31 março 2007

PÁSCOA - UMA FESTA DE SALVAÇÃO E DE CONDENAÇÃO

“...: Assim diz o SENHOR: Cerca da meia-noite passarei pelo meio do Egito. E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta no seu trono, até ao primogênito da serva que está à mó, e todo primogênito dos animais. Haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve, nem haverá jamais; porém contra nenhum dos filhos de Israel, desde os homens até aos animais, nem ainda um cão rosnará, para que saibais que o SENHOR fez distininção entre os egípcios e os israelitas.” Ex. 11.4-7

A Páscoa chegou e, com ela, muitas coisas boas: feriado, viagens, reencontro de amigos, parentes, distribuição de chocolates, festas religiosas e muito mais. O "ar" é tomado por um clima de muita alegria e fraternidade. Mas, tudo isto é muito diferente do que aconteceu na primeira noite em que a Páscoa foi comemorada, há milhares de anos, no Egito.
É verdade que houve "festa" naquele dia. Mas, além de ter sido uma festa muito discreta comemorada pelos hebreus, as suas casas foram envolvidas por um clima de intenso temor e apreensão porque, ao contrário dos hebreus, no Egito em cada casa onde havia um filho, um pai, um avô, um irmão e até os animais que eram primogênitos (os mais velhos dentre os irmãos ou "dos filhotes - no caso dos animais"), foi tomada pelo terror da morte que, silenciosamente, batia de porta em porta, espalhando pavor, tristeza e provocando altos brados de choro e lamentação.
Os hebreus comemoraram a Páscoa, símbolo de sua libertação da escravidão do Egito, ao passo que os egípcios eram condenados por sua desobediência, sofrendo a perda de todos os primogênitos.
Note que aquela festa foi muito diferente das que são feitas hoje. Um grande erro aconteceu durante a história e pouca gente consegue perceber isto. Não há qualquer ligação entre o que estão fazendo e o que aconteceu naquele dia.
Este é um bom momento para parar e pensar nos fatos que motivam as alegrias da páscoa hodierna. Pense em Deus e procure motivos pra comemorar. Creio que será difícil viver em festa enquanto o mundo está saturado por elevados índices de todo tipo de maldade e decadência.
Pare pra pensar e reflita sobre o lado em que você estaria se a história se repetisse: você seria um hebreu tomado de temor entre um misto de alegria e tristeza ou estaria exposto a receber a indesejável visita da morte como resultado do atual descaso com que insistem em tratar a Pessoa de Deus e Sua vontade?
Ainda há tempo para rever conceitos e buscar verdadeiros motivos para festejar, e fazendo-o com discrição, respeito e o temor que acompanham a verdadeira Páscoa com o seu real significado.
Sendo livre do pecado, você terá paz e não precisará temer a morte que permanece atravessando a penumbra de uma noite sombria. Mas, permanecendo sem qualquer compromisso com Deus, jamais encontrará motivos pra celebrar a vida e, fatalmente, mesmo que não perceba, a morte o alcançará.
Que Deus nos dê a compreensão necessária sobre o assunto e nos conduza a fazer o que é preciso para estar amparados pela salvação, ao mesmo tempo em que a condenação atinge, avassaladoramente, todos os que insistem em tratar com indiferença e ou desrespeito o que a Páscoa pode e deve representar.

Rev. Marcos Martins Dias

23 março 2007

TENHA PAZ EM SUA CASA

“Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.” II Co. 13.11

Temos dito, algumas vezes, que o melhor lugar do mundo pra se viver é “na igreja”, onde encontramos compreensão, amor, solidariedade, verdade, justiça e, dentre outras coisas, também desfrutamos da sempre desejada e verdadeira paz.
Apesar disto, não sei se a palavra “igreja” tem sido entendida apenas como sendo o lugar onde nos reunimos para cultuar a Deus e aprender da Escritura. Se esta é a única definição que temos sobre o assunto, então não estamos corretos; porque a igreja é composta, essencialmente, por seus membros que, tal como pedras vivas, formam um único edifício, mesmo quando estão em outros lugares; o que inclui o lar, a família de cada um de nós.
Ora, se é assim, e de fato é mesmo, então seria mais do que natural, encontrar em nossos lares as mesmas coisas que foram citadas acima, com mais ênfase, à paz que tem sido algo, muitas vezes, ausente.
É bom lembrar que nossa casa revela continuamente o que realmente somos. Ali não é possível tentar ser o que não somos e tampouco tentar manter atitudes meramente aparentes, simulando uma boa e temporária imagem. Se existe alguém que nos conhece muito bem, não hesito em dizer que tal pessoa é aquela que vive mais próxima de nós e mais tempo conosco.
Portanto, detectar a ausência dos valores descritos acima em nosso lar e pouco ou nada fazer, é decretar a própria falência da transparência, honestidade, verdade e, como resultado disto, amargar a ausência da verdadeira paz, da felicidade tão desejada, da alegria que não se baseia em ficção ou fantasia e muitas outras coisas boas que, acredito, “todo mundo” quer.
Quando estas coisas estão ausentes nas famílias, o mundo, cuja falência já está decretada, se torna um lugar mais agradável e confortável do que o nosso “cantinho” onde a igreja deve estar sempre presente. Se assim for, jamais haverá prazer em cruzar nossos portões, abrir nossas portas e assentar em nossos sofás.
Mantenha a paz em seu lar! “Vivei em paz; e o Deus de amor e paz estará convosco.”

Rev. Marcos Martins Dias

17 março 2007

ALEGRIA NA ADVERSIDADE

“todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” Hc. 3.18

Este é um dos múltiplos textos das Escrituras que, em detrimento de sua profundidade e aplicabilidade na vida dos cristãos de todas as épocas e lugares, normalmente não encontra espaço no contexto pós-moderno, onde a teologia da prosperidade recebe destaque e aponta os benefícios temporais como sendo uma realidade indispensável e comprobatória de que a fé, a aprovação de Deus e a Sua bênção estão presentes na vida de todos quantos foram alcançados pelo Evangelho.
No entanto, o profeta Habacuque coloca a questão de um modo bem diferente, na medida que afirma o seguinte: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,” (17).
Observe que o que está posto nada tem a ver com as muitas promessas feitas aos crentes de hoje, considerando que a alegria e a exultação de que o texto trata, não se condicionam a uma vida de benefícios temporais abundantes; pelo contrário, o profeta procura mostrar que, mesmo em meio à adversidade, ele se alegra e se exulta em Deus, confiado em Sua sustentação quando tudo parece perdido.
Isto é bastante diferente da melancolia e dos constantes murmúrios que se confundem com certas declarações e promessas feitas para e em nome de Deus. Um paradoxo com o qual vai-se vivendo consciente ou inconscientemente até que os olhos sejam abertos para a realidade ou então, até que a frustração ocupe o lugar da fé, criando uma barreira quase intransponível entre o homem e Deus.
Observando o grave risco que muitos estão correndo atualmente, vale lembrar da postura de Jó no momento em que sofreu grandes e terríveis perdas, afirmando o seguinte: “... Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” (Jó. 10)
Aprendamos a lidar com as adversidades, apresentando uma legítima alegria, grande exultação e gratidão a Deus mesmo quando tudo nos parece desfavorável. Desta forma estaremos evidenciando uma fé viva e que não se condiciona às circunstâncias em que vivemos.
Rev. Marcos Martins Dias

08 março 2007

PERDERAM A LÂMPADA

“... Então, disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o Livro da Lei na Casa do SENHOR...” 2 R.s 22:8

Você deve estar lembrado da ocasião em que um dos reis de Judá, Josias, o qual, depois de assumir o trono aos oito anos de idade e já tendo completado dezoito de reinado, decidiu fazer uma reforma no templo, convocando carpinteiros, pedreiros, edificadores e providenciando o material para este importante empreendimento.
Dados os passos iniciais, em algum momento, Hilquias se dirige ao escrivão Safã, dizendo haver encontrado o Livro da Lei na casa do Senhor e, aquilo que, poderia ser tido como algo extremamente natural, ou seja, um sumo sacerdote, a Casa do Senhor, o Povo de Deus, o Livro da Lei... (elementos que compõem um quadro normal dentro dos parâmetros que Deus estabeleceu para o Seu povo), não somente provoca grande estarrecimento pelas reações observadas, como também nos conduz a um estado de séria e profunda reflexão, dada a similaridade entre a realidade que eles estavam vivendo e a condição religiosa que se contempla hoje.
Note que a situação não era nada boa. Deus lhes disse: “...: Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos,” (II Rs. 16. 22 e 17).
Em detrimento de toda a tradição dos judeus e, apesar das instruções dadas quanto ao caráter indispensável da utilização da Lei como norma a ser observada em todos os seguimentos da nação, é difícil compreender como eles conseguiram chegar a este ponto. Desde o sumo sacerdote até o menor conhecedor do legado de seus antepassados, verifica-se um estado espiritual de insensibilidade sem precedentes, a qual é, implacavelmente, pulverizada diante do inexorável poder inerente à Palavra de Deus. Isto se constata pela reação do rei Josias. “Tendo o rei ouvido as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes... Ide e consultai o SENHOR por mim, pelo povo e por todo o Judá, acerca das palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do SENHOR que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem segundo tudo quanto de nós está escrito.” (II Rs. 16. 11 E 13).
Se estes fatos são uma contundente prova de desprezo a Deus e à Sua Palavra, principalmente por se tratar do povo de Israel, tanto mais séria é a situação de quem desfruta de amplo acesso às Escrituras e, paradoxalmente, por vezes manifesta uma ética incompatível com os preceitos bíblicos (o que seria uma outra forma de perder o contato com “o Livro da Lei”, a lâmpada para os nossos pés – uma lâmpada perdida).
O próprio desejo contínuo e crescente por uma religião fragmentada por incontáveis, questionáveis e equivocados modos de interpretação, é uma prova irrefutável de que se faz necessário resgatar, urgentemente, atitudes como as do rei Josias, resultado de um legítimo contato com as Sagradas Escrituras e não com um “evangelho caricaturado” que causa uma mudança aparente e superficial, ao mesmo tempo em que produz estragos indescritíveis, decorrentes da deformidade peculiar ao evangelho popular disseminado, prodigamente, dia-após-dia, conduzindo pessoas sob a escuridão.
Certifiquemo-nos que, mesmo possuindo a Escritura, não seja ela uma espécie de lâmpada perdida dentro de nós mesmos. Certifiquemo-nos que o conhecimento bíblico tem gerado um contínuo arrependimento, um significativo progresso em nossa vida e a firme esperança de vida eterna.

Rev. Marcos Martins Dias

01 março 2007

AUMENTA-NOS A FÉ

“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”. Jo. 20:29

De todas as dificuldades que a igreja contemporânea tem enfrentado, a que mais me preocupa está relacionada à atitude de Tomé, o qual, após a ressurreição de Cristo, demonstrou uma incredulidade que o levou a ser veementemente advertido por Jesus.
“Porque me viste, creste”. Estas foram as palavras que precederam a afirmação de que “verdadeiramente felizes são os que não viram e creram”. Tomé deveria ter compreendido que isto era mais do que uma declaração; na verdade era uma clara reprovação por sua atitude de incredulidade.
Em detrimento do claro ensino transmitido por esta passagem, não é incomum olhar ao redor e contemplar uma incontável multidão que, a pretexto de fé, demonstram exatamente o contrário na medida que agem como Tomé, ou seja, precisam ver, experimentar etc. para, somente então, se sentirem fortalecidos e mais confiantes em Deus e, o que é pior, ter sua fé aumentada de formas ilegítimas, apesar da clara afirmação de Paulo (a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo – Rm. 10.17), confirmando assim o que Jesus profetizou ao dizer: “..., quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” Lc. 18.8
Isto é incompatível com a grande movimentação que se percebe em nosso contexto religioso, onde comemora-se muito por “pequenas coisas”. Na intenção de reproduzir os sinais feitos por Jesus, tem-se conseguido diminuir a riqueza de tudo quanto já está escrito e, conseqüentemente, transmitir um tipo de evangelho caricaturado, quando João, no mesmo capítulo que destacamos aqui, continua dizendo: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.
É uma pena constatar que “a fé” não tem sido suficiente para levar pecadores a um legítimo arrependimento, o que inclui uma inquestionável mudança de vida; entretanto, ainda é tempo de lembrar que “sem fé é impossível agradar a Deus”. Assim sendo e, diante do quadro que já está estabelecido, em vez de comemorar, o momento é de refletir, chorar e rogar ao Pai, dizendo: “Senhor, aumenta-nos a fé.”

Rev. Marcos Martins Dias