“O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.”
Lc. 6. 45
É uma questão de hábito. Não estamos nos referindo àquilo que se diz vez por outra e que não combina com o nosso perfil. Estas situações fogem à regra, surpreende inclusive a nós mesmos, impacta, se destaca do todo.
Somos o que pensamos e, por conseguinte, o que falamos ontem, hoje e falaremos durante toda a nossa vida. Eis a importância de verbalizar o que pensamos posto que traduz muito bem a natureza que predomina em nosso coração.
O texto mostra isto com muita clareza. Nos versículos 43 e 44 nos é dito: “não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.”
Assim, nos vemos diante de uma realidade da qual ninguém pode escapar, ou seja, as coisas que expresso com facilidade, que preenchem os espaços de minhas conversas, que oferecem respostas quando sou inquirido, que aconselham ao que carece de orientação, são estas as coisas que definem, inegavelmente, o tipo de pessoa que eu sou, posto que torna “visível” o meu caráter, o meu coração, a mente que coordena todo o meu comportamento.
Não é apenas uma simples questão de querer ser “árvore de boa qualidade”. Trata-se de comprovar quem eu sou através do que falo, ainda que eu negue qualquer possibilidade de deixar que minha natureza corruptível suplante àquela que julgo haver sido implantada em mim, por obra do Espírito Santo.
Se penso que sou “bom”, o bom tesouro que há em mim será conhecido, mesmo que rejeitado, considerando que, na maioria dos casos, é possível estar envolto em um contexto onde predomina a maldade, a hostilidade, a degradação moral, espiritual, a indiferença, a acomodação a uma natureza humana caracterizada por um “mau tesouro”, cujo proveito está para a corrupção de si mesmo e de outrem.
Tiago diz que se alguém não tropeça na própria língua é perfeito. Obviamente, não creio que este seja um assunto que ofereça qualquer resistência; entretanto há que se lembrar que ele está tratando de “tropeçar” e não do modo de ser; caso contrário, estaríamos perante uma terrível contradição escriturística.
Isto posto, devemos nos encorajar a não desanimar quando o que falamos depõe contra nós; pelo contrário, necessitamos de uma analise honesta das questões isoladas que, embora não nos qualifiquem como “árvores más”, promovem grande prejuízo para nós mesmos e para todos aqueles que nos ouvem.
Que tenhamos o mesmo cuidado observado pelo salmista na medida em que diz: “Põe guarda, SENHOR, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios.” Sl. 141. 3.
Rev. Marcos Martins Dias
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