17 outubro 2006

SOLIDARIEDADE

“Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte.” Is. 41:6

Este versículo faz parte de um conjunto de passagens bíblicas preferidas por muita gente. Não sei dizer ao certo o número de vezes em que o versículo foi usado para estimular os crentes a se fortalecerem mutuamente. Entretanto, mesmo aquele que não recebeu qualquer formação acadêmica, principalmente na área teológica, perceberá que o contexto em que ele está inserido não diz respeito à união entre servos de Deus; pelo contrário, trata-se de uma confiança cega depositada em falsos deuses, na esperança de que recebessem livramento das mãos de Ciro, o rei da Pércia, o qual se fortalecia cada vez mais pelas conquistas obtidas em suas batalhas contra inúmeras nações.
Tomados pelo pavor, um idólatra ajudou ao outro no trabalho de fabricar o seu próprio ídolo, estimulando-o a fortalecer sua confiança conforme diz o versículo seguinte: “Assim, o artífice anima ao ourives, e o que alisa com o martelo, ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Está bem feita. Então, com pregos fixa o ídolo para que não oscile.”
Qualquer pessoa, cujas faculdades mentais estejam em ordem, verificará que: 1. A criatura (o ídolo) não é maior que o seu criador (o idólatra); 2. Um ídolo que precisa ser fixado (neste caso com pregos) para garantir a sua sustentação, não reúne a mínima condição de proteger quem quer que seja e do que quer que seja; 3. A evidente mediocridade percebida neste comportamento é uma simples demonstração da força que o pecado exerce sobre a capacidade de raciocinar, cauterizando mentes, provocando surdez e cegueira espirituais.
Alguém poderá dizer que estou tratando de um assunto muito óbvio. No entanto, como explicar a diferença entre a pronta disposição em fortalecer este vínculo pecaminoso e a incômoda desunião que, notadamente, tem enfraquecido a relação de muitos que se declaram adoradores do Verdadeiro Deus?
Inconscientemente, na medida que este texto é citado, os idólatras são postos na condição de modelo para a igreja quanto ao mútuo encorajamento e solidariedade que devem nortear todo o nosso relacionamento.
Diante deste fato, precisamos fazer mais do que perguntar: “se Deus é por nós, quem será contra nós?”, ou seja, ainda que não precisemos temer o adversário, sem dúvida, necessitamos avaliar a fragilidade de muitos de nossos relacionamentos, tendo a indispensável humildade para pedir e receber amparo, assim como estar sempre dispostos em oferecer ajuda a todo aquele que se nos apresenta como carente de auxílio, sucumbindo em meio às suas dificuldades, gritando silenciosamente, por socorro.
Envidemos esforços para obter esta sensibilidade e, voluntariamente, carregarmos as cargas uns dos outros com o objetivo de estarmos, realmente, fortes.
Rev. Marcos Martins Dias

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