19 fevereiro 2010

O NOSSO EMBARAÇO

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,” Hb. 12. 1

Em outras reflexões já abordamos sobre a carreira que Deus propôs para cada um de nós e reiteramos o fato de não haver qualquer possibilidade de modificar aquilo que Ele já determinou, cabendo-nos zelar para trilhar voluntaria e alegremente toda a trajetória que ainda temos pela frente.

Neste artigo, volto a atenção para um dos grandes desafios da vida cristã, apesar de sua característica sutileza. Refiro-me ao peso que surge ao longo de todo o percurso e que precisa ser abandonado a fim de seguirmos adiante.

Note que ele não é menos ameaçador do que o pecado que, conforme está posto, “tenazmente nos assedia”. Na realidade, qualquer entrave na vida cristã se configura em pecado, posto que nos faz errar o alvo, retarda e compromete qualquer propósito em tratar com fidelidade e perseverança os desígnios de Deus.

Apesar de estar posto no mesmo nível que o pecado, é muito comum perceber como é fácil ficar embaraçado com determinadas coisas e situações, verdadeiros pesos tratados sem aquela seriedade com que se encara o pecado. Entretanto, eles requerem o mesmo cuidado, a mesma atenção, principalmente pelo modo sutil como provocam um estado de letargia e improdutividade na vida cristã.

Pessoas trabalhadoras, estudiosas, dedicadas à família e, dentre outras coisas, assoberbadas com muitas atividades eclesiásticas, encontram nestes elementos a justificativa para não disporem de tempo, condições, capacidade etc. para progredirem, avançando na carreira cristã.

De acordo com o texto, tudo o que representa um peso deve ser deixado. Logo, se fatores importantes como o trabalho, o estudo, a família e até certos acúmulos desnecessários ocasionados por algum tipo de ativismo religioso estão provocando embaraços para tanta gente, seria natural concluir que eles devem ser deixados. Por outro lado, seria insano concluir que esta é a única e melhor decisão a tomar. O que se deve fazer é acomodar cada área de nossa vida numa disposição que jamais represente um peso e crie embaraços durante o percurso.

É preciso dedicar muita atenção a isto, posto que não estamos lidando com algo claramente identificado e reprovado como pecado. Estamos falando de situações, pessoas e necessidades comuns a todos nós, as quais jamais deveriam servir como uma espécie de “escudo” para justificar a improdutividade, a inércia, o comodismo, a apatia e seus correlatos tão presentes na igreja hodierna.

Supliquemos a Deus que nos ajude a vivermos desembaraçados de qualquer tipo de peso, podendo avançar mais e mais na carreira que nos está proposta.

Rev. Marcos Martins Dias

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