06 dezembro 2008

O SOFRIMENTO DE DEUS

“As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.” Is. 1. 14

Dentre os interesses que os cristãos têm em comum, “agradar a Deus” é um dos pontos que adquire maior destaque, principalmente quando o assunto está relacionado ao culto e às demais atividades que se desenvolvem coletivamente.
Pode não ser nada fácil admitir que, ao contrário de se atingir o objetivo proposto, é possível estar promovendo o contrário, ocasionando um verdadeiro “sofrimento” em lugar da “satisfação divina”.
Não é preciso se esforçar para que isto se torne uma realidade constante na vida cristã, considerando que o ajuntamento solene sempre está associado ao que se observa na rotina diária e individual de cada adorador. Antes de aceitar a oferta, os olhos do Senhor estão voltados para o estado a qualidade de vida do cultuante (vd. Gn. 4. 4 e 5).
Esta era a situação de Israel na ocasião em que Isaías foi usado para denunciar o estado degenerativo em que o povo se encontrava, apesar de estar procurando prestar o culto a Deus dentro dos moldes que a Lei determinava. Ao contrário do que imaginavam, em vez de promover a honra e a glória de Deus, Sua resposta aos sacrifícios, às ofertas e à observância de cerimoniais previstos na Lei era de reprovação e convocação ao arrependimento e a uma vida que se harmonizasse com os rituais praticados no Templo. Isto fica evidente no versículo 4 do capítulo 1o, onde se diz: “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.” e ainda “Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.” vs. 6
Desta mesma forma Ele manifesta Seu repúdio relativo aos cerimoniais com termos que não deixam margem para outra interpretação. Palavras como “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? Já estou farto dos holocaustos de carneiros... nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes... Não continueis a trazer ofertas vãs... o incenso é para mim abominação,... não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene” (vss. 11 e 13). A tudo isto acrescente-se o versículo 14, destaque desta pastoral.
É preciso compreender que a religiosidade contemplativa jamais foi proposta por Deus. De acordo com Tiago, não há fé sem obras. Deste modo, é necessário que nos enquadremos no padrão requerido por Deus, o qual inclui, dentre outras coisas, o que nos é dito nos vss. 16 e 17: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”.
Roguemos ao Senhor a sabedoria necessária para fazer com que nosso ajuntamentos solenes sejam uma extensão da vida que observamos continuamente e, assim, alcancemos o objetivo proposto de viver para agradar a Deus.
Rev. Marcos Martins Dias

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