31 outubro 2008

NUVENS E VENTOS SEM CHUVA

“Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez.” Pv. 25:14


Eis um dos vários motivos que levaram Jesus a censurar os judeus, os quais foram comparados a uma figueira sem figos, uma videira sem frutos, uma geração que se gabava pelo extraordinário histórico que a precedia mas, que ficou marcada por desconhecer o Messias e crucificar o Filho de Deus.

É como se Salomão estivesse profetizando acerca do modo como eles se comportariam na ocasião da vinda do Messias, posto que Cristo precisou enfrentar a insensibilidade, a arrogância, a prepotência de homens que se gabavam pelos feitos de seus antepassados, ao mesmo tempo em que desprezaram e humilharam Aquele que existe antes de Abraão, que é maior do que Moisés e os profetas, Aquele a quem o apóstolo Paulo se refere dizendo: “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm. 11.36).

É como se Salomão vislumbrasse a nossa época, detectando as mesmas fraquezas evidentes na igreja que desfruta de grandes realizações ocorridas ao longo de toda a sua história e que, ao mesmo tempo, “relampeja, troveja e escurece os céus” sem, contudo, regar a terra e modificar o cenário de seu tempo, dando motivos suficientes para entrar nos anais da história e influenciar as gerações futuras.

Tais afirmações podem parecer um exagero, uma crítica pessimista sobre quem somos e o que fazemos. Todavia, à exceção daqueles que, de fato, seguem fazendo a diferença que deles se requer, os fatos apontam para uma massa religiosa que, sem os grandes feitos do passado, muito provavelmente, seria como nuvens e ventos que não trazem chuvas embora não deixe de causar algum impacto.

Isto está longe de insinuar que é preciso desprezar o precioso legado que nos foi deixado. Trata-se de uma chamada à séria reflexão sobre o que pensamos e falamos a nosso respeito, diante do que realmente somos e representamos em um mundo decadente, trabalhando e preservando o elevado nível cristão recebido como herança a fim de que os que vierem depois de nós também sejam beneficiados por nossos feitos.

Que estejamos empenhados em produzir frutos antes que eles sejam anunciados.
Rev. Marcos Martins Dias

23 outubro 2008

QUERO. MAS, NÃO AGORA.

“Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” Fp. 1:23


Pode parecer que não mas, além dos muitos problemas que a igreja vem enfrentando relacionados à evangelização, há também um fator interessante a se considerar, analisando o modo como manifestamos nossa convicção acerca da salvação.
Há muitos modos de se fazer isto. Pode-se dizer que o céu é um lugar maravilhoso, não pode ser comparado a nada jamais visto, é um lugar onde não há dor, sofrimento, tristeza, luto e que, dentre tantas outras coisas, é onde haverá paz por toda a eternidade, haverá uma indescritível alegria, a igreja estará para sempre diante do Senhor Jesus Cristo, livre de toda a maldade experimentada no mundo.
É igualmente interessante que muitos propagadores desta verdade, nem sempre param para avaliar os efeitos que estas convicções exercem sobre nós e influencia o trabalho de levar tantos outros a enxergarem as mesmas maravilhas que propagamos.
Para o apóstolo Paulo isto não foi problema. Observe que ele conduz o leitor a compreender o difícil dilema existente em sua alma, ou seja, escolher entre permanecer no mundo ou estar com Cristo. Isto está posto nas seguintes palavras: “Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.” (vs. 22).
Obviamente ele sabia que não tinha controle sobre a morte. O que está em questão é a sua sólida convicção de que “estar com Cristo” é uma realidade incomparavelmente superior a permanecer no mundo, o que ele define como “viver na carne”. Além disto, ele aponta o motivo de sua preocupação ao afirmar que sua luta resulta da consciência de que sua vida produzia fruto para o seu trabalho. E não há qualquer necessidade de definir a que tipo de trabalho e fruto ele se refere. Mesmo assim é bom lembrar que seus olhos estavam voltados para o grandioso ministério que Deus lhe confiou, aquele da reconciliação.
Agora, paremos e olhemos para nós. Se existe algum dilema envolvendo esta mesma questão, há que se concordar que não tem sido algo comum. E, em decorrência disto, além dos problemas detectados em relação àqueles cuja convicção relativa à vida eterna se enfraquece diante da vida terrena e os planos que a acompanham, da mesma forma não conseguem convencer aos outros de que estar com Cristo é incomparavelmente melhor a tudo de bom que pode ser experimentado nesta vida. Este é um modo inconsciente de dizer: “quero estar com Cristo mas, não agora”.
Enquanto isto, a igreja perde espaço para os que abraçam aquele velho adágio: “mais vale um pássaro na mão do que dois voando” ou ainda, dá ocasião para que se levantem questões como: “Se o céu é tão bom, por que há muitos que não querem ir imediatamente para lá?”. Assim, muitos vivem anunciando, de um modo comportamental, inseguramente o que por si mesmo é absolutamente certo, seguro e real.
Você pretende estar com Cristo? Gostaria de ser chamado agora mesmo? Trabalhe para que sua resposta seja sempre positiva para estas questões.

Rev. Marcos Martins Dias

16 outubro 2008

CHORE. CHORE MUITO

“Ouve, SENHOR, a minha oração, escuta-me quando grito por socorro; não te emudeças à vista de minhas lágrimas,...” Sl. 39.12

Embora a vida seja marcada por uma incessante busca por socorro, alento, encorajamento, estímulo, auto-estima, alegria e força etc., penso que muitos estão errando o caminho, seguindo em direções totalmente opostas.
Isto se conclui por uma questão óbvia. Mesmo que não haja lágrimas, estas, dentre tantas outras coisas procuradas no mundo, normalmente são precedidas por um coração que se encontra marcado pela dor, por lágrimas que não se podem ver, por situações onde o céu parece estar sempre escuro, o vento soprando forte, os temporais provocando desabamentos emocionais, psicológicos, espirituais etc. e as inundações impedindo que nos mantenhamos em pé até encontrarmos em um local seguro.
Davi, este gigante do passado, por meio de seus escritos se revela uma criança que chora copiosamente aos pés do Senhor por motivos postos de maneira clara.
No caso do texto em destaque, veja o que nos é dito: “Emudeci em silêncio, calei acerca do bem, e a minha dor se agravou”, “Livra-me de todas as minhas iniqüidades;..”, “Tira de sobre mim o teu flagelo; pelo golpe de tua mão, estou consumido.”, “Quando castigas o homem com repreensões, por causa da iniqüidade, destróis nele, como traça, o que tem de precioso...” (2, 8, 10 e 11).
As lágrimas de Davi são motivadas por questões muito diferentes de muitos que choram hoje. Na realidade, preocupa-me a insensibilidade que impede-nos de ver o quanto deveríamos chorar e chorar muito por razões semelhantes às que foram descritas.
Eis o motivo porque o consolo não vem, as saídas ficam cada vez mais distantes, o desespero ronda as nossas portas e tem-se a impressão de que Deus não está se importando com nossas lutas e sofrimentos. Entretanto, quando se derrama lágrimas por motivos certos, eis o que se descortina diante do nosso olhar: “E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança”, “Ouve, SENHOR, a minha oração, escuta-me quando grito por socorro; não te emudeças à vista de minhas lágrimas, porque sou forasteiro à tua presença, peregrino como todos os meus pais o foram”. (7 e 12).
Quando compreendemos isto, esta esperança de Davi é também a nossa esperança. Não há lágrimas derramadas em vão, não há consolo frustrado, não há desânimo e lugar para o desespero e aquele terrível sentimento de derrota.
Chore. Chore muito. Mas, lembre-se de fazê-lo, sobretudo por pecar continuamente contra Deus e por entristecê-lo com suas omissões e com suas ações. E então lembre-se que este espírito quebrantado encontrará o consolo tão desejado.
Que o Senhor nos ajude a enxergar nosso estado de alma e a buscar nEle todas as forças de que precisamos para poder continuar sem jamais desanimar.
Rev. Marcos Martins Dias

10 outubro 2008

NÃO SE DESVIARÁ DELE

“..., ainda quando for velho, não se desviará dele”. Pv. 22:6

Esta é uma das muitas promessas que fazem parte da nossa rotina de cada dia.
Talvez você pense: “Ei! Está faltando a parte inicial do versículo”. Tem razão. Preferi não colocá-la porque, embora seja muito “conhecida”, tem sido, igualmente, muito negligenciada; afinal, ensinar é uma virtude de valor (preço) inestimável. Principalmente quando este ensino diz respeito à Palavra de Deus.
Mas não é só isto. Estou falando de algo que vai muito além dos conselhos, das correções, dos “castigos”, das normas e tantas outras coisas que estão entre pais e filhos. Penso em algo que nós também julgamos saber, ou seja, segundo aquele adágio, “um gesto vale mais do que mil palavras”.
É... o desafio é tão grande que, muitas vezes dá vontade de “chutar o balde”. E não se trata de desistir de ensinar “o menino no caminho que deve andar”. Trata-se de desistir de falar aos pais que, enquanto eles não compreenderem o fato de que esta linda promessa é precedida por uma eqüitativa responsabilidade, os desajustes familiares não se limitaram apenas em bater, continuamente, a nossa porta. Eles se instalarão no melhor espaço da vida familiar, procurando aquele lugar onde deveria estar o amor e a disciplina tanto de pais como de filhos.
O fato é que muitos pais, percebendo ou não, já desistiram de perseverar no ensino que preserva a vida de um filho, contrariando a clara instrução do apóstolo Paulo, na qual nos é dito: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” Gl. 6:9; e ao fazerem isto, além de outras inumeráveis implicações que os põem em xeque diante de Deus, na prática, estão desejando para seus filhos um futuro incógnito, inseguro, preocupante, além dos malefícios já experimentados hoje, clamando em alto e bom som: “Meu Pai! Não sei mais o que faço com esse menino”, quando muitos conselheiros é que deveriam suplicar a Deus, dizendo: “Meu Pai! O que eu faço com esses pais?”
Todos nós queremos desfrutar das doces promessas das Escrituras; entretanto, é sempre bom lembrar de dar uma observada nas instruções que as precedem e, neste particular, estamos enfatizando a necessidade do ensino com a vida, através da vida e pela vida e, se for preciso, também podemos falar.
Espero que o Senhor nos dê graça para usar de honestidade em relação a nós mesmos na qualidade de pais e aos nossos filhos, a fim de que sigam fielmente, os nossos passos.
Rev. Marcos Martins Dias