28 setembro 2007

NÃO DESANIME. APENAS TRABALHE

“ ...: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.Mc. 4. 26 e 29

Há algumas formas de se interpretar esta parábola. No entanto vamos trabalhar com a maneira como João Calvino a compreendeu.
Na sua opinião, o semeador é comparado aos ministros que semeiam a Palavra. Eles não devem desanimar quando não conseguem ver resultados imediatos. De acordo com o ensinamento de Jesus, eles devem ser pacientes e sempre devem se lembrar do processo de germinação, como ocorre com as plantas.
Seu trabalho é muito simples. Depois de pregar o Evangelho, não devem se desgastar e se inquietar com os resultados que surgirão. Devem dormir à noite, levantar pela manhã e fazer tudo o que há para ser feito. Da mesma forma como a semente chega a ser uma planta viçosa, assim também o fruto do trabalho do pregador virá. Os ministros do evangelho devem ter coragem e continuar sua obra decidida e confiantemente.
É claro que cada crente é um semeador e, nesse caso, a aplicação também pode se direcionar para cada um de nós, observando a recomendação do apóstolo Paulo, ao abordar sobre esse assunto (vd. II Co. 9. 10; Gl. 6.8). Assim sendo, todo crente deve descansar na promessa de que “aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até ao dia de Cristo Jesus” (Fp. 1.6).
O lavrador é um instrumento para lançar a semente e, observar todos os cuidados necessários para, no tempo certo, desfrutar da colheira, cf. Tg. 5.7.
Com certeza, a paciência não é uma virtude muito comum. Até que Cristo venha, muitos ainda viverão inquietos por uma simples questão chamada “resultados”. Por mais que se diga que eles dependem inteiramente de Deus, não faltará quem lance sobre os homens a responsabilidade de produzir os resultados.
Infelizmente esta é uma confusão muito comum. Responsabilizar pela produção de resultados e, nem sempre, focar-se no que é fundamental, ou seja, a realização de um bom trabalho. Mas a cobrança não pára por aí. Deus mesmo é alvo desta inquietação humana, na medida que esperamos que Ele faça as coisas no nosso tempo e do nosso modo. João fez menção disto em Ap. 6. 9 – 11. Note que a resposta dada é que eles devem esperar por um tempo. O tempo de Deus.
É Deus quem está no comando e determina quando e como será o resultado do plantio. A nós compete realizar o trabalho de semeadores e confiar que Deus é Quem dará os resultados, sem esquecer que Deus não tem o dever de nos livrar de colher frutos amargos se as sementes que semeamos não tiverem boa qualidade.
Rev. Marcos Martins Dias

21 setembro 2007

EVANGELIZAÇÃO EM CRISE

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mt. 28. 19 e 20

Se eu disser que muita coisa mudou na igreja cristã desde que esta ordem foi dada, não estarei dizendo nada que os cristãos já não saibam. No entanto, isto não quer dizer que compreendemos a dimensão do problema que se estabeleceu ao longo dos séculos e que, em decorrência disto, estejamos tomando as devidas providências.
Olhe ao redor! O comportamento que se nota está muito mais para uma espécie de “vinde à igreja...” e “torne-se membro dela”; expressões estas que lançam sobre o perdido uma atitude que, de algum modo, anula o nosso compromisso com a evangelização, cujo imperativo envolve “ir, fazer discípulos, batizar e ensinar”.
Não tenho dúvidas sobre o empenho de muitos irmãos e instituições voltado para a evangelização; entretanto, mesmo as estratégias praticadas estão muito longe de se enquadrarem na ordem transcrita acima. Refiro-me a fazer mais do que distribuir folhetos, promover campanhas missionárias, orar, manter, enviar missionários etc. A questão diz respeito ao compromisso pessoal que tenho de ter um caráter que sirva como modelo para que outros conheçam o evangelho, se arrependam, sejam batizados e doutrinados, nos moldes de I Pe. 2.9.
Se você pensa que estou questionando métodos de evangelização e de ação missionária, então não me fiz entender corretamente. Estou tentando ir muito além destas medidas importantes e necessárias, buscando apontar para as mentes já esclarecidas e alcançadas pela legítima transformação ocasionada pelo Evangelho, o quanto podemos ter nos distanciado desta ordem simples mas, desafiadora.
É o mesmo que ter a intrepidez do apóstolo Paulo e dizer: “sede meus imitadores...” I Co. 4. 16 e 11. 1. É sair do conforto de nosso ajuntamento solene e enfrentar toda a pressão imposta pelo mundo aos que foram enviados para fazer diferença, influenciando por suas vidas e impedindo, dentro do possível, o avanço da maldade que, tal como verdadeiros tsunamis, seguem devastadoramente, invadindo inclusive os limites da igreja, agigantando o velho problema dos lobos e ovelhas.
Eis mais um elemento da vida cristã que carece de uma sincera e profunda reflexão a fim de que a ordem seja obedecida e o nome de Cristo seja glorificado.

Rev. Marcos Martins Dias

17 setembro 2007

EXEMPLO DE SERVIÇO

“Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” Jo. 13. 14 e 15

Embora estejamos bem familiarizados com este texto e, de algum modo, também já nos tenhamos nos acostumado com a palavra “servo”, tenho tido a impressão de que existe algum descompasso entre “conhecer” o termo e fazer jus a ele, não deixando qualquer dúvida do que, realmente, nós somos.
Numa sociedade onde todos têm problemas em maior ou menor grau, não é incomum voltar a maior parte da atenção pra nós mesmos, em relação a sermos servidos no que desajamos e nas coisas que achamos necessárias.
Quando isto acontece, há um grande risco de se perder de vista o verdadeiro sentido de “servir”. Percebendo ou não, nos arremetemos para um extremos totalmente contrário ao que cremos defender e assumimos uma posição oposta àquela esperada de cada cristão.
Deste modo, o ensino deixado pelo Senhor Jesus se inverte na medida que muitos líderes avaliam sua capacidade pelo nível em que são servidos, determinando aos outros o que fazer, baixando normas, debruçando sobre projetos, reivindicando um conhecimento “geral” mais elevado, um índice maior de experiências acumuladas, subjugando pessoas a cumprirem seus caprixos, abandonando o princípio que estabelece para o “maior” a condição de “menor” e ao que dirige o dever de servir (Lc. 22.26).
Se cada crente já tivesse assimilado, de fato, o que este ensino representa, o cristianismo ganharia uma força tal qual não se vê há séculos; entretanto, uma espécie de misto entre o velho escolasticismo e um tipo de nobreva forjada que nada mais serve a não ser pra encobrir o conforto que se desfruta ao sentir-se no poder, entre algum tipo de elite isolada de uma maioria que deve se colocar na obrigação de servir, acatar, fazer sem questionar, seguindo o antigo e terrível princípio do “faça o que eu mando mas, não faça o que eu faço”.
Com Cristo não é assim. A ordem é fazer o que Ele manda assim como Ele também fez. Seguindo neste sentido, tanto a liderança de determinado grupo, como cada cristão poderá reproduzir em si mesmo as seguintes palavras do apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” 1 Co. 11:1.
Investiguesmos se há em nós qualquer condição para que sejamos considerados verdadeiros servos, de acordo com o que nos é ensinado pelo Mestre.

Rev. Marcos Martins Dias

15 setembro 2007

PERSEGUINDO A PAZ E A SANTIFICAÇÃO

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,” Hb. 12.14

As Escrituras estão repletas de advertências claramente apontadas para a igreja em relação ao que deve ser feito com vistas à concretização do Grande Dia em que ela deverá estar diante do Trono do Cordeiro para a última prestação de contas.
A paz e a santificação são partes essenciais dos elementos que devem adorna-la, preparando-a para alcançar seu alvo supremo aqui expressos por “verá o Senhor”.
Um aprofundamento maior na analise do texto nos conduz a várias questões que podem colocar-nos em xeque diante da maneira como deveríamos estar nos preparando e a realidade que contemplamos na atual trajetória que percorremos, crendo que estamos caminhando rumo aos céus.
Digo isto porque, inicialmente, tem sido muito mais comum encontrar o conhecido espírito “faccioso” censurado por Tiago (3. 13-16) do que desfrutar da paz que excede ao entendimento (Fp. 4.7).
Não posso e nem devo trair o texto, colocando com prioridade a paz entre os homens, posto que a paz com Deus é o que norteia a paz comigo mesmo e com o meu próximo. Assim sendo, qualquer análise que exclua um desses itens ficará, fatalmente, prejudicada (Tg. 3. 17 e 18).
Outro aspecto que deve ser lembrado, tem a ver com a direta associação entre a paz e a santificação. Qualquer um que pretenda estar se preparando para o encontro com Deus precisa, indiscutivelmente, passar por este processo de lapidação, sendo moldado de acordo com a santidade que se deriva de Deus. Lembre-se: “porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pe. 1:16. Sem este procedimento, fica definitivamente claro que está totalmente fora de cogitação qualquer pretensão de experimentar uma eternidade gloriosa com Deus.
Finalizo indicando a força do verbo “seguir”, o qual também pode ser traduzido por “perseguir”, considerando que, ao olhar para a igreja, constato que esta tarefa está se tornando um desafio cada vez mais gigantesco e distante, requerendo muito mais esforço do que se pode imaginar. Portanto, sondemo-nos e façamo-nos algumas peguntas tais como: estou perseguindo insitentemente a paz com todos? Estou perseguindo insistentemente a santificação? Verei, de fato, a Deus?

Rev. Marcos Martins Dias