19 dezembro 2008

ESTAMOS CHEGANDO

“... porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.” Rm. 13. 11b

É sempre bom nos lembrarmos das experiências vividas ao longo da nossa jornada cristã, não é mesmo? Alguns anos são marcados por situações de impactos positivos acompanhados de alegrias e celebrações ou acontecimentos que acarretam tristezas e muita comoção, geralmente, agravadas pelo inesperado.
Há determinadas épocas em nossa vida nas quais pode-se ter a impressão de que o tempo passou sem que nada ocorresse de importante e que merecesse algum destaque em nossa lembrança. É como se estivéssemos lidando com a simples e velha rotina do encerramento de um ano “velho” seguido pelas comemorações de mais um ano “novo”; entretanto, a vida está muito além desta simplória avaliação.
O entendimento bíblico acerca da carreira cristã aponta para etapas que devem ser consideradas como degraus que conduzem o Povo de Deus em constante ascensão até atingir o “topo” ou representada na figura do atleta que avança em sua corrida conquistando novos espaços e aproximando-o da linha de chegada (Fp. 3. 13 e 14).
O apóstolo Paulo teve esta clara compreensão acerca da carreira cristã. Não se discute as diferenças entre as celebrações daquela época e as que ocorrem em nossos dias. Certamente há várias peculiaridades que não podem ser desconsideradas; por outro lado, há um fator do qual todos os mortais compartilham, relativo à realidade que nos acompanha com o tempo. Uma parte de nossa vida, já percorrida, vai se tornando cada vez maior e a parte que resta vai se encurtando de tal maneira que é como se pudéssemos vislumbrar a linha de chegada a ser transposta em um momento qualquer. Sendo assim, todos podem dizer a uma só voz: “estamos chegando”.
Isto é bom ou é ruim? A resposta depende do modo como se está “ganhando terreno” neste processo inevitável de envelhecimento e conclusão de carreira.
Não é muito comum pensar no assunto quando se termina um ano e rejubila-se pela chegada de outro com aquelas perspectivas e expectativas de novas conquistas e de boas experiências, as quais podem se tornar realidade ou não. Nada é certo sobre o nosso futuro terreno a não ser o fato de que “estamos chegando”. Isto nos deveria bastar para refletir se estamos avançando, progredindo, galgando os degraus da santificação e nos preparando para o grande e maravilhoso encontro com Cristo na eternidade.
Que este momento em que cruzamos mais uma linha divisória no tempo, saibamos tratar esse assunto com seriedade, tendo-o em elevada consideração.
Rev. Marcos Martins Dias

15 dezembro 2008

UM NATAL INESQUECÍVEL

“E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.” Lc. 2. 13 e 14

Aquele dia em que os anjos anunciaram o nascimento de Cristo foi marcado por uma sucessão de acontecimentos que jamais foram esquecidos na história. Ano após ano, são lembrados de muitas maneiras e através de variadas comemorações.


Rememorar o nascimento de Cristo não requer qualquer esforço de nós ou mesmo daqueles que procuram escapar do comprometimento que tal lembrança venha a ter com a fé, relativo às implicações de reconhecer Jesus Cristo como o Filho de Deus.


Creio até que, se por alguma razão, em um ano qualquer, esta data não fosse comemorada, muitas consequências imagináveis e inimagináveis poderiam ocorrer, muito provavelmente ocasionadas por questões de tradição que por questões de fé e de comprometimento com o Reio de Deus. Até porque, não é esta a ênfase que o Novo Testamento procura dar ao abordar sobre o ministério terreno de Jesus.


Tem-se a impressão que, apesar do natal ser inesquecível, a lembrança que se tem de Cristo, de Seus ensinamentos, do propósito que O trouxe ao mundo, do que devemos fazer como resposta a esta iniciativa divina etc., isto sim, parece destoar radicalmente de todo o movimento que se faz dentro e fora das igrejas nesta época de cada ano, a pretexto do fato ocorrido em Belém da Judéia, de um modo discreto, revelado a pastores e a magos vindos do oriente, tendo como coadjuvantes os animais que se abrigavam na estrebaria, com o destaque daquela estrela enviada, não para ornamentar casas, shoppings, igrejas e outras instituições mas, para indicar o lugar onde Deus seria encontrado encarnado na pessoa de um recém nascido, cumprindo tudo quando havia sido profetizado no Antigo Testamento a respeito da salvação eterna.


Como seria bom se, não apenas o natal fosse inesquecível, não é mesmo? Afinal, não se lembrar do ministério terreno de Jesus e o propósito eterno desta graça salvadora é um outro modo de demonstrar que, na realidade, o natal, nos moldes em que temos comemorado e conhecido, não passará de uma mera lembrança, sem fazer qualquer diferença na vida de todos quantos envidam grandes esforços e empreendimentos para que esta data do ano seja marcada por luzes, árvores, cânticos, sinos, panetones, uvas passas e tantas outras coisas mais que, a propósito, não contêm qualquer efeito transformador sobre a vida de quantos se envolvem em todas estas coisas que têm suas peculiaridades, criam entusiasmo mas, geralmente, não vão além da rotina.


Que Deus nos ajude a avaliarmos este assunto com a humildade que se requer de nós, conduzindo-nos a mudanças que ocorram a partir do coração.


Rev. Marcos Martins Dias

06 dezembro 2008

VOLTE AO PRIMEIRO AMOR

“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” Ap. 2:4

Você deve estar lembrado que estas palavras foram ditas à Igreja de Éfeso, uma das sete às quais o apóstolo João escreveu sob a orientação do Senhor Jesus Cristo.
Ela se destacou por rejeitar os falsos apóstolos e também os nicolaítas; entretanto, foi advertida por haver abandonado o primeiro amor.
Certo comentarista compreende que o assunto diz respeito às mudanças ocorridas ao longo dos quarenta anos de existência da igreja, período em que as novas gerações já não dispunham daquele ânimo e disposição iniciais e, apesar das qualidades destacadas, lhe faltavam certos valores que se perderam no tempo.
Sendo assim, de acordo com o que lemos, aqueles irmãos são exortados a se lembrarem de onde caíram e retornarem à prática das primeiras coisas.
Isto nos basta para encararmos o fato de estarmos correndo vários riscos que vão desde o abandono do primeiro amor a decisões equivocadas na intenção de reverter o quadro em busca de ânimo, de estímulo, compromisso, envolvimento e, além de outras coisas, um diagnóstico preciso quanto aos motivos que têm provocado certa morbidez eclesiástica individual e coletiva.
No afã de querer produzir alguma mudança. tem sido muito comum investir em inovações, modismos, adequações inadequadas à sã doutrina e uma multiforme mobilização desprovida de qualquer sentido quando submetida ao crivo escriturístico.
A advertência é tão simples que, por vezes, tem sido tratada como obsoleta e ineficaz quando, ao contrário disto, o que se requer é que haja lembrança do ponto que desencadeou o desequilíbrio e retornar à prática das primeiras coisas. Isto deve ser compreendido à luz das palavras do apóstolo Paulo, ditas a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Tm. 2. 14 – 17.
Eis a resposta tão procurada mas, muitas vezes ignorada.
Que Deus nos ajude a ter o equilíbrio e sensibilidade que se requer de nós para preservamos as qualidades da verdadeira igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
Rev. Marcos Martins Dias

O SOFRIMENTO DE DEUS

“As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.” Is. 1. 14

Dentre os interesses que os cristãos têm em comum, “agradar a Deus” é um dos pontos que adquire maior destaque, principalmente quando o assunto está relacionado ao culto e às demais atividades que se desenvolvem coletivamente.
Pode não ser nada fácil admitir que, ao contrário de se atingir o objetivo proposto, é possível estar promovendo o contrário, ocasionando um verdadeiro “sofrimento” em lugar da “satisfação divina”.
Não é preciso se esforçar para que isto se torne uma realidade constante na vida cristã, considerando que o ajuntamento solene sempre está associado ao que se observa na rotina diária e individual de cada adorador. Antes de aceitar a oferta, os olhos do Senhor estão voltados para o estado a qualidade de vida do cultuante (vd. Gn. 4. 4 e 5).
Esta era a situação de Israel na ocasião em que Isaías foi usado para denunciar o estado degenerativo em que o povo se encontrava, apesar de estar procurando prestar o culto a Deus dentro dos moldes que a Lei determinava. Ao contrário do que imaginavam, em vez de promover a honra e a glória de Deus, Sua resposta aos sacrifícios, às ofertas e à observância de cerimoniais previstos na Lei era de reprovação e convocação ao arrependimento e a uma vida que se harmonizasse com os rituais praticados no Templo. Isto fica evidente no versículo 4 do capítulo 1o, onde se diz: “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.” e ainda “Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.” vs. 6
Desta mesma forma Ele manifesta Seu repúdio relativo aos cerimoniais com termos que não deixam margem para outra interpretação. Palavras como “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? Já estou farto dos holocaustos de carneiros... nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes... Não continueis a trazer ofertas vãs... o incenso é para mim abominação,... não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene” (vss. 11 e 13). A tudo isto acrescente-se o versículo 14, destaque desta pastoral.
É preciso compreender que a religiosidade contemplativa jamais foi proposta por Deus. De acordo com Tiago, não há fé sem obras. Deste modo, é necessário que nos enquadremos no padrão requerido por Deus, o qual inclui, dentre outras coisas, o que nos é dito nos vss. 16 e 17: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”.
Roguemos ao Senhor a sabedoria necessária para fazer com que nosso ajuntamentos solenes sejam uma extensão da vida que observamos continuamente e, assim, alcancemos o objetivo proposto de viver para agradar a Deus.
Rev. Marcos Martins Dias