29 abril 2008

PAU QUE NASCE TORTO

“Fazei , pois, morrer a vossa natureza terrena...” Cl 3:5

Um determinado seminarista que jogava bola com seu professor, envolvido com o calor da competição, alterou o seu comportamento de tal forma, a ponto do piedoso pastor perguntar-lhe: “Quem está jogando bola é o novo homem ou o velho homem?”
Isto serve apenas pra ilustras como é fácil manifestar a velha natureza que reside dentro de cada um de nós, quando a recomendação bíblica é clara em instruir-nos a não fornecer munição, suprimentos para a natureza que se corrompe e provoca muitos males. Apesar disto nunca faltou os que se protegem sob a idéia de “pau que nasce torto, morre torto”, utilizando-se de expressões como esta para justificar atitudes pecaminosas desprovidas de domínio próprio e que nada têm haver com a nova criatura.
Suportar a um irmão e aceitá-lo tal como ele é não quer dizer aceitar a sua maneira descontrolada de falar, não significa ser conivente com a difamação, concordar com grosserias e faltas de educação. Não significa partilhar da sua irreverência para com Deus no templo ou em qualquer outro lugar, ou mesmo participar da sua insubordinação às autoridades eclesiásticas a quem deve submissão.
Aceitar a um irmão e compreendê-lo não é concordar com sua maneira nada cristã de se conduzir no lar, escola, trabalho, igreja ou outro ambiente social.
Sem dúvida todos nós fomos um dia “paus que nasceram tortos”, encurvados pelo pecado, entretanto, o nosso encontro com Jesus fez endireitar esta “madeira” de forma que, mesmo havendo nascido assim não precisamos terminar a vida nesta mesma condição, a não ser que nunca tenha havido um legítimo encontro com Cristo.
É exatamente sobre isto que Paulo está falando no texto em epígrafe. Todo aquele que nasceu torto precisa fazer morrer a sua natureza terrena, se é que já foi transformado por Jesus.
Aceitar e suportar o irmão é conviver com suas diferenças moldadas pelo Espírito, sem a influência nociva de uma natureza pecaminosa que ainda reside nele. É aceitar a sua personalidade introvertida ou não, sua maneira rápida ou lenta de raciocinar, sua atração por outra forma qualquer de se nutrir, seu estilo diferente de se vestir, sua maneira simples de falar, seu jeito característico de andar, sua forma de dirigir, de olhar, de ler ou escrever, enfim, peculiaridades que, ainda que em nada se pareçam com os demais, serão bem vindas para compor um todo cuja beleza reside exatamente nestas diferenças.
Deus nos fez diferentes, não para pecar; mas, para, unidos aos outros, formarmos a unidade necessária, visando uma constante transformação, pois se lhe impormos nossos erros como sendo algo irreparável, como poderemos estar em constante santificação ?
Fazendo isto, não só afirmaremos, mas também experimentaremos que o “pau que nasce torto, não morre torto”.
Rev. Marcos Martins Dias

18 abril 2008

FACILIDADES QUE DIFICULTAM


"A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?" Sl. 42. 2

Quando estas palavras foram escritas, o autor do Salmo que, segundo intérpretes de renome, aponta para Davi, padecia de inúmeras perseguições desencadeadas por Saul, as quais o privavam de ter acesso ao tabernáculo, onde estava a arca da aliança e que, por sua vez, representava a presença de Deus no meio do Seu Povo com todos os favores decorrentes desta comunhão desenvolvida através de um comparecimento sistemático àquele lugar de adoração. Calvino diz que "Davi não fala simplesmente da presença de Deus, mas da presença de Deus em conexão com certos símbolos; pois ele põe diante dos olhos o tabernáculo, o altar, os sacrifícios e outras cerimônias pelas quais Deus testificava que estaria perto de seu povo; e que cabia aos fiéis, ao buscarem aproximar-se de Deus, começarem com essas coisas....".
Não que este servo de Deus, em ocasiões de certo conforto e facilidades, tenha desprezado a importância de aproveitar a oportunidade de oferecer culto a Deus, mas sem dúvida, este salmo expressa um profundo sentimento de tristeza pelas privações a que foi submetido enquanto fugia do desejo impiedoso de Saul em o matar.
Davi começa ilustrando seu sentimento com a figura do cervo, que, emite um angustiante bramido por seu sofrimento em situações de sede intensa e de sua incapacidade em encontrar água por fatores tais como as condições climáticas típicas de regiões orientais e a perseguição de caçadores no deserto seco e escaldante, as quais multiplicam demasiadamente o valor de se encontrar água para saciar sua sede.
Para a maioria de nós isso pode não fazer muito sentido, considerando que vivemos em meio a situações extremamente favoráveis para cultivarmos uma vida cristã dinâmica e uma santificação em acelerado processo de ascensão. Temos bíblias de variadas versões, múltiplas ocasiões para comparecermos ao ajuntamento solene, liberdade para praticarmos a fé que confessamos, pessoas capacitadas para nos instruir e, ao mesmo tempo, falta o bramido angustiante, o desejo profundo de uma busca mais intensa por Deus, provando, com isto, que nossas facilidades estão dificultando a vida cristã que precisamos praticar.
Diante destas condições somos conclamados a fazer uso do bom senso e aproveitarmos bem cada momento de nossa vida para investir o melhor de nós na vida espiritual e nas coisas relativas ao Reino de Deus enquanto ainda podemos faze-lo, sem que haja a necessidade de sofrermos a ponto de emitir um bramido intenso como prova de nosso reconhecimento da necessidade que temos de servir a Deus com amor, espírito voluntário, uma contínua e incansável dedicação.
Pensemos, carinhosamente, sobre mais este assunto.
Rev. Marcos Martins Dias

11 abril 2008

O ENTENDIMENTO DO BOI

“O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.” Is. 1:3

As muitas promessas contidas na Escritura e os textos que são utilizados para encorajamento e fortalecimento são tantos que não seria de estranhar que afirmações como esta, feita pelo profeta Isaías, não consigam encontrar lugar para destaque, principalmente porque não representam algum tipo de afago para o coração humano; antes, coloca-o em posição de desvantagem perante o boi e o jumento, em questões de “conhecimento, entendimento, obediência’.
Este grande profeta é conhecido por sua coragem em abraçar um ministério, cujos resultados lhe foram previamente anunciados, os quais não foram nada encorajadores. Isto se observa na ocasião do seu chamamento quando ele foi advertido da seguinte maneira: “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.” 6:9.
Em circunstâncias assim, fica evidente o motivo da comparação, onde o animal que, por natureza é irracional, é posto em situação de vantagem em relação ao Povo de Israel o qual, por sua vez, não demonstrou qualquer disposição para dar ouvidos à palavra do profeta, à palavra de Deus.
Poder-se-ia ter a impressão de que foi ali que surgiu o velho adágio popular onde se afirma que “é mais fácil conduzir uma boiada” – isto se diz quando se faz menção da obediência e sujeição humanas à palavra de Deus.
De qualquer modo, embora os tempos nos distanciem da época em que o texto foi escrito, esta realidade permanece atual como nos dias do profeta. Ainda continuamos encontrando mais facilidade para conduzir o boi e o jumento do que em levar muitos “pensadores” à conclusão de que há diversas situações onde o que se requer se resume simplesmente em “obediência”.
Certamente não é nada confortável ser posto em um nível inferior ao dos animais; entretanto, estas palavras não foram ditas por homem. Esta é a clara e simples avaliação que Deus fez sobre o Seu Povo diante da resistência em dar ouvidos à Sua voz e a acatar os Seus preceitos.
Consideremos o nosso comportamento em relação à vontade de Deus e vivamos de tal maneira que o boi e o jumento permaneçam na condição em que foram criados, ocupando um lugar inferior e de desvantagem perante nossa atitude de contínua sujeição e obediência aos desígnios do Senhor.

Rev. Marcos Martins Dias

07 abril 2008

SEMENTE ENTRE ESPINHOS

“A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.” Lc. 8:14

Cuidados, riquezas e deleites da vida. Se estas palavras não tivessem saído da boca de Jesus, dificilmente tais elementos seriam qualificados como espinhos que são verdadeiros empecilhos para o crescimento da boa semente e o resultado natural de seu desenvolvimento que é a produção de frutos.
No entanto, aí está. Posto de modo direto, objetivo e claro, ensinado numa época distante e, em detrimento disto, tão atual que parece se referir ao piores males que têm assolado a vida de muitos crentes em nossa geração.
É preocupante contemplar as crescentes inquietações que têm absorvido o que poderíamos chamar de “as primícias” da igreja hodierna, levando-a a perder de vista a razão principal de sua existência e a ser sufocada por questões que, embora em si mesmo não se constituam pecado, têm sido verdadeiros obstáculos na identificação de um cristianismo caracterizado pela boa semente e pela qualidade dos frutos que precisa produzir.
Não estamos abordando sobre fatores que qualquer pessoa seja capaz de demonstrar. Nosso foco está nos frutos que resultam da presença do Espírito Santo na vida de todo aquele que foi alcançado pela divina semente.
Mas, como disse Jesus, os holofotes estão lançados sobre os espinhos. São eles que têm conseguido extrair o melhor da terra, adquirindo vida e nutrindo o vigor responsável por sufocar o que, de fato, deveria encontrar no coração humano, o local apropriado para germinar, crescer e frutificar.
É preciso ser honesto o suficiente para admitir este grave problema que fez a igreja enfermar e, diante desta análise sincera, buscar, desesperada e urgentemente, reverter o quadro que se estabeleceu, antes que o Senhor da terra decida fazer a colheita prometida em busca dos frutos que espera encontrar, aniquilando tudo o que sempre representou uma ameaça para a ampliação de Seu Reino e, para O qual “os cuidados, as riquezas e os deleites do mundo” não trouxeram qualquer contribuição para qualificar a terra onde a semente foi lançada, a não ser para sufocá-la e absorvê-la.
Estejamos prontos para apresentar, dia a dia, os frutos que Deus requer de nós, arrancando os espinhos e nutrindo a divina semente em nosso coração.

Rev. Marcos Martins Dias

01 abril 2008

CORTADO OU PODADO

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda”. Jo. 15:2


Dentre todos os desvios doutrinários sofridos pelo Povo de Deus constatados e confrontados com a vinda de Cristo, nos deparamos com o conceito extremamente equivocado de que, por ser o Povo escolhido conforme os registros veterotestamentários, Israel se considerava a videira na qual todos os que fazem parte do Reino de Deus estavam ligados; entretanto, nesta passagem, Jesus esclarece de modo incisivo que Ele é, verdadeiramente (de fato e por direito), a videira, diferente do modo como Israel compreendiam. E, uma vez tendo este princípio trivial esclarecido, seria preciso abrir mão deste conceito proselitista e substituí-lo pelo ensino de que Cristo é o único meio pelo qual o homem pode fazer parte do Reino de Deus.
Neste processo antecedido pelo ato de ter sido ligado a Cristo, o tratamento dado a todos os que se declaram fazer parte da Videira Verdadeira confirma esta realidade através dos frutos que produzem. Na verdade, mais do que isto; na produção de muito fruto, conforme Jo. 15. 5. E para que este processo ocorra, os “ramos” infrutíferos devem ser cortados e os “ramos” produtivos devem ser limpos e podados para que produzam mais fruto ainda.
Este trabalho não diz respeito apenas a Israel, considerando que estamos tratando de todos os ramos, judeus e gentios, ligados à Videira, o que nos inclui na qualidade de enxertados, como está escrito em Rm. 11. 17 e 18.
Esta lição, embora simples de aprender, parece não estar sendo levada tão a sério como deveria, posto que ainda há muitos fazendo declarações lacônicas, desprovidas de qualquer consistência suficiente para convencer a quê ou a quem estamos ligados. Isto é um fator importante porque determina a condição em que nos encontramos, ou seja, cortados ou podados.
Apesar de ambos serem extremamente dolorosos, vale lembrar que enquanto um envolve a condenação e sofrimento eternos, o outro aponta para uma condição cada vez mais elevada na produção de frutos resultantes da presença de Cristo na vida e culmina numa eternidade desfrutada amplamente de todos os privilégios prometidos àqueles que, de fato, são parte de Cristo.
Precisamos refletir sobre a importância de estar cortado ou ser podado, motivando-nos a cultivar uma vida que fale, por seus frutos, quem nós somos.

Rev. Marcos Martins Dias