04 julho 2008

O DESEJO DE ESTAR COM CRISTO

“Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” Fp. 1:23

Geralmente os cristãos compartilham o desejo e a expectativa que apontam para o grande dia em que se encontrarão com Cristo, ocasião em que o fim da história terá chegado e o início de um novo modo de vida será marcado pela realização do grande Juízo Final. Uma sucessão de fatos tão extraordinários que transcendem todos os limites da razão humana.
Embora tudo já esteja prescrito nas Escrituras e a Igreja precise estar sempre pronta para este extraordinário evento, parece-me que o nosso desejo de estar com Cristo não tem muita relação com o que nos é dito pelo apóstolo Paulo no texto destacado acima, onde ele demonstra uma pronta disposição para partir, decorrente do modo realista de encarar os fatos e a certeza de que estar com Cristo é incomparavelmente melhor que permanecer no mundo ainda que isto represente a produção dos frutos inerentes a todos quantos já foram alcançados pela salvação que vem de Deus.
Ao contrário disto, é muito mais comum perceber que o apego a esta vida, comprovados pelos planos que fazemos e as raízes que se aprofundam e se espalham neste mundo, atingem proporções que podem chegar ao ponto de colocar em xeque a legitimidade deste nosso desejo de encontro com Cristo.
Além disto, os argumentos comumente empregados para justificar tal comportamento sequer se aproximam das motivações expostas pelo apóstolo Paulo no versículo anterior, onde ele diz: “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.”
Obviamente ele não está afirmando ter o domínio sobre a morte ou o controle relativo ao momento de sua partida. O texto deixa claro que seu conflito diz respeito à comparação feita entre estar com Cristo e permanecer no mundo produzindo os frutos resultantes de seu trabalho durante sua peregrinação ao longo de toda a sua existência.
Por mais incoerente que pareça, ao mesmo tempo em que não temos dúvidas sobre quão maravilhoso é estar com Cristo, não é incomum constatar que o desejo de se viver um pouco ou muito mais, é um sentimento compartilhado entre crentes tomados por outras motivações diferentes daquelas descritas no texto, o que põe em xeque a legitimidade da compreensão acerca das maravilhas reservadas para a eternidade e já experimentadas no presente, as quais não podem ser conhecidas a não ser por uma perspectiva espiritual, embora os seus resultados sejam visíveis e, portanto, inquestionáveis.
Roguemos a Deus que nos ajude a reconhecer que estar com Cristo é algo indescritivelmente extraordinário a ponto de vivermos sempre orientados pelo desejo de sua concretização.
Rev. Marcos Martins Dias

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