“..., as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas...”
Jo. 10. 3
O movimento evangélico brasileiro tem experimentado grandes mudanças ao longo das últimas décadas, expandindo-se e multiplicando-se cada vez mais, ocasionando o surgimento de igrejas que congregam milhares de pessoas em um mesmo lugar e constroem templos de grandes proporções de arquiteturas cada vez mais avançadas e mecanismos de comunicação de última geração, além de líderes que se destacam pelo forte esquema de segurança que os cercam e por sua rápida ascensão dentro e fora da igreja.
Creio que não é possível fazer algum tipo de análise deste fenômeno religioso sem causar algum tipo de polêmica; entretanto, mesmo conhecendo a situação a que me exponho, embora não me proponha a aprofundar no assunto, não há como negar que tais mudanças são sempre acompanhadas de privilégios e responsabilidades e, assim como se multiplica o número de fiéis, tudo o mais que está relacionado a eles tende a seguir o mesmo curso.
Dentre estes fatores que merecem destaque, busco conciliar o perfil de pastor e ovelhas descrito por Jesus e a realidade que se constata em grande parte dos movimentos que conquistam a simpatia de um “público” crescente em decorrência da “força” que demonstram por “talentos” que se destacam e “fãs” que se multiplicam e se confundem entre os que ainda preservam as características de legítimos adoradores e seguidores do Filho de Deus, o qual foi confiado aos cuidados de um simples carpinteiro.
Sem me opor, absolutamente, ao avanço numérico e qualitativo dos que, verdadeiramente, experimentam o novo nascimento, observo e concluo que temos lidado com muitas ovelhas “sem nome”, sem pastor(es), amontoadas numa plateia que faz brilhar os olhos dos que as conduzem.
Obviamente que elas tem nome, personalidade, necessidades, problemas que só podem ser conhecidos num relacionamento dissociado do ajuntamento de grandes multidões. Mas, como resgatar aquele pastorado enfatizado por Jesus onde Ele é conhecido assim como conhece Suas ovelhas?
Creio que isto não se constitui em alerta apenas para nós pastores mas, para aqueles que se ajuntam aos montes e se satisfazem com o relacionamento superficial, com experiências pontuais ocorridas nos “espetáculos” que se multiplicam a pretexto de adoração a Deus.
Isto não deve soar como um desabafo de algum pregador frustrado mas, como uma séria preocupação com a necessidade de nos relacionarmos mais como ovelhas que tem uma identidade conhecida dentro e fora dos portões de uma igreja, cujos pastores conhecem assim como também são conhecidos.
Que este arrazoado sirva para nos aplicarmos a uma séria reflexão.
Rev. Marcos Martins Dias
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