25 outubro 2007

O SENHOR É MEU PASTOR

“O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.” Sl. 23.1

O salmo 23 descreve um quadro pouco vivido em nossa época. Digo isto por causa das múltiplas incompatibilidades entre a correria nossa de cada dia, ações e reações que depõem contra a fé cristã e o cenário descrito por Davi, homem que desfrutava de uma intensa comunhão com Deus e que, embora tenha experimentado uma vida de muitos desafios, jamais perdeu de vista o fato de que seus passos sempre foram guiados pelo cajado do Senhor.
Enxergou a suficiência divina e concluiu que nunca sentiria falta de nada. O Senhor o conhecia e o chamava pelo nome, como o pastor chama as suas ovelhas, tomando-o nos braços, protegendo-o e sarando suas feridas, provendo o necessário para seu sustento, conduzindo-o por caminhos seguros, renovando suas forças, estimulando-o a seguir em frente, assistindo-o espiritual, física, psicológica e emocionalmente etc.
Sua confiança no Pastor era tão grande que mesmo o “Vale da sombra da morte” não lhe representava motivo para pânico, medo e desesperança. Por mais escuro e sombrio que lhe parecesse, a presença de Deus lhe bastaria para não temer mal nenhum.
Determinado comentarista diz que “muitos podem nos guiar até o vale; porém ao chegar lá todos voltam para trás. Só o Senhor pode continuar durante o vale e depois da morte.” Davi tinha plena consciência disto.
Foi um guerreiro valente e prevaleceu contra muitos inimigos. Fez muitos prisioneiros e reconheceu que os méritos pertencem ao Pastor; além disto, apesar de toda a experiência acumulada ao longo de sua vida, jamais abriu mão da certeza de que Deus sempre sabe o que faz e que a Sua vontade é essencialmente boa, agradável e perfeita.
Certamente faria muita diferença se, em meio às constantes adversidades de nossa vida, no mínimo, lembrássemos que somos guiados pelo mesmo Pastor e que o Seu cuidado com o rebanho permanece dentro dos padrões descritos pelo rei Davi, restando-nos a tarefa de seguir em frente e obedecer ao Seu sábio conselho e assim, descansarmos no caminho que ainda nos resta, não importando o grau e intensidade com que as lutas advirão.

Rev. Marcos Martins Dias

17 outubro 2007

É PRECISO SABER O QUE FALAR

“Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.” At. 26:28
O intrépido apóstolo Paulo precisou enfrentar inúmeros e terríveis desafios em sua viagem para Roma, com o propósito de estar diante de César para fazer sua defesa, como cidadão romano, face às acusações que vinha sofrendo e que o levaram muitas vezes para a prisão, além de submetê-lo a açoites e toda sorte de maus tratos.
Dentre os obstáculos que surgiram no trajeto, estando preso em Cesaréia, foi levado à presença do rei Agripa em cuja ocasião pediu para fazer sua defesa.
Impressiona-me o fato de Paulo, homem cheio do Espírito Santo, portador de uma mensagem que tem incendiado corações através dos séculos, ter ouvido tamanha tolice da parte de um nobre, considerando que a profundidade de seu ensino não deixa nada a desejar, sendo riquíssima em conteúdo e um verdadeiro compêndio teológico que expressa com muita clareza os ensinamentos recebidos por Jesus.
Apesar disto, Agripa, presunçosa e arrogantemente, define seu discurso como sendo insuficiente para persuadi-lo. Paulo, entretanto, em sua humildade, prossegue dizendo: “...: Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.” At. 26:29 .
O tempo passou e além da arrogância de Agripa estar presente na era pós-moderna, ainda temos um outro terrível adversário pra enfrentar: a falta de conteúdo na pregação do Evangelho, em muitos lugares e por todo o mundo todo.
Não é difícil encontrar discursos vazios, os quais são merecedores da crítica que Paulo recebeu. Mas, este não é o ponto nevrálgico de minhas argumentações. O problema é analisar passado e presente e concluir que, se a enriquecedora pregação de Paulo foi desprezada e considerada insuficiente para convencer aquele nobre, mas terrível pecador, então, pense o nível em que podemos colocar a nossa pregação. Por essa e por outras tantas razões, sem dúvida nenhuma, é preciso saber o que falar.
Graças a Deus, a tarefa de sensibilizar um coração empedernido, abrir olhos e ouvidos vedados para a sublimidade do Evangelho são uma tarefa essencialmente divina, deixando pra nós a responsabilidade de ter e saber o que falar, lembrando que a mais profunda e abrangente exposição das Escrituras poderá ser qualificada como sendo “pouco” quando o receptor, além de não ter qualquer relação com a realeza, em nada tem seu coração diferente do inflexível rei Agripa.
Cumpramos a tarefa de conhecer o que precisamos falar e deixemos o resultado nas mãos dAquele que exerce domínio sobre todo coração.

Rev. Marcos Martins Dias

11 outubro 2007

ONIPRESENÇA IGNORADA

“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.” Sl. 139. 7 - 10

Entre os atributos que Deus decidiu compartilhar (fazer conhecidos), a Onipresença é um dos mais conhecidos entre os homens.
À exceção dos que se dizem ateus, qualquer pessoa, por mais simples que seja, não hesita em confirmar que Deus está em todo lugar.
A questão que me impressiona é que tal “entendimento”, normalmente, não tem demonstrado qualquer diferença no comportamento humano. Digo isto porque, ao examinarmos as Escrituras, percebemos o constante impacto que as manifestações de Deus causavam, levando o homem a sentir-se constrangido, insignificante e a agir com uma reverência e grande temor que não se vê há muito tempo. Não somente isto, mas também uma confiança invejável, uma tranqüilidade inexprimível, aquela paz que excede ao entendimento, uma segurança que excede ao vale da sombra da morte gerados pela certeza de que Deus é sempre presente.
É, no mínimo, perturbador, verificar que as atitudes de nossa geração refletem muito mais uma certa indiferença diante da realidade de que Deus é Deus Onipresente e que, nem de longe, pode ser comparada ao comportamento de nossos antepassados, levando-me a concluir que embora, na teoria, afirme-se crer que Deus está em todo lugar, na prática, Ele tem sido ignorado de muitas maneiras.
Isto pode ser posto de um modo bem simples. Basta refletir sobre o tempo, o modo, a postura, a atenção, a importância etc. que são dedicados a Deus em nosso dia a dia e, então, não haverá para onde fugir. Concluiremos que o relacionamento com a criatura, frágil, mortal, limitada ao tempo e ao espaço é, por menor que seja, muito maior que o que se faz diante da realidade de que Deus está sempre conosco.
Indo um pouco adiante, chegaremos a conclusões mais inquietantes. A consciência de que Deus está sempre presente deveria nos levar a um cuidado contínuo com o que falamos, fazemos ou deixamos de fazer e, além disto, a ter a mínima consideração, utilizando todo o tempo necessário para ter uma boa conversa com Ele, uma vez que, em tudo, somos dependentes de Suas sábias decisões, de Seu conselho, de Seu governo, e que estamos, continuamente, sob Sua avaliação.
A exortação registrada em Crônicas cabe pra todos nós: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” 2 Cr. 7:14
Sejamos sinceros e verifiquemos se a Onipresença de Deus tem sido tratada com grande temor e tremor ou se temos ignorando Aquele que é suficientemente poderoso dirigir nossos passos, pra salvar ou para condenar as nossas vidas.

Rev. Marcos Martins Dias

04 outubro 2007

CANSADOS E FRUSTRADOS

“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” Gl. 6. 9

Os termos empregados no texto acima têm relação com o dia a dia de alguém que lida com o cultivo de terras, plantando e colhendo. O versículo anterior reforça este argumento ao empregar os verbos “plantar” e “colher”, além da expressão “frutos” utilizada um pouco antes. Entretanto, não é preciso ter alguma formação teológica pra perceber que o que está em questão é muito mais do que isto. Ao utilizar os vocábulos “carne, corrupção, Espírito e vida eterna”, o apóstolo Paulo mostra claramente a figura de linguagem da qual se utiliza para levar os leitores a compreenderem uma doutrina incomparavelmente mais profunda.
Basta dar uma verificada no texto e o veremos falar sobre questões éticas ligadas ao versículo acima. Ele define as obras da carne como sendo “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas”, ao mesmo tempo em que aponta para os frutos do Espírito como sendo “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.
Sua palavra encorajadora garante que, os que não se cansam de fazer o bem, semeando para o Espírito, certamente ceifarão se não desfalecerem; mas, é perfeitamente natural concluir que o contrário também é verdadeiro, ou seja, assim como tem sido tão comum desistir de uma boa semeadura, cansando-se muito depressa de fazer as coisas que valem a pena e que estão intimamente ligadas à vida eterna, assim também é preciso lembrar que não se pode esperar uma boa ceifa face ao que se planta; ao contrário, é muito mais coerente se preparar para uma grande e terrível frustração, seja nesta vida ou naquela que está por vir.
Poderia haver muitas explicações para a nossa insistência em coisas temporais que nos cansam mesmo sem provocar algum tipo de desistência, ao passo que, igualmente, muitos são levados a se cansarem de uma boa semeadura, deixando trabalhos inacabados e se esquecendo que não somente já estão colhendo os frutos do que plantam, como hão de ceifar todos os resultados de tudo quanto fizeram ao longo de suas vidas, vivendo decepcionados e caminhando para algo ainda pior.
Creio que a seriedade deste assunto deveria, no mínimo, nos levar a refletir em nossas prioridades e também a seguir a orientação do apóstolo Paulo, não desistindo do bem, porque “a seu tempo” ceifaremos; seja aqui e agora, um bocado aqui e outro acolá, como também no último dia, em nosso acerto final de contas.

Rev. Marcos Martins Dias