27 junho 2008

FORTALECIMENTO EM FRAQUEZA

“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” 2 Co. 12:10

Na vida cristã há diversos meios de graça, os quais Deus disponibilizou para contribuírem com o processo de santificação de Sua igreja, individual ou coletivamente. Entretanto, o acesso que temos a cada um deles não significa que os manipulamos como e quando nos convém. Tudo permanece dentro daquela economia de Deus, através da qual administra sabiamente Sua majestosa Criação.
Veja o caso da oração, por exemplo. Não são poucos os que, consciente ou inconscientemente, compreendem que se trata apenas de um meio através do qual levamos a Deus as nossas petições. Todavia, como se pode notar no texto em destaque, o apóstolo Paulo, exercendo a fé implantada em seu coração, pediu insistentemente que Deus o livrasse do espinho na carne o qual foi-lhe enviado para prová-lo e, ainda que estejamos nos referindo a um homem de fé indubitável, sabemos que Deus não lhe respondeu de acordo com as suas pretensões. Pelo contrário, obedecendo ao conselho de Sua perfeita vontade, respondeu-lhe conforme está escrito: “A minha graça te basta...” 2 Co. 12:9.
Não nos surpreende perceber que, mesmo quando se trata de homens do perfil deste grande apóstolo, o Senhor tem toda a liberdade para negar-lhe um pedido?
Numa época de “determinações” e “reivindicações” apresentadas a Deus, creio que muitos deveriam rever seu conceito a respeito das bênçãos que Deus nos dá e do modo que Ele Se utiliza para nos favorecer, considerando que, ao contrário do que muitos pensam, é em momentos de fraqueza e nulidade, em situações que revelam a fragilidade humana, que Deus manifesta Sua infinita graça, fazendo forte ao cansado e multiplicando as forças ao que não tem nenhum vigor (Is. 40. 29). Nesse caso aparentemente paradoxal, nossas fraquezas são instrumentos eficazes para o nosso próprio fortalecimento, de modo que quanto menores nos sentimos, tanto mais podemos vislumbrar o caráter imenso da graça que nos envolve, conduzindo-nos a um espírito de inteira resignação e gratidão a Deus, ainda que, por algum momento, estejamos envoltos pelo pó e pela cinza à semelhança de Jó, o qual concluiu que suas provações o promoveram a um nível mais elevado que aquele anterior em que se encontrava. Isto se percebe por meio de sua célebre oração: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” Jó 42:5.
Que o Senhor nos ajude na difícil tarefa de aprender que o tão desejado fortalecimento, normalmente é precedido pela clara e dolorosa manifestação de nossas fraquezas.

Rev. Marcos Martins Dias

19 junho 2008

A CARREIRA QUE DEUS NOS PROPÔS

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,” Hb. 12.1

Durante toda a nossa vida, temos uma constante oportunidade para fazer escolhas, tomar decisões, realizar muitas coisas empregando o critério que nos parece melhor e esperando conseguir resultados que nos sejam satisfatórios. Entretanto, mesmo os projetos desenvolvidos com certa meticulosidade, podem apresentar certos riscos e culminar em resultados inesperados e insatisfatórios.
Em situações assim, é muito natural fazer certas perguntas tais como: “onde eu errei?”, “e se eu tivesse optado por outra alternativa?”, “vale a pena tentar novamente?” etc.
Estas situações são bastante comuns a todos nós, considerando que temos uma vida dinâmica e composta por etapas que, por si mesmas, se completam ou formam um quadro mais abrangente quando somadas a outros objetivos os quais envolvem toda a nossa vida, em seu começo, meio e fim.
Viver sem ter noção do(s) alvo(s) que se pretende atingir é o mesmo que considerar a própria existência desprovida de qualquer sentido e, em decorrência disto, se colocar na condição de “ver no que é que dá para ver como é que fica”, sendo movido mais por meio de reações do que por iniciativas próprias, bem fundamentadas em propósitos claros e definidos.
A vida é muito preciosa para ser desperdiçada por meio de ações desconexas e alvos indefinidos. O cristão, de um modo particular, sabe quem é, conhece sua origem bem como os seus objetivos. Sabe também que toda a sua vida obedece a um Governo que transcende a Sua compreensão, o qual é a garantia de que tudo o que se passa ao longo de sua trajetória no mundo, servirá para o seu próprio bem.
Tudo o que se requer de cada um é que seja qualificado como perseverante nesta carreira que Deus propôs, mantendo os olhos fixos em Jesus Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé, considerando que inúmeros percalços podem surgir ao longo de nossa trajetória e que não haverá atalhos para alcançar o que nos foi proposto. Desta forma, sem questionar ou relutar perante situações que nos parecem desagradáveis, permaneceremos firmes, ainda que “andando e chorando” (Sl. 126.6), sabendo que “o Senhor firma os passos do homem bom” (Sl. 37.23) e que, por meio de Sua Providência, está sempre trabalhando no sentido de “livrar-nos de toda obra maligna e nos levar salvos para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém! 2 Tm. 4:18

Rev. Marcos Martins Dias

11 junho 2008

CONCILIANDO O IRRECONCILIÁVEL

“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” Tg. 4:4

Embora o ato de tomar decisões seja uma constante em nosso dia a dia, não se discute o fato de que a maioria delas representa desafios dos quais todos gostariam de ser poupados; entretanto, um dos elementos que integram a imagem e semelhança de Deus é esta capacidade de sermos responsáveis e saber o que queremos, necessitamos, podemos, devemos fazer etc.
O simples fato de ser parte integrante do mundo e, ao mesmo tempo, não pertencer a ele, cria um contínuo estado de desconforto em decorrência das diferenças que precisam ser notadas em nós.
Isto deve ao fato de, inconscientemente ou não, assumirmos certas posturas que se mostram como uma forma de tentar conciliar o irreconciliável, ou seja, ser amigo de Deus sem, necessariamente, precisar abrir mão de compartilhar da mesma ética que se observa nos que estão no mundo e são partes intrínsecas dele, trazendo consigo um conjunto de princípios que não se orientam pelos preceitos divinos. Antes, os rejeitam e os abominam cumprindo o que foi dito pelo salmista: “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” Sl. 14:3
Tiago, sob a inspiração do Espírito Santo, enxergou este problema com muita clareza e fez esta séria advertência: “... Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”
Apesar disto, tem-se observado que inúmeros crentes desenvolvem amizades, sinônimas de cumplicidade e conivência com o pecado, desprezando as sérias implicações de tal comportamento e absorvendo as características do mundo, ao mesmo tempo em que não reúnem qualquer habilidade para exercer a função do sal e da luz, sem admitir a possibilidade de estarem tão perdidos quanto aqueles com os quais convivem em perfeita harmonia, ignorando o estado de condenação de seus aliados e procurando manter uma religiosidade, cuja superficialidade configura a tentativa de reconciliar o irreconciliável, de se declarar salvo ainda que qualificado como perdido, pelas ações que pratica.
Não há como fazer de outro jeito. Todos os que são nascidos de Deus vencem o mundo (I Jo. 5. 4) e são nitidamente diferenciados dele não por meios subjetivos e questionáveis mas, concretos e irrepreensíveis, que os configura como peregrinos e forasteiros, estrangeiros em terra estranha.
É preciso assumir uma posição sem qualquer hesitação, garantindo que, por maior que seja o preço a ser pago, não existe qualquer chance de ser amigo de Deus sem abrir mão de tudo quanto se harmoniza com a velha natureza e que contribui para uma degeneração constante e crescente.
“Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?...” Mt. 16. 26
Rev. Marcos Martins Dias