Martins Dias

O LEGÍTIMO ARREPENDIMENTO

“Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.” Sl. 51:4

Há inúmeras expressões que, embora façam parte do dia a dia da igreja, nem sempre são legitimadas pelas atitudes de que devem estar acompanhadas, ou seja, o seu uso habitual tende a enfraquecer o sentido de que elas estão revestidas.
O arrependimento é um bom exemplo disto. Pode-se dizer que nem sempre está agregado a atitudes que comprovam a sua legitimidade, pondo em dúvida a veracidade dos que se declaram conscientes de seu erro, dispostos a agirem com humildade seja buscando o perdão de que necessitam ou reparando o mal de que foram causadores, cultivando uma crescente comunhão com Deus e com os homens.
Isto deveria ser alvo de profunda e sincera reflexão posto que estamos lidando com o “degrau” que antecede os resultantes favores que se pretende alcançar.
Este elemento inseparável da vida cristã vem perdendo força há muito tempo. E isto se deve ao fato de que não se observa mudança de atitudes na mesma proporção em que muitos se declaram culpados, e isto quando declaram.
Além disto, o vocábulo grego de que estamos falando aqui, abrange não apenas o reconhecimento da culpa, mas também a necessária mudança de comportamento, como foi o caso de Davi. Estas coisas se completam de tal modo que a simples consciência de que se cometeu algum agravo, não é suficiente. A sincera busca pelo perdão e os devidos reparos que ainda podem ser feitos, caracterizam a legitimidade do arrependimento. Menos do que isto, não teremos mais que palavras frívolas as quais se configuram em algum tipo de “chavão” desgastado por seu uso contínuo e irresponsável, ainda que, por um momento, consigamos nos entregar às lágrimas.
Mesmo sem poder medir o grau e a intensidade do sentimento de tristeza e o desejo de reparar os danos causados pelo rei Davi, as palavras inspiradas do Salmo 51 nos bastam para saber que seu arrependimento o arremeteu “ao fundo do poço”.
Não seria o caso de buscarmos atitude semelhante ao considerarmos o arrependimento como uma expressão indispensável para a comprovação de uma vida cristã sadia? Não seria a ausência daquele espírito quebrantado a resposta para uma espécie de cristianismo mórbido que não oferece qualquer expectativa de avanço na escala de uma indispensável santificação?
As palavras do profeta Isaías concluem bem o que precisamos fazer diante de tão séria reflexão: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal.” Is. 1:16

Rev. Marcos Martins Dias

01 novembro 2007

SOMENTE A ESCRITURA

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.”
Sl. 119:105
Sempre que nos reportamos a fatos que se deram em tempos remotos, próximos ou distantes, inevitavelmente, precisamos concordar que muitas realizações que a Igreja levou a efeito no passado, eternizada pelos registros sagrados ou históricos de nossa época, se deram em circunstâncias bastante adversas e recursos extremamente limitados os quais jamais impediram as mudanças expressivas de que todos ainda somos e, muitos outros serão, beneficiados e estimulados a seguir em frente, fazendo verdadeira diferença.
Não é necessário abordar sobre a falta de recursos didáticos, de informações escritas, de inúmeras facilidades oferecidas pelo avanço tecnológico etc. e que caracterizaram as épocas mais marcantes que a Igreja experimentou durante toda a sua trajetória desde o Antigo Testamento.
A Alavanca propulsora que possibilitou grandes e inesquecíveis reformas nas convicções e na ética do povo de Deus sempre foi sem qualquer dúvida, a ação do Espírito Santo por meio de Sua Palavra em toda a história.
Eis a razão porque mesmo diante de desafios peculiares de uma multidão em deslocamento, da tirania de um Estado, das intransigências de uma religião imposta, surgiram homens que, sem qualquer expressão social, política ou econômica, fizeram grandes diferenças mesmo sendo peregrinos e forasteiros, cuja Pátria está nos céus, causa e objetivo de sua existência.
Para eles a Escritura, sob a eficaz atuação do Espírito Santo, é o ponto de partida para restabelecer a ordem e o equilíbrio, continuamente ameaçados por adversários que vão desde a velha natureza até o incansável inimigo que busca matar, roubar e destruir de maneira inconseqüente e impiedosa.
O povo de Deus, ainda sob os vínculos de uma milenar peregrinação, continua na dependência de homens que vejam nas Sagradas Escrituras a legítima regra de fé e prática, capaz de indicar os parâmetros norteadores a fim de que jamais se percam na busca pela Pátria que aspira alcançar.
Que o Senhor Se digne preservar-nos em contínua observância de Sua Vontade expressa em cada página de Sua inerrante e infalível Palavra.

Rev. Marcos Martins Dias