10 junho 2009

PRECISO VER JESUS

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” II Co. 3. 18

De todas as coisas que necessito, nada parece mais desafiador do que constatar que, de fato, Cristo está sendo formado nas pessoas conforme está escrito. Observe não estou negando o fato de isto estar ocorrendo. Meu enfoque aponta para o desafio, cada vez maior, que isto tem representado.

Esta afirmação baseia-se na constatação do paradoxo constante existente entre o discurso evangélico e a ética, o comportamento que se vem observando.

Não há qualquer dúvida sobre a beleza de se falar de Jesus e desejar viver como Ele. A questão se complica quando, à semelhança da parábola da figueira, procuramos o que prova Sua existência em nós e nada mais encontramos a não ser folhas. Muitas folhas.

Não estou confuso. Sei o que preciso procurar em mim e também em todos os que confessam a fé cristã. Meu problema está para a dificuldade de identificar os traços de Cristo na igreja hodierna. Certamente há exceções. Sempre houve. Entretanto, a confissão sem comprovação tem causado muita confusão a ponto de perceber que muitos tem se prestado a denegrir o Evangelho de Cristo, bem como o perfil, o caráter, a imagem do próprio Senhor Jesus.

Certamente isto não muda Quem Ele é; entretanto causa uma necessidade não somente minha mas, principalmente de quantos não têm qualquer acesso às Escrituras Sagradas para saber quem é Jesus apenas por intermédio do modo de vida de todos os que professam segui-Lo. O que tem se tornado uma realidade cada vez mais distante pelo fato de Cristo e Sua Palavra ficarem restritos a uma contemplação de Deus, recheada de declarações feitas por meio de cânticos, orações, palavras etc., como um invólucro rotulado mas, vazio.

Como eu preciso e como eu gostaria de ver Jesus! Não nos moldes de Tomé mas, na vida de cada irmão, no testemunho da igreja, na ética que acompanha o discurso. Como eu gostaria de cumprir o que costumamos cantar: “Mais de Cristo...”! Como me envergonho de deixar tanto a desejar.

Graças a Deus, ainda há tempo. Tempo para perseguir a santificação. Tempo para aproximar-me mais do que foi dito pelo apóstolo Paulo: “já não vivo eu mas, Cristo vive em mim.”

Trabalhemos para que esta necessidade seja suprida na medida que somos remodelados conforme a imagem e semelhança do nosso Senhor Jesus Cristo.

Rev. Marcos Martins Dias

04 junho 2009

QUANDO O INVERNO SE APROXIMA

“E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” Lc. 24. 32

Ao ler os relatos a respeito do desânimo que acometeu os discípulos após a morte de Jesus, todos reunimos condições de perceber quão instável é o coração humano, considerando que mesmo tendo presenciado Suas obras e palavras revestidas de poder, mesmo tendo se maravilhado diante do grande ministério que Ele realizou, mesmo tendo sido alvos de Seu amor, de Sua atenção, de Seu cuidado e, sobretudo, de Sua salvação, seus corações foram tomados de uma tristeza tão profunda que quase posso perceber as nuvens espessas que encobriram os céus no dia de Sua morte, a escuridão do túmulo lacrado e o silêncio personificado no corpo solitário e sem vida dando destaque à morte, a impressão de derrota, de trabalho inútil, o arrependimento de se dar por nada e o desejo de retomar a velha rotina, investindo esforços no que havia sido deixado e abraçando o que já se qualificava como desprovido de valor diante do vislumbre de uma nova vida e a grande oportunidade de servir a um propósito incomparavelmente maior, mais nobre e mais elevado, apresentados pelo Messias, agora morto e, aparentemente, derrotado.

Quanta incredulidade! Quanta dureza de coração! Quanto arrependimento ao perceber sua própria frieza mesmo andando em companhia do Cristo ressurreto! Quanta vergonha constatada nas afirmações feitas quando Ele se retira: “... não nos ardia o coração,...?”

Embora todo este quadro tenha se revertido e os discípulos tenham se despertado para o estado ao qual lançaram a si mesmos, se erguendo para aquela viva esperança recebida em Cristo, abandonando a frieza e abraçando o fervor, ofuscando a derrota com o perfil de “mais que vencedores”, o tempo passou e, por vezes tenho a impressão de que o inverno sempre se aproxima. Parece que o efêmero, o transitório insiste em se sobrepor ao chamado incomparavelmente mais nobre e elevado que deve ocupar o lugar onde depositamos nossas prioridades, onde investimos o nosso amor, pelo qual somos capazes de viver e morrer, provando que o sol brilha e sempre brilhará sobre nós com todo o seu fulgor. É preciso ter humildade para, depois de uma auto análise, concluir: “até que ponto nos arde o coração? Até onde temos demonstrado que Ele é conosco, tão vivo como sempre, falando com a mesma autoridade e poder, fazendo diferença em nós e despertando também os outros para uma nova realidade?”.

Não temo a chegada do inverno. Assusta-me o fato de saber que, em muitos corações, ele veio, já se instalou e ali mesmo vai ficar.

Roguemos para que sejamos livres deste espírito mórbido, de uma vida fria e vazia, trabalhando por um coração sempre aquecido pelas chamas resultantes da presença imanente de Cristo em nosso coração.

Rev. Marcos Martins Dias

02 junho 2009

A FACILIDADE DE DESISTIR

“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” Ef. 6. 9

Nossa vida está repleta de situações que, por vezes, nos levam a trabalhar com a possibilidade da desistência no propósito de desvencilharmo-nos de preocupações, tristezas, aborrecimentos, coisas e até de pessoas.

Isto não deve nos surpreender, não deve nos levar à conclusão de que somos fracos, incapazes de prosseguir, de lutar, de vencer. Não estamos solitários ao conjecturar sobre os resultados de abandonar o que deveríamos suportar. Esta é mais uma daquelas típicas condições que são compartilhadas pelos mortais.

Consciente disto, o apóstolo Paulo escreve aos gálatas sobre a necessidade de perseverar em fazer o bem, asseverando que há um tempo para ceifar, caso haja determinação, disposição, continuidade, insistência e seus similares.

É preciso, entretanto, observar o cuidado de não dissociar esta promessa ao que é dito antes e depois. Refiro-me ao fato de estar mais do que comprovado que, geralmente, colhe-se o que se planta e que, tendo esta consciência, é preciso fazer o bem a todos continua e indiscriminadamente, com ênfase aos da família da fé, lembrando sempre que a ceifa não tem nenhuma relação com o imediatismo ao qual estamos tão acostumados. Isto se define pelo uso do termo “a seu tempo ceifaremos”, ou seja, embora a linguagem figurada nos lembre do tempo previsto para as folhas, flores e frutos, neste caso, em se tratando de semear para o Espírito, não reunimos condições para prever o tempo apropriado para a colheita. Isto está no âmbito da economia exclusiva de Deus.

Sendo assim, não é incomum notar o inconformismo de muitos que, julgando lançar a semente certa, lamentam a ausência de resultados. Dois problemas sérios que não encontram amparo no texto, posto que, nosso julgamento pode estar em discordância com o parecer divino e não estamos sendo encorajados a ficar de plantão esperando um momento para comemorar. Embora isto possa ocorrer em vida, os resultados definitivos de tudo quanto fazemos estão reservados para a eternidade onde havemos de desfrutar plenamente a alegria, o conforto, o prêmio reservado para os que aprenderam o significado de “não nos cansemos de fazer o bem”.

Portanto, ainda que seja mais fácil desistir, a segurança está em perseverar, por mais difícil que isto possa representar.

Que Deus nos ajude a ter a paciência necessária para nos mantermos firmes frente ao desafio que este trabalho representa.

Rev. Marcos Martins Dias