24 abril 2009

SEM CONDIÇÕES PARA EVANGELIZAR

“Por volta da meia noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam.” At. 16.25

Os amplos recursos que contribuem para que a igreja evangelize tem se multiplicado ampla e rapidamente, aumentando sua qualidade, a velocidade da sua divulgação e os limites geográficos de sua área de atuação.

Isto não é fato comprobatório de que o conteúdo e a forma com que se tem procurado evangelizar acompanham os avanços apontados. Digo isto porque o quadro que contemplamos, normalmente, prioriza os periféricos, os aparatos, os meios e sacrificam o fim ao mesmo tempo em que comprometem o conteúdo.

Tente imaginar qual seria a reação dos que supervalorizam os avanços tecnológicos se, por algum motivo, tivessem que realizar sua obra sem o apoio dos recursos que se proliferam rapidamente e, com imponência similar, subjugam os que fazem uso deles, criando certa dependência involuntária. Como cantar se não há equipamento a altura? Como orar se não há quem crie aquele “clima”? Como evangelizar, cantando e orando sem o “palco, os microfones, os holofotes, o gelo seco, o auditório entusiasta, a platéia lotada, e, para agravar ainda mais este quadro de “profunda adoração”, estando em companhia de presidiários, num ambiente fétido, acorrentados, aguilhoados, privados da liberdade e isolados pelas grades de ferro que se interpõem entre a sociedade e os marginalizados?

Nisto constatamos que, do ponto de vista atual, evangelizar em situações assim, está fora de cogitação. A atitude de Paulo e Silas, embora seja resultado de uma legítima comunhão com Deus e de um espírito sempre pronto para adorar, evangelizar, em detrimento das circunstâncias, não inspira muitos “adoradores” de nossa época, ao mesmo tempo em que indica o nível em que se encontram e o quanto estão aquém das habilidades e da autoridade de que necessitam para testemunhar em favor do Evangelho.

Permanecemos naquela condição posta por Jesus Cristo ao afirmar que Deus procura por verdadeiros adoradores e estes O adoram em espírito e em verdade. O que não significa que devamos ou precisemos sair por aí a procura deles. Devemos começar a fazer esta busca a partir de nós mesmos. Quanto aos demais, até que consigam provar o contrário, continuamos com a impressão de um evangelho descartável, motivado pelas circunstâncias, condicionado a fatores externos, sem demonstrações de uma legítima, contínua e profunda comunhão com Aquele a quem se propõe adorar, fazendo-Lhe declarações, determinações, tomando posse de promessas aleatórias, levando-O a dizer o que não está autorizado e, dentre outras coisas, permanecendo num nível que está longe de atingir o que se vê na atitude destes renomados homens de Deus.

Estejamos atentos a esta realidade e prontos para admitir distância que nos separa daquela maturidade espiritual evidenciada por Paulo e Silas, rogando a Deus que receba o que Lhe oferecemos em harmonia com o que precisamos ser.

Rev. Marcos Martins Dias

16 abril 2009

PROVADOS PELO FOGO

“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;”
I Pe. 1. 6 e 7

Ainda que o processo de aquilatação, aperfeiçoamento, purificação, pelo qual o ouro precisa passar não seja conhecido em seus detalhes pelos que fazem uso dele, sabe-se que são necessários aproximadamente em torno de mil graus célcios para derretê-lo e iniciar o processo de moldagem até atingir o formato desejado.

Para se ter uma idéia, a temperatura a ser mantida para obter-se um ovo frito, deve estar em torno de cento e setenta graus e para se cozer um arroz no forno é preciso atingir cento e oitenta graus, pelo menos. Portanto, é possível ter uma idéia de quão elevada é a temperatura a que se submete o metal bruto na intenção de aperfeiçoa-lo.

Esta comparação feita nas Escrituras quanto à prova é interessante. O texto fala de aquilatação, aperfeiçoamento, purificação, aos quais a fé é, igualmente submetida, reforçada pela expressão “mesmo apurado por fogo”, é empregada pelo apóstolo Pedro para encorajar os cristãos primitivos sobre o modo como deveriam enfrentar as duras adversidades que lhes sobrevieram em tempos de intensa perseguição, além de outros fatos adicionais.

É natural compreemder que o fogo é necessário para, num primeiro momento, desfazer o estado bruto para, então, dar início ao processo de preparação para se atingir a forma desejada. No caso dos cristãos, o objetivo é claramente exposto através da expressão “redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.

É, no mínimo, uma arrogante presunção, tentar comparar a maior parte das lutas que enfrentamos, com as duras provações sofridas naquela época e, com uma certa exceção, verificada na era pós moderna, onde a tolerância enfraquece a importância de se crer em Cristo e escancara as portas para uma convivência “amigável” entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, fazendo do “relativo” o fator determinante para assegurar que estes laços se estreitem por meio da velha prática conhecida como “política da boa vizinhança”. Uma postura que, de um modo figurado, enfraquece o calor do fogo, diminui a elevação da temperatura e compromete o processo fundamental de aquilatação, pelo qual todo cristão precisa passar até atingir a “medida de varão perfeito, a estatura de Cristo”, conforme Paulo descreve em Ef. 4. 3.

Roguemos a Deus que nos conceda o suporte de que precisamos para enfrentar nossas provas e, na medida do possível, que nos livre de situações que quase nos levam a desfalecer.
Rev. Marcos Martins Dias

09 abril 2009

UM COELHO CHAMADO BARRABÁS

“Toda a multidão, porém, gritava: Fora com este! Solta-nos Barrabás!”
Lc. 23. 18

É interessante como nos entristece relembrar a atitude dos judeus, em plena Páscoa, de requerer a crucificação de Cristo, o Cordeiro anunciado no Velho Testamento e sua preferência por um malfeitor conhecido apenas por Barrabás.

Não há necessidade de perder tempo em fazer qualquer abordagem sobre coelhos de chocolate e seus ovos, bem como todos os artifícios que se proliferam em nossas gerações, os quais não tem qualquer lugar no cenário que envolveu a vinda do Cordeiro de Deus, enviado para morrer em favor da salvação de pecadores.

Por outro lado, surge a figura de um estranho qualquer, homem cuja definição se resume ao fato de estar preso no dia em que Jesus foi julgado e de ter sido escolhido para dar ao povo uma oportunidade de escolher quem deveria desfrutar da liberdade: Cristo ou Barrabás. O simples fato de ser como um de nós, limitado e pecador, já o colocava numa desvantagem sem precedentes em relação ao Senhor Jesus; entretanto, além disto, de acordo com o relato de Lucas, ele estava na prisão por causa de sedição na cidade e por homicídio e, apesar das incontestáveis diferenças, o Povo preferiu crucificar O Inocente.

Sem a intenção de conceder asas a imaginação, é como se eles tivessem preferido o coelho a dar aquela importância enfatizada por João Batista, na medida que afirmava: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Já não vivemos situações tão brutais como aquelas impostas pelo Império Romano; entretanto, toda a graça do simpático coelho lembrado anualmente, adocicada pelo chocolate que o acompanha, ganharam uma posição de destaque tão elevada que, se houvesse alguma possibilidade de comparação em relação ao triste quadro do julgamento feito pelo governador Pôncio Pilatos, Barrabás seria um bom nome para tão pequenina criatura que, na mente de uma grande maioria de desinformados, ofusca a imagem do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Arrisco-me a ir mais adiante afirmando que a opção permanece disponível e é como se eu pudesse ouvir ecoar através dos tempos a mesma antiga e unânime invocação: Solta-nos Barrabás! Ou algo como “Dá-nos o coelho! Queremos o chocolate!”.

Certamente Cristo jamais subirá novamente naquela cruz; todavia, o resultado de tão estúpida escolha, lança o ser humano a condição de culpado e desesperadamente carente de arrependimento e perdão. Como está escrito: “... aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.” Jo. 19. 11; “..., vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” At. 2. 23; “...: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados,...” At. 2. 38.

Que Deus nos ajude a celebrar a Páscoa invocando Aquele que é digno de toda honra, glória e adoração, o Salvador de nossa vida, deixando evidente Quem e Qual é o símbolo da Páscoa, ontem, hoje e sempre.

Rev. Marcos Martins Dias