28 maio 2007

DEBAIXO DA PONTE - UMA BOA IDÉIA

“Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR, do que grande tesouro onde há inquietação.” Pv. 15:16

Numa época de mestres, doutores e especialistas em vários assuntos, a família tem sido um dos pontos mais discutidos, explorados, preocupantes, especulativos e sem perspectivas concretas quanto ao seu futuro; e apesar de ser alvo de grandes holofotes, não são raras as situações em que ela se apresenta como uma instituição firmada sobre alicerces instáveis, configurando uma intrigante discrepância, posto que, quanto mais se sabe a respeito dela, tanto mais se erra nos esforços envidados para garantir-lhe o status de “célula mater” da sociedade.
Em outras palavras, o contraste entre famílias que se mostram estáveis e outras que se apresentam como um grupo de excluídos e marginalizados, provoca um grito inevitável que faz ecoar no mais profundo da alma um velho adágio popular: “prefiro viver debaixo da ponte”.
De algum modo isto pode fazer sentido posto que a pobreza, a exposição contínua ao perigo, a luta pela sobrevivência e, dentre outros desafios, a busca pela dignidade, são fatores que fortalecem os laços de uma família que se abriga entre caixotes, papelões, palafitas ou colunas de concretos de pontes e viadutos; a qual, apesar de não ser uma forma invejável de se viver, por vezes não é menos angustiante do que a experiência de uma família dilacerada pela concorrente rotina das faculdades, das estressantes jornadas de trabalho, do universo das ações, dos cartões de créditos, das contas bancárias, da Internet, dos celulares, dos veículos sofisticados, dos constantes transtornos gerados por um congestionado tráfego aéreo agravado por apagões, atrasos, ameaças de terrorismos e, além de tudo o que ainda se pode dizer, a falta de tempo pra se investir na própria família.
Com tudo isto e, em detrimento da miséria já constatada, a simplicidade de se viver debaixo da ponte pode parecer uma absurda alternativa diante do preço a ser pago para manter um status que encobre lares fragmentados e dilacerados.
Uma rápida olhada no texto destacado acima, conduziria a uma inevitável reflexão. Ele é reforçado por outros versículos constantes no mesmo capítulo, nos quais se diz: “Na casa do justo há grande tesouro, mas na renda dos perversos há perturbação... Melhor é um prato de hortaliças onde há amor do que o boi cevado e, com ele, o ódio... O SENHOR deita por terra a casa dos soberbos; contudo, mantém a herança da viúva... O que é ávido por lucro desonesto transtorna a sua casa, mas o que odeia o suborno, esse viverá... (vss. 6, 17, 25 e 27).”
Urge o tempo em que as providências corretas, prescritas na Palavra de Deus, precisam ser tomadas. Do contrário, não restará outra opção a não ser concluir que, de algum modo, “morar debaixo da ponte” pode ser uma boa idéia.

Rev. Marcos Martins Dias

19 maio 2007

NOSSA PRESENÇA NO LAR

“Qual ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lar.” Pv. 27:8

A figura que Salomão utilizou para representar a ausência no lar parece estar bem próxima da realidade que tomou conta das famílias desta geração.
Sem entrar no mérito das muitas explicações justificáveis, sempre será importante avaliar as situações que podem envolver uma ave que vagueia longe do seu ninho, mesmo quando seus percursos são percorridos em busca de alimento pra si mesma e pra seus filhotes, para dar provimento à estrutura de seus próprios aposentos e, dentre outros motivos, pra afugentar predadores.
Tal ave fica sempre exposta a condições climáticas desfavoráveis, à ameaça de ela mesma servir como presa para outros animais, como alvo para aventureiros e caçadores, deixando sua morada à mercê de inúmeras e perigosas circunstâncias.
Fica evidente o quanto ela precisa tratar seu ninho num duplo sentido: prestando-lhe assistência e também refugiando-se nele.
Não se discute que há perigos dentro e fora deste aconchego seja para a ave que sai ou para a ave que fica; entretanto, as dificuldades ganham força quando sua ausência se torna mais freqüente e demorada, ao mesmo tempo em que a solidão dos que ficam se agrava pela insegurança inerente aos que ainda se preparam para alçar vôo e alcançar a liberdade.
De um modo bem mais objetivo e sem minhas elucubrações hipotéticas, Salomão vai direto ao ponto, resumindo tudo isto e muito mais, na simples expressão “tal é o homem que anda vagueando longe de seu lar.”
Não é preciso se debruçar sobre algum tipo de enciclopédia pra constatar como nós estamos envolvidos por esta realidade crescente, onde o lar sequer pode ser comparado a uma parada pra “troca de pneus e reposição de combustível”. Deste modo não seria inadequado afirmar que, por necessidade ou não, o perfil atual de nossa habitação começa pela parte externa de nossos portões e se estende a todos os lugares onde podemos alcançar, gerando inúmeras dificuldades que, paradoxalmente, são a essência das múltiplas explicações utilizadas, inconscientemente, como uma enganosa camada protetora encoberta sutilmente pela inegável responsabilidade com que se deve tratar a família e também a nós mesmos, produzindo um efeito colateral que se avulta diante de olhos impotentes e que insistem em contemplar, dolorosamente, a falência múltipla dos elementos que configuram lar de nossos sonhos.
A solução pra tudo isto? Vagar menos e fazer com que os pés se aquietem muito mais. O resultado? O lar agradece e você agradecerá também.

Rer. Marcos Martins Dias

12 maio 2007

PROTEGIDOS NO LAR

“O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”. Ex. 12.13

No dia em que Deus decretou a morte dos primogênitos no Egito, os hebreus se refugiaram em suas próprias casas e ficaram livres de sofrer a décima e última praga que lhes serviria como divisor de águas separando-os da escravidão e da liberdade a ser desfrutada na terra que o Senhor prometeu dar a Abraão.
Creio que, em toda a história, nada pode se comparar à sensação de segurança trazida pelos limites que abrigavam aquelas famílias.
Deus ordenou que as ombreiras e as vergas (partes de sustentação das portas) fossem marcadas com o sangue dos cordeiros imolados para aquela ocasião.
Deste modo, todos os que estivessem da porta pra dentro, poderiam descansar tranqüilos porque a morte não adentraria seus lares, ao passo que o terror tomaria conta da parte externa habitada pelos egípcios, na medida que sofreriam a perda de todos os seus primogênitos.
Note que Deus não os tirou de lá para executar o Seu juízo. A habitação dos hebreus foi transformada num tipo de fortaleza onde não havia lugar para a condenação e onde a proteção e a garantia de salvação estabeleciam um grande contraste com a destruição que se passava ao seu redor.
Certamente que estes fatos estão carregados de uma série de significados que não devem ser desprezados e retirados de seu importante contexto; entretanto, não se pode negar que, de algum modo, há uma grande semelhança entre tudo isto e o Salmo 91.10, onde lemos: “Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.”
O ponto de convergência é a origem desta proteção. Em ambos os casos, Deus é a razão de se ter paz e segurança, ainda que o caos se estabeleça ao redor.
Não é preciso fazer muito esforço pra admitir que o que se passa do lado de fora de nossa casa está, continuamente, exposto às mais terríveis manifestações do juízo temporário de Deus. O que precisamos verificar tem a ver com o ambiente cultivado em nosso lar e se podemos considerá-lo um lugar seguro, amparado por uma divina proteção, onde se pratica os valores que nos acompanharão rumo ao lar eterno.
Que o Senhor nos ajude a fazer uma honesta avaliação de modo que nos asseguremos de que nosso lar manifesta uma divina proteção.
Rev. Marcos Martins Dias