13 dezembro 2006

O EVANGELHO E O NATAL

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Mc. 16:15

Existe um certo consenso a respeito da oportunidade que o natal representa para se evangelizar e, de certa forma, não há o que contestar. A incógnita que suscito nesta reflexão diz respeito ao contexto que se repete e se avulta ano após ano, nesta época. Refiro-me a tudo que se explora hoje e o nítido contraste com o cenário que se remonta em torno da pessoa de Cristo, o Menino da manjedoura.
Não há dúvidas de que tudo à nossa volta passa por uma surpreendente e impactante transformação à medida que surgem as cores, as luzes, as músicas, os corais com suas cantatas, um brilho especial no olhar de muitas crianças, enfim, para definir em uma só palavra, eu diria, que experimentamos um certo pandemônio (tumulto, balbúrdia, confusão, rebuliço). A 25 de Março, o Brás, o Largo 13, os Shopping’s que o digam.
Minha inquietação aponta para a discrepância existente entre tudo isto e o silêncio daquela noite, o brilho de uma única estrela, o ambiente de uma família simples mas, profundamente feliz, em detrimento de estar amparada numa estrebaria, onde o canto dos anjos e a presença dos magos se misturam com a provável presença de rebanhos, o estrilar intercalado e contínuo dos grilos e, sem qualquer dúvida, o peculiar aroma do campo, sob cujo luar, floresce a Rosa de Saron, o Lírio dos vales e brilha a Estrela da manhã (“... Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã.” Ap. 22.16). Um dia que marca o início do ministério terreno que se define de um modo simples e sublime como “boas novas”, “o evangelho” (“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lc. 2:10 e 11).
Seria, no mínimo, absurdo (para não dizer ‘insano’), esperar que este mesmo quadro se repetisse para, somente então, constatar que o Evangelho continua sendo pregado; entretanto, não será menos sensato observar que todas as ênfases destes dias não têm trazido grande contribuição para restaurar na memória o verdadeiro sentido da vinda de Cristo ao mundo e os indescritíveis benefícios que isto traz para toda a humanidade e ao Povo de Deus de um modo muito especial.
Não receba estas palavras como um lamento fora de tempo. Apenas reflita no grau de contribuição que você tem dado para cumprir o mandamento de ir e pregar. Fazendo isto, será possível verificar que ainda há muito por realizar; na verdade, o desafio é crescente na medida que as situações se contrapõem, aumentando a distância, não somente entre cenários mas, especialmente entre a ênfase daquele dia memorável e do século em que vivemos.
Que Deus nos ajude a não perder de vista Aquele que deve ser conhecido, imitado, referencial de um novo caráter e obedecido em todas as coisas.
Rev. Marcos Martins Dias