“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.” II Co. 2. 17
Embora o Evangelho seja caracterizado por sua autenticidade, integralidade, pureza, confiabilidade, impopularidade, dentre outros fatores que, uma vez modificados, dão origem a qualquer outra coisa que, ou se transforma em uma espécie de caricatura dele ou em outra heresia qualquer que recebe o seu nome, do mesmo modo como se tem oferecido mercadorias baratas e em liquidação, assim também, sem que se meça as consequências, vai-se multiplicando a oferta de uma religião fácil, revestida de falsas promessas, barganhadas com uma vida sem compromissos e de “favores” oferecidos a Deus como se deles precisasse.
Uma realidade tão antiga que pode ser encontrada entre os escritos paulinos nos primórdios da era cristã, quando já surgiam os que, de olho na novidade que o Evangelho representava, no interesse que ele despertava, nas mudanças que proporcionava, nos milagres que ocorriam, falsificavam a Verdade, como se falsifica uma mercadoria qualquer e lançavam-se a oferecê-la de modo irresponsável, abominável, repugnante, ostentando o status de emissários de Cristo quando, na realidade, prestavam um desserviço ao cristianismo, promovendo confusão e criando novos problemas para serem combatidos pelos apóstolos, como se constata no texto destacado acima.
Você já deve ter percebido o ponto a que pretendo chegar. Refiro-me à situação de liquidação barata a que o Evangelho está exposto.
Muitos obreiros falsos e poucos verdadeiros, poucas igrejas e muitas sinagogas de satanás, um pequeno número de evangélicos e outro crescente de aventureiros inovadores, muita fala e pouca prática, muito ensino e pouco conteúdo, muita procura por uma religião de vida fácil e pouco interesse pelo cristianismo altruísta, caracterizado por aquela abnegação ensinada por Jesus Cristo.
Visão pessimista ou análise realista quanto aos fatos que presenciamos hoje?
Tal leitura se faz a partir da distância constatada entre o Evangelho escrito e aquele vivido, desprovido do impacto primitivo, do repúdio ao pecado, daquele “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus”, do conhecimento aprofundado das Escrituras, do amor a Deus e à Sua vontade, da confiança em Seu governo e soberania, da disposição para dar a própria vida por amor a Cristo, da cooperação no serviço divino, da compaixão direcionada para o pobre e necessitado, do interesse em amar, perdoar, fortalecer ao fraco, encorajar o desanimado, servir de todo coração, de todo entendimento e de todas as forças.
Um Evangelho que esteja em liquidação não é Evangelho e todos os que o abraçam não são evangélicos. São desesperados em melhorar a vida pelo meio mais fácil, os quais, equivocadamente, “levam para casa” um pacote de mudanças instantâneas que não demandam qualquer esforço, compromisso com o tempo, a santidade, a verdade, o temor e o amor a Deus.
Que o Senhor nos revista de sabedoria para discernirmos sobre o tipo de Evangelho que temos pregado e vivido, que temos abraçado dia após dia.
Rev. Marcos Martins Dias
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