06 março 2010

FAÇA O QUE EU MANDO

“Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.” MT. 23. 4

Os judeus foram muito oprimidos por seus líderes religiosos naquele período em que o Messias ainda estava por Se manifestar. A Lei havia sido interpretada de um modo extremamente deturpado, outros elementos foram agregados à ela, tinham uma vida moral e espiritual incompatível com o que ensinavam e, dentre outras coisas, ordenavam que se cumprissem certos rituais e que se aderissem certos costumes que eles mesmos não tinham qualquer preocupação em observar.

Jesus, entretanto, os desmascara continuamente, reprovando atitudes tão vis, dando o verdadeiro significado que a Lei deveria receber, conscientizando sobre a impossibilidade de observar qualquer mandamento sem considerar Sua obra mediadora, excluindo interpretações legalistas totalmente estranhas ao ensino original, além de confrontá-los com seus próprios erros e anunciar sua iminente condenação, oferecendo à igreja o “jugo suave o fardo leve”.

Certamente o preço pago por isso foi muito alto; entretanto, Seus ensinos, Sua obra, a entrega total de Sua vida trouxeram a verdadeira liberdade ao Seu povo.
Passaram-se os anos e, conscientemente ou não, aquela liderança medíocre, hipócrita, limitada, ignorante, déspota, enganada por si mesma, prosseguiu fazendo seus discípulos, na medida em que contribuiu para que surgissem tantos outros parecidos com eles, ensinando, se impondo, deturpando as Escrituras, estabelecendo normas que valem apenas para os outros e não para si mesmos, exercendo uma liderança que lança um jugo pesado sobre os outros ao mesmo tempo em que os poupa de abraçarem o mesmo compromisso de se sujeitarem às regras e leis que defendem, demonstrando que o valor do que deve ser feito aplica-se apenas aos que estão debaixo de sua liderança.

Guardando as devidas proporções, nos vemos diante de inúmeras circunstâncias onde pessoas são postas em posição de liderança e confundem o seu papel tanto em relação a Deus quanto em relação àqueles que lhes são confiados, ou seja, assumem autonomamente a condição de colocar em prática o velho adágio do “faça o que eu mando mas, não faça o que eu faço”.

Não é, necessariamente, uma atitude perceptiva. É algo tão natural que, geralmente não se percebe. Sabe-se apenas que exige-se dos liderados submissão, obediência, observância do que se “determina” mas, em muitos casos não empregam o mesmo critério para si mesmos, ou seja, não demonstram disposição para oferecer o mesmo comportamento com relação aos que foram postos como líderes sobre eles, dando provas de sua total incapacidade para liderarem, considerando que se sentem à vontade para pastorearem a si mesmos, colocando fardos pesados sobre os ombros alheios que eles mesmos não são capazes de suportar.

Todos precisamos avaliar o modo como temos tratado questões desta natureza, lembrando que uma maneira de validar nossa autoridade é sujeitarmo-nos humildemente àqueles que foram designados para nos orientarem e liderarem. À parte disto, não se deve esperar bons resultados. A mesma reprovação feita por Jesus aos escribas e fariseus também vale para muitos em nossas igrejas.

Diante disto, pergunte-se sobre como você está e, cuide para que sua atitude em relação aos que lidera seja um reflexo do seu comportamento relativo aos que orientam sua vida cristã, a qual não apresenta qualquer dificuldade para fazer o que lhe é orientado.

Rev. Marcos Martins Dias

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