17 julho 2008

DE BOAS INTENÇÕES O CÉU ESTÁ CHEIO

“Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade;” Sl. 15. 1, 2

É verdade que o adágio popular afirma o contrário, ou seja, “de boas intenções o inferno está cheio”; mas, uma vez submetido ao crivo divino, a conclusão que se chega é exatamente o contrário. O texto destacado acima é apenas um exemplo disto. Ele mostra que os que, de coração, falam a verdade, habitarão nos tabernáculos eternos. É impossível que alguém mal intencionado desfrute de alguma comunhão com o Senhor. A não ser que se converta e modifique suas intenções, o pensamento representa apenas uma espécie de alavanca que dá início a um processo de decadência a qual, além de promover danos nesta vida, culmina na condenação eterna. Isto está bem posto em Tg. 1. 15: “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”.
A postura cristã é totalmente contrária a este conjunto de elementos destrutivos e corruptores. Ela também começa com as intenções. Isto é dito de maneira muito clara em Fp. 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”.
Compreendo que os que se utilizam do velho dito popular estão procurando demonstrar que não basta querer fazer o que é certo, justo e bom. É preciso executá-lo. Mas, não há como contrariar o princípio de que a ética, o comportamento, as atitudes são uma clara evidência do que se passa, de fato, na mente humana. Logo, se realmente desejo o bem, ele será comprovado por meio de meu comportamento. O Senhor Jesus nos ensinou exatamente assim, ao dizer: “Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.” Mt. 7:18. Portanto, o mínimo que se requer de um bom entendedor é que avalie suas convicções a partir do modo como tem vivido. É julgar o que está no âmbito teórico e subjetivo à luz do que é prático e concreto. O que nós fazemos é uma excelente ferramenta para dizer quem, realmente, nós somos. E, a partir disto, estaremos habilitados para tratarmos a nós mesmos com a justiça que se requer, modificando, desde os pensamentos, tudo quanto se constitui em obstáculo e que nos impeça de ter parte na vida eterna com Cristo.
Numa época em que a ética tem destoado continuamente daquilo que se prega, é indispensável que verifiquemos o quanto podemos estar nos enganando, pensando de um modo e agindo de outro.
Que Deus se apiede de nós, nos ajude a analisar nossas legítimas intenções e a descansar na certeza de que habitaremos em Seus tabernáculos eternos.

Rev. Marcos Martins Dias

10 julho 2008

O APRESSADO COME CRU

“Descansa no Senhor e espera nele,...” Sl. 37. 7


Seria muita ingenuidade acreditar que este velho ditado não tem nada a ver com a maneira como nos comportamos diante de coisas que desejamos receber de Deus. Elas acontecem tão rapidamente hoje em dia que, para muita gente é como se Deus precisasse entender que nós não podemos esperar. É como se o relógio dEle andasse muito devagar. Afinal, para Ele, “um dia é como mil anos”. Mas bem que gostaríamos que fosse somente o contrário, não é mesmo (mil anos como um dia)?
O grande problema é que agindo desta forma, muitos apressadinhos não param de “comer cru”. Volta e meia estão se arrependendo e desesperadamente desejando que o tempo pudesse voltar.
Tal atitude nos torna muito parecidos com o memorável Esaú que, por resolver comer um cozido, acabou “comendo cru”. Ele realmente não soube esperar e recebeu decidiu por um prato de lentilhas, uma inexpressiva migalha, quando contemplada à luz do direito de primogenitura, o qual assegurava-lhe benefícios muito maiores e melhores reservados para o futuro.
O tempo passou e aqui estamos nós enfrentando situações muito parecidas com a que acabo de descrever. Filhos de Deus que, muitas vezes, não têm a paciência necessária para esperar que as coisas aconteçam no tempo e modo do Senhor, cedendo lugar à ansiedade, à desconfiança, à incredulidade e, em certos casos, até ao desespero, sofrendo constantemente por suas medidas intempestivas.
Não basta afirmar: “eu sei”; é preciso aprender a esperar. Enquanto um dia nos parecer como mil anos, enquanto uma hora for como a eternidade, então nos precipitaremos num amontoado de atitudes e medidas desesperadas, esquecendo que Deus nunca se atrasa; e que, muitas vezes, para acertarmos mais e errarmos menos, somos testados em vários sentidos: na paciência, na confiança, na esperança, no contentamento, naquela paz que excede o entendimento, na fé etc.
À luz do que acabo de expor, em vez de estarmos incomodados em relação ao tempo que nossas aflições ainda vão durar, deveríamos prosseguir avançando nos degraus da santificação, lembrando que, com o tempo, as coisas poderão se acertar, desde que aprendamos a confiar que Deus está no controle. Ele nunca erra no modo ou no tempo que determina para realizar a Sua boa, agradável e perfeita vontade. Portanto, sigamos o conselho registrado no Salmo 37. 5 – 7: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no Senhor e espera nEle!... ” Não seja apressado, não dê suprimentos à velha natureza, aumentando a ansiedade e sofrendo continuamente com um espírito perturbado. O preço a ser pago pode ser muito elevado e seus danos irreparáveis. Aprenda a descansar nos braços de Deus.
Rev. Marcos Martins Dias

04 julho 2008

O DESEJO DE ESTAR COM CRISTO

“Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” Fp. 1:23

Geralmente os cristãos compartilham o desejo e a expectativa que apontam para o grande dia em que se encontrarão com Cristo, ocasião em que o fim da história terá chegado e o início de um novo modo de vida será marcado pela realização do grande Juízo Final. Uma sucessão de fatos tão extraordinários que transcendem todos os limites da razão humana.
Embora tudo já esteja prescrito nas Escrituras e a Igreja precise estar sempre pronta para este extraordinário evento, parece-me que o nosso desejo de estar com Cristo não tem muita relação com o que nos é dito pelo apóstolo Paulo no texto destacado acima, onde ele demonstra uma pronta disposição para partir, decorrente do modo realista de encarar os fatos e a certeza de que estar com Cristo é incomparavelmente melhor que permanecer no mundo ainda que isto represente a produção dos frutos inerentes a todos quantos já foram alcançados pela salvação que vem de Deus.
Ao contrário disto, é muito mais comum perceber que o apego a esta vida, comprovados pelos planos que fazemos e as raízes que se aprofundam e se espalham neste mundo, atingem proporções que podem chegar ao ponto de colocar em xeque a legitimidade deste nosso desejo de encontro com Cristo.
Além disto, os argumentos comumente empregados para justificar tal comportamento sequer se aproximam das motivações expostas pelo apóstolo Paulo no versículo anterior, onde ele diz: “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.”
Obviamente ele não está afirmando ter o domínio sobre a morte ou o controle relativo ao momento de sua partida. O texto deixa claro que seu conflito diz respeito à comparação feita entre estar com Cristo e permanecer no mundo produzindo os frutos resultantes de seu trabalho durante sua peregrinação ao longo de toda a sua existência.
Por mais incoerente que pareça, ao mesmo tempo em que não temos dúvidas sobre quão maravilhoso é estar com Cristo, não é incomum constatar que o desejo de se viver um pouco ou muito mais, é um sentimento compartilhado entre crentes tomados por outras motivações diferentes daquelas descritas no texto, o que põe em xeque a legitimidade da compreensão acerca das maravilhas reservadas para a eternidade e já experimentadas no presente, as quais não podem ser conhecidas a não ser por uma perspectiva espiritual, embora os seus resultados sejam visíveis e, portanto, inquestionáveis.
Roguemos a Deus que nos ajude a reconhecer que estar com Cristo é algo indescritivelmente extraordinário a ponto de vivermos sempre orientados pelo desejo de sua concretização.
Rev. Marcos Martins Dias