26 janeiro 2008

O QUE EU ESPERO DA IGREJA EM 2008

“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!” Ap. 3.15

Todos nós que estamos envolvidos com o desenvolvimento da igreja em geral ou de nossa comunidade, esperando encontrar um ambiente alegre, acolhedor, amoroso, pacífico, por uma amizade sincera, por pessoas animadas, dispostas para o trabalho, além de desejar retornar para nossos lares, após o ajuntamento solene, melhores do que quando chegamos à Igreja.
Isso não é uma anomalia. Está em perfeita harmonia com “parte” do que a igreja de Cristo deve ser, a fim de cumprir o propósito de sua existência.
O que pode não nos ocorrer é que, se aspiramos conviver com uma igreja assim, então, obviamente será, no mínimo, honesto de nossa parte, lembrar que não se chega ao “coletivo” sem antes passar pelo “individual”, ou seja, antes de procurar estar coisas entre um grupo de pessoas é preciso constatar se eu mesmo tenho sido assim ou me esforçado pra ser. Principalmente porque o perfil da igreja vai muito além do que foi descrito acima. Ela deve ser santa, viva, uma extensão do Reino dos Céus ou o Reino instaurado nos corações.
Não há como experimentar um tipo de meio termo, de tibieza ou moleza, como nos é apontado por João em Apocalipse. Segundo o que está escrito é preciso ser frio ou quente. Uma situação intermediária provoca “náuseas” nAquele que é o Senhor da igreja. E, se há algum juízo a ser aplicado a ela, certamente não será ocasionado por uma condição, primariamente, coletiva, mas individual. Situação esta que, no mínimo, deve nos levar a considerar quem e o que temos sido e feito como crentes para se experimentar o que esperamos que a igreja seja ao longo de mais um ano, tendo prazer em estar entre os irmãos, trabalhar com eles, confiar neles, contar com eles etc.
Analisando por este ponto, é importantíssimo lembrar que o que eu espero de minha vida espiritual apontará para o que estarei dando de mim pela igreja e o tipo de contribuição que isto trará pra ela. Dependendo do que estou pensando e pretendo trabalhar em mim, o que eu espero da igreja não deverá destoar desta postura individual; porque o contrário seria, no mínimo, ilógico.
Sejamos a igreja que Cristo espera de nós, contribuindo com a coletividade e, ao mesmo tempo, sendo sempre auxiliados por ela em nossa vida cristã.
Rev. Marcos Martins Dias

SOB A TUA PALAVRA

“..., mas sob a tua palavra lançarei as redes.” Lc. 5.5

Após a análise dos esforços que empreendemos em projetos que, tínhamos a certeza de que dariam certo, comumente constatamos que é bem maior o índice das coisas que não saem como planejamos do que o contrário.
Não está em questão a experiência, a competência, a habilidade, mas o simples fato de que nossos planos são tão falíveis como nós mesmos.
Observe o caso de Simão, o qual, vivia da pesca e, portanto, estava muito familiarizado com o clima mais adequado, o local mais apropriado, as circunstâncias da água, a época ideal etc., para lançar as redes em busca do seu sustento diário. O texto diz que eles estavam lavando as redes quando Jesus se aproximou e, subindo em um dos barcos, começou a ensinar as multidões. Depois disto, ordenou que eles preparassem o barco novamente para mais uma tentativa, ao que Simão respondeu fazendo menção de todos os esforços empregados durante a noite, sem qualquer sucesso.
Seria perfeitamente compreensivo se os pescadores demonstrassem alguma apreensão diante de um possível constrangimento decorrente de mais uma tentativa frustrante; entretanto, para Jesus, isto estava totalmente fora de cogitação. Ele ordenou e a parte que lhes cabia era apenas obedecer.
Mesmo depois de declarar o insucesso de sua pescaria, Simão conclui dizendo: “sob a tua palavra lançarei as redes” e o resultado desta atitude foi uma pescaria que, provavelmente, jamais tenha sido experimentada por eles. As redes se rompiam e os barcos estavam a ponto de ir a pique.
Não tenho qualquer dúvida sobre as nossas muitas hesitações quando o assunto envolve fazer algo “simplesmente” baseado em palavras; mesmo quando o assunto é a Palavra de Deus.
Deste modo, podemos passar dias, semanas, meses ou anos insistindo em nossas estratégias, confiados em nossas habilidades e experiências sem, entretanto alcançar o que pode ser considerado, legitimamente, um sucesso.
Se pararmos para fazer alguma reflexão, possivelmente compreenderemos que pode estar faltando apenas este “sob a tua palavra”.
Roguemos a Deus a confiança necessária em Seus Preceitos e obedeçamos irrestritamente à Sua Vontade; porque, quanto ao restante... Ele fará.

Rev. Marcos Martins Dias

A ARTE DE SABER OUVIR

“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg. 1:19

Este tom exortativo de Tiago deveria provocar uma reação maior do que a que se observa na vida de muitos de nós. Dentre todos os imperativos contidos em sua epístola, aqui estão alguns elementos que têm sido o “calcanhar de Aquiles” no relacionamento de várias pessoas.
Embora sejamos dotados de dois ouvidos, é muito mais comum falar e, em certas ocasiões, falar muito, à exceção dos deficientes nestas áreas, é claro. Fato este que, inevitavelmente leva a uma outra situação, ou seja, um contexto extremamente favorável à ira, à discórdia, à facção e aos seus similares.
Inspirado pelo Espírito Santo, Tiago vai direto ao ponto e sem qualquer rodeio coloca a questão no modo imperativo, mostrando que está tratando de um dever e não de algo que é feito dentro das possibilidades humanas. Ele diz: “Todo homem,..., seja pronto...”. Mesmo com o tom pastoral que precede tais exortações, fica evidente o modo incisivo com que trata estas questões.
Certamente saber ouvir é algo que se aprende. É uma arte. Não é o nosso forte posto que não se harmoniza com a nova natureza; principalmente quando o que está em xeque é a atenção e sujeição que se deve dar à Palavra de Deus. Basta ler o que nos é dito no versículo 21: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.”
Portanto, se tratamos a salvação com a seriedade que se requer, saberemos o quanto é importante saber ouvir, sendo tardios para falar e também para irar.
Nenhum de nós está sendo chamado a uma vida de anulação de nossa capacidade em emitir juízo de valores. Estamos sendo chamados a nos conter quando o assunto diz respeito à ferocidade com que a velha natureza sempre tende a se manifestar, promovendo estragos, sendo alguns deles, irreversíveis.
Roguemos a Deus que nos fortaleça e nos revista da humildade que se deriva do Senhor Jesus e, somente então, perceberemos a importância de exercer o domínio próprio, dominando a velha natureza e desviando o furor com a resposta branda, com a palavra dita no tempo, no lugar e da forma certa, exercitando diariamente a arte de saber ouvir.

Rev. Marcos Martins Dias

PRESERVE A CREDIBILIDADE

Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo. Tg. 5.12

Podemos não perceber, mas já se tornou um hábito para muitos fazer uso de expressões como “eu juro por Deus”, “por esses olhos que a terra há de comer”, “pode perguntar pra fulano”, “cicrano é testemunha”, “tem a minha palavra”, “juro por minha mãe”, “quero que um raio caia sobre mim” etc.
Normalmente estas colocações se dão, por um simples hábito ou para garantir que o que está sendo dito será levado em grande consideração; entretanto, tanto num caso como no outro, estamos lidando com a questão da nossa credibilidade, no que tange a preservá-la e preocupados em proteger nossa auto-imagem a fim de não cair num terrível descrédito.
Esta não é, comumente, uma preocupação para os incrédulos; afinal, mentir, usar de meios termos, de falsidade, de hipocrisia, de demagogia e outras coisas semelhantes, faz parte de seu dia a dia e, geralmente, não causa qualquer motivo de preocupação; por outro lado, entretanto, o texto que destacamos acima não está apontando diretamente para este tipo de pessoas. Tiago se reporta aos cidadãos do Reino dos Céus, homens e mulheres que precisam ter palavra e zelar por sua credibilidade, considerando que, Deus, a quem servem, é Deus da verdade. Jesus disse: “Eu sou... a Verdade...” (Jo. 14.6). Deste modo, o mínimo que se deve esperar de seus imitadores é que sejam profundamente comprometidos com a verdade, experimentando continuamente o simples e sublime significado do “sim, sim e não, não”.
Todos os que têm assimilado este ensino, não precisam penhorar sua palavra invocando o testemunho dos céus, da terra ou, como Tiago diz, recorrer a algum voto. O seu “sim” e o seu “não” significarão exatamente o que ele quer dizer e estarão em perfeita harmonia com seu caráter e sua conduta. Suas palavras conduzirão os ouvintes a uma sondagem direta de seu próprio coração. Sua imagem e sua credibilidade jamais cairão em descrédito; ao contrário, sempre serão preservadas e contarão com a confiança alheia.
Que o Senhor Deus nos leve a trabalhar para que o nosso “sim e não” sejam suficientes para convencer os que nos ouve, durante toda a nossa vida.

Rev. Marcos Martins Dias