12 fevereiro 2010

FALANDO GREGO

“para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles.” Mc. 4. 12


Quando estamos ocupados em dar orientações relativas ao modo como a vida cristã deve ser observada, geralmente, tratamos de vários assuntos desde os mais simples até os mais desafiadores, com a finalidade de levar o ouvinte a assimilar a importância de colocar em prática os ensinamentos bíblicos. Notadamente, a contínua inobservância do que Deus requer de Seus servos tem gerado um discurso tão repetitivo que é como se diz no popular: “estamos falando grego”.

É bastante curioso o fato de ver Cristo tratando este assunto de um modo bem diferenciado. Ele contou a parábola do semeador e, em resposta ao que os discípulos Lhe perguntaram, foi categórico em esclarecer que Seu objetivo não era facilitar para os ouvintes. Não era fazendo o que a maioria de nós, eventualmente, já fez, faz e ainda fará. Ele não popularizou, não empobreceu o Evangelho, não Se subjugou aos que se mostravam arrogantes, incautos, presunçosos, desinteressados e que se julgavam bons entendedores da Lei.

Jesus mostrou que, ao contrário do que pensavam acerca de si próprios, eles eram ignorantes, insensatos, escravos do pecado e lobos vestidos de ovelhas. Ao mesmo tempo, falava-lhes por parábolas e isto não facilitava muito as coisas.

Certamente isto não é uma apologia em favor de algum tipo de omissão quanto à necessidade de anunciar o Evangelho e quanto à necessidade que se tem de garantir que ele está sendo recebido como deveria, ainda que a resposta seja negativa.

O que se está enfatizando aqui é o modo como se tem falado insistentemente as mesmas verdades durante toda a existência da igreja e de como se contempla, estarrecidamente, um comportamento apático diante de exposições claras acerca da verdade, dos perigos que rondam a humanidade, da necessidade de se abandonar o pecado, de conhecer a Deus e a Sua vontade etc. É como se estivéssemos “falando grego”. Afinal, em que proporção nossos ouvintes tem mudado na medida em que recebem a Escritura?

Apesar da aparente contradição, a realidade entre o texto destacado e os fatos comprovados é a mesma, ou seja, muitos que tem ouvidos continuam sem entender e tantos outros que tem olhos permanecem cegos apesar de pensarem exatamente o contrário sobre si mesmos e, deste modo, vai-se falando repetidamente as mesmas coisas e constatando um tipo de inércia e apatia diante de atitudes que não mudam e de vidas que permanecem em declínio sem experimentar qualquer tipo de evolução espiritual.

Sejamos sinceros o suficiente para admitir o que está ocorrendo conosco e perguntemo-nos se temos respondido positivamente ao Evangelho ou se temos preferido nos acomodar ao que nos parece suficiente e que, na verdade, pode representar uma terrível e inevitável condenação agora e no porvir.

Que o Senhor nos ajude em nossas reflexões.

Rev. Marcos Martins Dias

Um comentário:

Paulo Sergio Visotcky disse...

Grande Rev Marcos, um forte abraço e que Deus abençoe grandemente seu ministério. Parabéns pelo blog e já está convidado a visitar e seguir o SOLI DEO GLORIA (www.somentedeusgloria.blogspot.com). Abraços, Paulo.