"A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?" Sl. 42. 2
Quando estas palavras foram escritas, o autor do Salmo que, segundo intérpretes de renome, aponta para Davi, padecia de inúmeras perseguições desencadeadas por Saul, as quais o privavam de ter acesso ao tabernáculo, onde estava a arca da aliança e que, por sua vez, representava a presença de Deus no meio do Seu Povo com todos os favores decorrentes desta comunhão desenvolvida através de um comparecimento sistemático àquele lugar de adoração. Calvino diz que "Davi não fala simplesmente da presença de Deus, mas da presença de Deus em conexão com certos símbolos; pois ele põe diante dos olhos o tabernáculo, o altar, os sacrifícios e outras cerimônias pelas quais Deus testificava que estaria perto de seu povo; e que cabia aos fiéis, ao buscarem aproximar-se de Deus, começarem com essas coisas....".
Não que este servo de Deus, em ocasiões de certo conforto e facilidades, tenha desprezado a importância de aproveitar a oportunidade de oferecer culto a Deus, mas sem dúvida, este salmo expressa um profundo sentimento de tristeza pelas privações a que foi submetido enquanto fugia do desejo impiedoso de Saul em o matar.
Davi começa ilustrando seu sentimento com a figura do cervo, que, emite um angustiante bramido por seu sofrimento em situações de sede intensa e de sua incapacidade em encontrar água por fatores tais como as condições climáticas típicas de regiões orientais e a perseguição de caçadores no deserto seco e escaldante, as quais multiplicam demasiadamente o valor de se encontrar água para saciar sua sede.
Para a maioria de nós isso pode não fazer muito sentido, considerando que vivemos em meio a situações extremamente favoráveis para cultivarmos uma vida cristã dinâmica e uma santificação em acelerado processo de ascensão. Temos bíblias de variadas versões, múltiplas ocasiões para comparecermos ao ajuntamento solene, liberdade para praticarmos a fé que confessamos, pessoas capacitadas para nos instruir e, ao mesmo tempo, falta o bramido angustiante, o desejo profundo de uma busca mais intensa por Deus, provando, com isto, que nossas facilidades estão dificultando a vida cristã que precisamos praticar.
Diante destas condições somos conclamados a fazer uso do bom senso e aproveitarmos bem cada momento de nossa vida para investir o melhor de nós na vida espiritual e nas coisas relativas ao Reino de Deus enquanto ainda podemos faze-lo, sem que haja a necessidade de sofrermos a ponto de emitir um bramido intenso como prova de nosso reconhecimento da necessidade que temos de servir a Deus com amor, espírito voluntário, uma contínua e incansável dedicação.
Pensemos, carinhosamente, sobre mais este assunto.
Rev. Marcos Martins Dias
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