22 janeiro 2010

FOI A MULHER

“Então, disse o homem: a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore e eu comi.” Gn. 3. 12

Um dos momentos mais constrangedores para nós é quando estamos diante de nossa própria fragilidade, quando se torna evidente que falhamos em determinadas situações. Nem sempre é fácil admitir o próprio erro. Há momentos em que se requer uma habilidade sobre-humana para dizer: Sim, eu errei.

Isto é típico de nossa natureza. Desde a infância, percebe-se que não é preciso ser instruído nas variadas formas disponíveis para se esquivar das próprias falhas. Esta lição se aprende sem qualquer esforço e, em muitos casos, como elemento de defesa, perante a iminente disciplina a que, eventualmente, somos submetidos.

Certamente, não se pode cercear as pessoas de se explicarem; entretanto, não se pode confundir qualquer esclarecimento plausível, que desfaz o mal-entendido, que dirime dúvidas, que invoca a justiça e o equilíbrio perante questões não resolvidas, com aquela justificação que maquia o erro e ofusca a verdade.

Apesar de saber isto, durante milhares de anos, constata-se que o comportamento humano, muitas vezes, segue aquela postura adâmica de esquivar-se de sua própria responsabilidade, na medida em que diz: “... a mulher que me deste..., ela me deu da árvore...”, ou seja, aí está uma “boa base” para justificar a tese onde se afirma que “a melhor defesa é o ataque” e vice-versa, quando se deve lembrar que o caminho para corrigir nossos próprios erros é começando por admiti-los.

Mesmo que se opte por procurar outros culpados, omitir a verdade ou não assumir a própria falha, não se pode evitar os resultados. No caso de Adão, o texto mostra que as consequências foram drásticas e de proporções incalculáveis. Em nosso caso, ainda que não suceda algo que se impõe para reparar o erro, é preciso lembrar que o silêncio, a insensibilidade, a insistência em não assumir o erro, normalmente, lançam sobre os ombros do culpado um fardo que se avulta continuamente até que ele se incline humildemente e admita suas falas, se arrependa, se levante de onde tropeçou e caiu, a fim de poder prosseguir avançando e aprendendo com os próprios equívocos.

Não adianta culpar “a mulher” que, no caso, figura quaisquer circunstâncias ou pessoas. É preciso ter coragem suficiente para enfrentar nossas adversidades com responsabilidade, assumir as conseqüências, servir de modelo para os outros tão falíveis quanto nós e viver uma boa história que possa ser contata em sua integridade para os que caminham conosco e os que virão depois de nós.

Por fim, diante da dificuldade de enfrentar as próprias culpas, vale também buscar motivação no que desejamos para os que são afetados por nossos acertos e nossos erros, hoje e no futuro. Fazendo isto, refletiremos seriamente antes de tomar qualquer decisão, antes de proferir qualquer palavra, antes de tomar alguma atitude, lembrando que afetarão a nós e também aos outros.

Que Deus nos ajude a ter responsabilidade quanto ao que fazemos, sem jamais buscar apoio ao apontar para “a mulher” procurando uma forma de nos furtarmos diante do que apenas nós devemos admitir como nosso ato intransferível.

Rev. Marcos Martins Dias

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